Aviso: O preço médio dos sistemas de Geração Distribuída (GD) no Brasil subiu 1% no 3T25, sinalizando um ponto de inflexão após um período de deflação no mercado fotovoltaico.
### Conteúdo
* [Visão Geral sobre a Reversão de Custos](#visao-geral)
* [Análise Detalhada do Custo de Instalação de Painéis Solares](#analise-detalhada-custo)
* [A Dinâmica do Custo e o Efeito Cascata](#dinamica-custo)
* [O Fator Regulatório: A “Taxação do Sol” e o ROI em 2025](#fator-regulatorio)
* [Olhando o Histórico: O 1% é uma Anomalia?](#historico-anomalia)
* [Oportunidades em Meio à Pressão](#oportunidades-pressao)
Visão Geral
O cenário de deflação histórica que marcou o setor fotovoltaico brasileiro nos últimos anos acaba de registrar um pequeno, mas significativo, ponto de inflexão. Segundo o mais recente Radar Solfácil, o preço médio dos sistemas de Geração Distribuída (GD) no Brasil apresentou uma alta de 1% no terceiro trimestre de 2025 (3T25). Este aumento, embora discreto, liga o sinal de alerta para profissionais e investidores acostumados a uma curva de custos consistentemente descendente.
O indicador da Solfácil aponta que o preço médio por Watt-pico (Wp) instalado atingiu R$ 2,49. Essa variação trimestral interrompe uma sequência de quedas que vinha se consolidando ao longo de 2024 e do início de 2025. Entender os motores por trás dessa reversão é crucial para qualquer planejamento estratégico no setor elétrico. Não se trata de um mero ruído, mas sim de um reflexo das pressões macroeconômicas e logísticas.
Análise Detalhada do Custo de Instalação de Painéis Solares
A análise do custo de instalação de painéis solares exige uma lupa sobre a cadeia de valor. O mercado fotovoltaico nacional é profundamente atrelado ao câmbio, visto que a maior parte dos módulos, inversores e componentes eletrônicos são importados, majoritariamente da Ásia. Um real mais fraco frente ao dólar e ao yuan rapidamente se traduz em um aumento dos custos de aquisição para integradores e distribuidores.
É provável que a leve inflação cambial ou o ajuste nos preços globais de freight marítimo tenham sido os principais culpados por esse movimento. Mesmo uma pequena variação nos custos de logística internacional pode ter um impacto desproporcional no preço final do Watt-pico no Brasil, dada a competitividade acirrada no mercado de GD.
A Dinâmica do Custo e o Efeito Cascata
Para o profissional do setor, a alta de 1% representa uma margem de manobra reduzida. No trimestre imediatamente anterior (2T25), o preço médio havia apresentado uma queda de 3%, refletindo um período de maior estabilidade cambial e excesso de estoque. A reversão para R$ 2,49/Wp mostra que o mercado está sensível e rapidamente reage a qualquer desequilíbrio na equação de suprimentos.
O preço por Wp é a métrica mais relevante para comparar a viabilidade econômica entre projetos. O fato de ter subido, mesmo que pouco, sugere que a margem dos integradores, que já é apertada, está sob nova pressão. Ou, alternativamente, que a demanda interna continua robusta o suficiente para absorver um pequeno aumento sem comprometer o volume de instalações de painéis solares.
É imperativo lembrar que o mercado fotovoltaico opera com grandes volumes, e os insumos são cotados internacionalmente. A pressão por componentes de maior eficiência e potência, como os módulos bifaciais ou de alta performance, também pode elevar o custo médio. Investidores devem monitorar não apenas o preço final, mas a tecnologia que está sendo entregue por esse novo patamar de R$ 2,49/Wp.
O Fator Regulatório: A “Taxação do Sol” e o ROI em 2025
A alta no custo de instalação ganha uma camada extra de complexidade ao ser analisada em conjunto com o marco regulatório da Lei 14.300/22. Em 2025, entra em vigor uma nova fase da cobrança pelo uso da rede, popularmente conhecida como “taxação do sol”. Especificamente, a taxa incide sobre o Fio B, o componente tarifário relacionado aos custos de distribuição.
