Câmbio abaixo de R$ 5,00 torna usinas de geração centralizada mais competitivas no país; impactos da reforma tributária preocupam setor
A perspectiva do dólar estabilizado abaixo de R$ 5,00 deve favorecer o desenvolvimento de projetos de geração solar centralizada e tornar a fonte mais competitiva no Brasil em 2024. A avaliação foi feita pelo sócio-fundador e diretor da Watt Capital, Eduardo Tobias Ruiz, durante evento promovido pela Trina Solar em São Paulo (SP).
O mercado de energia solar é diretamente influenciado pelas oscilações da moeda dos Estados Unidos, em razão da dependência do frete internacional e das importações de equipamentos e componentes, incluindo painéis fotovoltaicos. Conforme as últimas projeções do Boletim Focus do Banco Central, o dólar deve encerrar o ano no patamar de R$ 4,93.
Tobias destacou que, em anos recentes, quando a moeda apresentou uma maior volatilidade e cotação acima de R$ 5, foi possível perceber uma diminuição da competitividade relativa à energia solar.
Nos últimos cinco anos, o dólar teve uma valorização de 60,77% frente ao real, contribuindo para o encarecimento da energia e para o aumento da inflação. Já em 2023, a moeda norte-americana terminou em queda, com o acumulado do ano desvalorizando 8,06%.
Em contrapartida, Tobias ressaltou que a reforma tributária, aprovada em dezembro, pode desfavorecer projetos de geração centralizada, pois é provável que haja um aumento da tributação sobre a receita. “Aqueles projetos em geração centralizada em alta produção, que antes não eram tributados, vão ser, e isso traz perspectiva de um impacto negativo.”
Cenário de melhora para a geração distribuída
Em 2023, a geração solar distribuída foi fortemente impactada por questões macroeconômicas e por mudanças regulatórias, conforme pontuou Márcio Takata, CEO da Greener. No entanto, devido às perspectivas de melhoria dessas condições e da evolução da tecnologia, o executivo enxerga uma retomada significativa desse mercado em 2024.
“Eu diria que 2024 vai ser o ano da GD remota em volume de instalações e de investimentos. Em 2023, nós já estávamos vendo uma importante aceleração e, em 2024, nós devemos ver um volume muito significativo de novos negócios e de implementações para atender sobretudo a GD remota”, disse Takata.
A GD remota se refere ao consumo de energia produzida por sistemas fotovoltaicos instalados em local diferente da unidade de consumo, porém, dentro da mesma área de concessão. Isso ocorre dentro de duas modalidades: o autoconsumo remoto e a geração compartilhada. Essa última é a que viabiliza o modelo de solar por assinatura.