Transição energética do setor de transporte trará demanda extra de infraestrutura, aponta Anfavea
O Brasil deverá investir R$ 14 bilhões em infraestrutura de recarga para veículos elétricos até 2035, afirmou o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Marcio Lima Leite, durante a primeira edição do Electric Days no Brasil, realizada em 26 de junho em São Paulo (SP).
“Espera-se que essa transição tecnológica tenha um impacto para o setor na ordem de R$ 250 bilhões em gasto adicional decorrente da infraestrutura até o ano de 2035. Somente para carregamento, serão R$ 14 bilhões”, projetou o dirigente.
Um estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), divulgado no início do ano, apontou que a frota de veículos elétricos do país deve ultrapassar 1 milhão de unidades em 2030. O dado contempla veículos leves híbridos (HEV) e a bateria (BEV). Conforme dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), a frota de carros leves eletrificados do país superou 158 mil unidades ao final de junho de 2023.
A EPE avalia que, entre os obstáculos para o avanço da mobilidade elétrica está justamente o investimento requerido em infraestrutura. O crescimento esperado da frota implicará no aumento da demanda por energia elétrica e uma maior malha de postos de recarga que possa atender o carro elétrico nas cidades e estradas.
Por outro lado, o Brasil tende a se beneficiar do potencial de geração renovável e dos recursos minerais disponíveis. “Os veículos elétricos têm uma série de vantagens relacionadas à eficiência energética e à sustentabilidade e o Brasil tem quase todos os componentes necessários para produzir uma bateria, além de ter a vantagem de possuir uma matriz energética diversificada e renovável”, destacou o vice-presidente da Ford América do Sul, Rogelio Golfarb.
O executivo relatou a reestruturação global realizada pela companhia, em que US$ 50 bilhões serão investidos até 2026 em veículos elétricos, tendência que outras montadoras também estão seguindo pelo mundo.
O diretor de comunicação e vice-presidente do Instituto Renault, Caique Ferreira, acredita que metade dos automóveis do mundo serão totalmente elétricos até 2024. “Nós enxergamos que a outra metade será composta por veículos híbridos ou a combustão”, avaliou.
Eletrificação no transporte de carga
A Anfavea aponta que, nos meses de janeiro a setembro de 2022, a venda de caminhões e ônibus elétricos a gás cresceu 386% no Brasil. Foram emplacados 534 modelos eletrificados, na comparação com os 121 registrado em 2021.
Na avaliação do diretor para sistemas de baterias da BorgWarner no Brasil, Marcelo Rezende, o mercado de elétricos deve continuar em crescimento nos próximos anos. “A visão mais agressiva de crescimento do mercado mostra que, em 2030, nós vamos ter 11% da frota eletrificada”, destacou.
Com isso, Rezende reforçou, por sua vez, que a transição para a eletromobilidade pode ser protagonizada pelos veículos de transporte de cargas e passageiros, sobretudo comerciais leves e ônibus. “Responsável por 70% das emissões dos transportes rodoviários, essa transição permitirá uma grande contribuição para a redução da emissão de carbono”, apontou.
“Além disso, o transporte de cargas e passageiros possui modais mais organizados e previsíveis, permitindo a ampliação do acesso a serviços e tecnologias de ponta a um maior público e contribuindo para o desenvolvimento urbano”, avaliou.
