Estudo mostra o motivo da energia do brasileira ser barata, mas a conta de luz para o consumidor ser cara, veja
Especialistas no setor elétrico são unânimes em dizer que o Brasil é o país da energia barata e da conta de luz cara – e o fator-chave por trás desse fenômeno é o acúmulo de subsídios. Esses incentivos, bancados pelos consumidores, mais que dobraram em cinco anos e já representam 13,5% da fatura mensal.
“Esse é o nosso paradoxo e não é de hoje. O nosso custo de geração de energia está entre um dos mais baixos do mundo. Ocupamos a terceira posição global em capacidade instalada de fontes renováveis, atrás apenas de China e Estados Unidos. Mas a nossa conta de luz é uma das que mais pesam no bolso do consumidor”,
afirma Katia Rocha, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Como os Subsídios Afetam a Conta de Luz?
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) revelou que os subsídios mais que dobraram em cinco anos, alcançando R$ 40,3 bilhões em 2023 – equivalendo a todo o orçamento do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional. Isso representa mais de 13% do valor pago pelos consumidores na conta de luz, um aumento significante comparado a 5,5% em 2018.
O Papel da Geração Distribuída
A geração distribuída, incentivo criado para permitir sistemas de mini ou microgeração, como painéis solares, também apresenta desafios. Os subsídios para esta modalidade cresceram 11.635% entre 2018 e 2023, superando R$ 7 bilhões. Isso gerou a necessidade de grandes investimentos das distribuidoras na rede, investimentos esses que só são remunerados periodicamente.
Os incentivos para energia eólica e solar também dispararam, crescendo 171% nos últimos cinco anos. “Qualquer planta nova de eólica e solar paga metade das tarifas de uso dos sistemas de transmissão e distribuição, sendo que esse já é um setor maduro, que não precisaria mais de tanto subsídio”,
afirma o professor da UFRJ Nivalde de Castro.
Em consequência, o crescimento da oferta de eólica e solar não é baseado em planejamento, mas nas vantagens oferecidas pelos incentivos, obrigando o Operador Nacional do Sistema (ONS) a realizar cortes de carga.
O Desafio de Reformular o Setor Elétrico
O Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que um projeto de reformulação do setor elétrico será apresentado até setembro, abordando a questão dos subsídios. Mas a reestruturação completa ainda enfrenta desafios significativos perante o Congresso, que influencia a política energética por meio de emendas incluídas em MPs e projetos de lei.
Em resumo, o Brasil continua a enfrentar o paradoxo de ter energia barata, mas com alto custo para o consumidor. Reformas estruturais são necessárias para racionalizar os subsídios e garantir que a tarifa de energia elétrica se torne mais justa e competitiva para todos.
- Subsídios mais que dobraram em cinco anos.
- Cifras alcançaram R$ 40,3 bilhões em 2023.
- Conta de luz mais cara devido ao acúmulo de subsídios.
- Medidas temporárias do governo não resolvem o problema estrutural.