A eficiência energética tem se mostrado uma solução atraente para empresas de diferentes portes, não apenas pela redução de custos, mas também pela contribuição à sustentabilidade.
Para contornar esse obstáculo, estratégias como contratos de desempenho e financiamento por distribuidoras de energia têm se destacado, permitindo que projetos sejam realizados sem exigir capital próprio das empresas. Ricardo Kenki, CEO da Eletron Energia S.A, durante palestra no Fórum Regional de Geração Distribuída, trouxe algumas ideias de como investir na eficiência energética, sem gastar tanto.
Contrato de performance como solução inteligente
Uma das estratégias mais eficazes para viabilizar projetos de eficiência energética, segundo o especialista, é o uso de contratos de performance. Nesse modelo, a economia gerada pelo projeto financia sua execução. Isso significa que o cliente não precisa fazer um investimento inicial.
Por exemplo, ao substituir sistemas de iluminação convencional por LEDs, o custo inicial pode ser alto, mas a economia gerada no consumo de energia pode ser usada para pagar o projeto ao longo do tempo. Esse modelo elimina o risco financeiro para o cliente, pois a empresa responsável pelo projeto se compromete a alcançar resultados específicos. Se a economia prometida não for atingida, o cliente não paga, ressalta Kenki.
Financiamento via fundos das concessionárias de energia
Outra alternativa viável envolve os recursos disponibilizados pelas concessionárias de energia elétrica por meio de programas de eficiência energética. Esses fundos, regulamentados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), utilizam parte da receita líquida das distribuidoras para financiar projetos que promovam a redução do consumo de energia, segundo Kenki.
Os recursos, geralmente disponibilizados anualmente por meio de editais, podem financiar integralmente projetos de eficiência, como a instalação de painéis solares ou melhorias em sistemas de ar condicionado. Um diferencial importante é que esses financiamentos são oferecidos sem juros, o que os torna extremamente atrativos.
Embora o processo envolva certa burocracia, como submissão de propostas e análise por parte da concessionária, a economia gerada pode compensar o esforço. Além disso, para empresas de pequeno porte ou filantrópicas, existem modalidades de financiamento a fundo perdido, onde parte do valor financiado não precisa ser devolvida.
Modelo BOT (Build, Operate, Transfer)
O modelo BOT, por outro lado, também foi citado pelo especialista. Ele acaba como uma solução inovadora para empresas que buscam evitar investimentos de capital (CapEx) e preferem operar com despesas operacionais (OpEx). Nesse formato, a empresa responsável pelo projeto realiza o investimento inicial, opera o sistema durante um período pré-definido e, posteriormente, transfere o ativo para o cliente.
A palestra completa do especialista pode ser acessada aqui:
Esse modelo é particularmente vantajoso para grandes indústrias que operam no regime de lucro real, pois permite que os custos sejam contabilizados como despesas, gerando benefícios fiscais. Além disso, a empresa contratante não assume riscos financeiros, já que o pagamento é feito com base na economia efetivamente gerada.
Por fim, vale saber que a escolha da melhor estratégia depende do tipo de projeto e do prazo de retorno sobre o investimento (payback). Para projetos com payback mais longo, como instalações solares que podem levar de cinco a sete anos para se pagarem, o financiamento via concessionárias é a melhor opção. Já para projetos com retorno mais rápido, como troca de equipamentos industriais, o modelo BOT ou contratos de performance são mais adequados.
Embora o mercado de energia solar esteja em expansão, ele é apenas uma parte do setor de eficiência energética. Existem inúmeras outras oportunidades, como otimização de processos industriais, modernização de sistemas de climatização e adoção de tecnologias da Indústria 4.0.
Um comentário em “Sem desembolsar nenhum valor: Especialistas dão dicas de como financiar projetos de eficiência energética”
Bom dia. onde encontro mais informações sobre o financiamento a fundo perdido para organizações sem fins lucrativos? Obrigado