A conservação de 52 mil hectares no Amazonas e em Rondônia alia preservação ambiental, impacto social e bioeconomia, em parceria com comunidades locais e empresas privadas
O Future Climate Group avança no combate ao desmatamento e na promoção da bioeconomia com o Projeto REDD+ Rio Madeira, que protege mais de 52 mil hectares de floresta na região Amazônica, nos estados do Amazonas e de Rondônia. A iniciativa, desenvolvida em parceria com os grupos Rovema, Leite e Tupá, não apenas evita o desmatamento, mas também ativa cadeias produtivas sustentáveis, gera créditos de carbono e promove melhorias sociais nas comunidades da área envolvida.
Desde o início de suas operações, em 2019, o Projeto Rio Madeira já evitou o desmatamento de 6 mil hectares de floresta, o equivalente a 11% da área total protegida. Essa conquista se dá em um contexto muito desafiador: a região enfrenta ameaças como grilagem de terras, roubo de madeira e incêndios florestais. O desafio constante é manter a segurança e a vigilância nas propriedades participantes, localizadas ao longo da BR-364, entre Rio Branco (AC) e Porto Velho (RO), para evitar a entrada de pessoas que podem ameaçar a floresta.
As ações de conservação são sustentadas por certificações rigorosas, a Verified Carbon Standard (VCS) e a Climate, Community and Biodiversity Standard (CCB), que garantem a integridade dos créditos de carbono gerados e asseguram a precisão e a confiabilidade dos dados.
Créditos de carbono e impacto social
O sucesso do projeto está baseado no modelo de geração de créditos de carbono de alta integridade, o que tornou possível a venda de créditos de carbono para uma empresa europeia. A receita é dividida proporcionalmente entre os grupos parceiros, conforme a área florestal de cada propriedade. Esses recursos financiam não apenas as atividades de conservação, mas também despesas de vigilância, auditoria e ações comunitárias.
“O Projeto Rio Madeira é um exemplo claro de como iniciativas bem estruturadas de conservação podem aliar impacto ambiental positivo a resultados concretos para as comunidades envolvidas”, afirma o CEO do Future Climate Group, Fábio Galindo. “Além disso, a geração e a comercialização de créditos de carbono da iniciativa não apenas demonstram o valor econômico da preservação da floresta, mas também reforçam o papel estratégico da Amazônia no combate às mudanças climáticas globais”, comenta ainda o CEO.
Até o final de 2025, cerca de R$ 2,5 milhões serão aplicados em iniciativas socioambientais, ações de monitoramento e no combate ao desmatamento ilegal. Entre as iniciativas previstas para este ano, estão: capacitações para coletores de castanha sobre boas práticas de manejo; melhorias em escolas locais; e parceria técnica com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
Duas escolas públicas rurais do interior de Porto Velho têm recebido melhorias importantes como parte das ações socioambientais do projeto. A Escola Municipal Flor do Cupuaçu, por exemplo, já conta com nova infraestrutura elétrica, acesso à internet via satélite e uma horta pedagógica, que já começou a abastecer a merenda escolar com alimentos frescos e cultivados pelos próprios alunos e professores. Em breve, também será inaugurada uma sala de informática.
Na Escola Municipal Marechal Rondon, as ações começaram com atividades de educação ambiental em comemoração ao Dia da Biodiversidade, promovendo o contato dos estudantes com temas ligados à conservação e ao cuidado com a natureza. Assim como na Flor do Cupuaçu, uma sala de informática também será instalada, beneficiando ao todo cerca de 240 alunos e professores das duas instituições.
Além das escolas, o Projeto REDD+ Rio Madeira também apoia o projeto Guerreiros da Natureza, uma iniciativa de inclusão social por meio do karatê, voltada a crianças e adolescentes da comunidade rural Morrinhos, no interior de Porto Velho.
“Nós trabalhamos em conjunto com as comunidades locais e realizamos consultas públicas para assegurar que as iniciativas atendam às suas necessidades de maneira justa e inclusiva. Com o fundo socioambiental do projeto, conseguimos financiar ações que geram impactos duradouros, priorizando os grupos mais vulneráveis”, explica o coordenador de Projetos do Future Climate Group, Gabriel Piza.
Biodiversidade protegida e ciência
Outro destaque do projeto é a proteção da rica biodiversidade amazônica. Um levantamento realizado pela empresa Ambiens registrou mais de 200 espécies de fauna na área do projeto. Inclusive, foi feito o primeiro registro da ave Tiriba-rupestre (Pyrrhura rupicola) no Estado do Amazonas. O projeto também documenta espécies ameaçadas de extinção e busca compartilhar seus dados com a comunidade científica para fomentar novas pesquisas.
Até o momento, foram identificadas oito espécies ameaçadas, como o Macaco-aranha-da-cara-preta (Ateles chamek), na lista de espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, em inglês).
Governança e perspectivas futuras
A governança do projeto é feita de forma conjunta entre o Future Climate Group e os grupos Rovema, Leite e Tupá. Além de contribuírem com a conservação de suas áreas, as empresas desempenham um papel ativo no engajamento com atores locais, como escolas, cooperativas e órgãos ambientais.
A parceria entre o Future Climate Group e os proprietários prevê a conservação das áreas por 100 anos, garantindo que as iniciativas tenham impacto a longo prazo. Com base nos resultados do Projeto Rio Madeira, o modelo deverá ser replicado em outras regiões da Amazônia, como Mato Grosso e Pará, ampliando as ações de conservação lideradas pela Future.
Até o final de 2025, período final da compra dos créditos de carbono, o projeto continuará focado em ampliar as cadeias de bioeconomia, mensurar a biodiversidade local e reforçar o suporte às comunidades. O objetivo é garantir que cada crédito gerado evite o desmatamento, mas também promova desenvolvimento sustentável na Amazônia.