A partir de 2025, a alíquota de taxação para sistemas instalados após 7 de julho de 2023 é de 45% do valor do Fio B. Esse aumento no custo regulatório, somado à alta de 1% no custo de capital (CAPEX), exige uma recalibragem urgente nos modelos de Retorno sobre Investimento (ROI) de novos projetos.
Profissionais de finanças do setor devem refinar as simulações, considerando que o tempo de payback para alguns segmentos, especialmente o residencial, pode se estender ligeiramente. A combinação de um CAPEX sutilmente mais caro com uma redução no benefício da compensação de energia exige maior rigor na escolha de equipamentos e no dimensionamento.
Entretanto, é fundamental manter a perspectiva. A economia de energia gerada pelos sistemas fotovoltaicos continua sendo extremamente atraente diante das tarifas tradicionais de eletricidade no Brasil, que frequentemente sofrem reajustes acima da inflação. A solar ainda oferece uma excelente proteção contra a volatilidade do mercado de energia.
Olhando o Histórico: O 1% é uma Anomalia?
Apesar do leve aumento no 3T25, o panorama de longo prazo para o setor de Geração Distribuída (GD) é de barateamento. Para se ter uma ideia, o preço por Wp no terceiro trimestre de 2023 era de R$ 3,17, o que representou uma queda de 11% frente ao trimestre anterior na época. O patamar de R$ 2,49/Wp, mesmo com a alta recente, mostra que o custo do solar caiu drasticamente nos últimos dois anos.
O 1% de alta deve ser visto, portanto, como uma correção pontual impulsionada por variáveis externas, e não como uma mudança de trajetória. O desenvolvimento tecnológico, a produção em escala na China e a crescente concorrência entre distribuidores no Brasil continuam sendo forças estruturais de longo prazo que empurram os preços para baixo.
Para o setor de energias renováveis, essa estabilidade em um patamar baixo de custos é o que garante a competitividade da fonte solar contra termelétricas e outras formas de geração. O Brasil, que ultrapassou a marca de 3 milhões de sistemas de GD conectados, tem sua expansão garantida pela economia de escala e pela irradiação solar privilegiada.
Oportunidades em Meio à Pressão
A Solfácil, ao divulgar o Radar, fornece um mapa de calor crucial para a tomada de decisão. Integradores precisam reagir a essa alta com inteligência. A estratégia não deve ser apenas repassar o custo, mas buscar otimização na compra e na eficiência operacional. Negociações mais agressivas com fornecedores, otimização logística e aprimoramento da mão de obra de instalação podem neutralizar o aumento de 1%.
Os financiadores, por sua vez, devem considerar o risco cambial e a taxa de juros mais cuidadosamente em seus produtos de crédito. A Solfácil, sendo um player importante no financiamento, entende que a atratividade do produto final depende da manutenção de um ROI competitivo, mesmo com custos de capital marginalmente superiores.
No segmento C&I (Comercial e Industrial), a alta é diluída pelo tamanho dos projetos, mas a precisão do orçamento é igualmente vital. A eficiência na fase de projeto, garantindo o máximo desempenho da irradiação local, torna-se ainda mais valiosa quando o custo de instalação de painéis solares sobe.
Em suma, a leve alta no 3T25 é um lembrete de que o mercado fotovoltaico não está imune às dinâmicas globais. Embora a tendência de longo prazo seja favorável, os players do setor elétrico devem se manter vigilantes. O preço de R$ 2,49 por Wp não é um obstáculo, mas sim um novo piso que exige maior acuidade na gestão de custos e nos modelos de financiamento para assegurar que a energia solar mantenha seu ímpeto de crescimento no Brasil.
























