Governo e empreendedores juntos na busca por soluções para os cortes na geração de energia renovável – curtailments

O setor de energia renovável no Brasil, que inclui fontes como a solar e a eólica, está enfrentando um desafio significativo devido aos cortes na geração de energia. Esses cortes, conhecidos tecnicamente como curtailments, são realizados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) por vários motivos, incluindo limitações na rede de transmissão, necessidade de garantir estabilidade no sistema e falta de consumo suficiente para absorver toda a energia gerada. Recentemente, o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, destacou que os cortes na geração de energia renovável não devem ser responsabilidade exclusiva dos empreendedores, mas sim uma responsabilidade compartilhada entre os empreendedores e o governo.

O Papel do Governo

De acordo com Feitosa, o governo também precisa assumir parte do risco, considerando que foi o próprio poder público que incentivou fortemente o crescimento do setor de energia renovável nos últimos anos. Ele argumentou que o curtailment é um risco inerente a um mercado liberalizado e que isso precisa se refletir nos preços. Além disso, o governo deve atuar para reduzir os impactos desses cortes, que têm causado desperdício de energia solar e eólica, além de prejuízos bilionários às geradoras.

Consequências e Respostas

Os cortes na geração de energia renovável têm aumentado significativamente nos últimos meses, levando a um cenário em que o governo precisou criar um grupo de trabalho para buscar soluções para reduzir esses cortes. Esse grupo de trabalho tem o objetivo de encontrar maneiras de minimizar os impactos dos cortes, que já motivaram processos judiciais por parte dos geradores, que pedem compensações pelas perdas causadas pela energia desperdiçada.

Posição da Aneel

A Aneel defende que os ressarcimentos sejam limitados, pois esses custos acabam sendo pagos por todos os consumidores na conta de luz. Feitosa reforçou esse ponto, afirmando que não se pode cobrar do consumidor por uma energia que ele não consumiu. No entanto, ele sinalizou que os custos relacionados aos cortes poderão ser considerados nos próximos leilões de energia para distribuidoras, impactando também o mercado livre de energia.

Futuro do Setor

Por fim, o diretor da Aneel destacou que o uso de baterias será essencial para o futuro do setor de energia renovável, ajudando a equilibrar o cenário de geração e consumo de energia. Além disso, Feitosa destacou que o Brasil expandiu rapidamente a geração renovável sem que houvesse demanda proporcional para consumir toda essa energia, o que torna necessário encontrar soluções para otimizar a geração e o consumo de energia renovável.