Transição energética no setor de transporte traz grandes implicações para fabricantes de componentes e na qualificação de operários, mostra pesquisa da IEA
A descarbonização do transporte e o crescimento das vendas de carros elétricos está transformando a força de trabalho da indústria automotiva global, mostra estudo da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês). A mudança traz grandes implicações para fabricantes de componentes e exigirá investimentos na cadeia de fornecimento e na qualificação de novos operários.
Conforme a pesquisa, o número de empregos na indústria automotiva caiu de forma acentuada no mundo durante o período de pandemia de Covid-19, juntamente com as vendas de veículos. Em 2022, os postos de trabalho foram apenas parcialmente recuperados para 11,8 milhões e as vendas permaneceram abaixo dos níveis de 2019.
Diante das tendências atuas, a expectativa da IEA é que a força de trabalho retorne aos níveis pré-pandemia em 2023. Esse cenário médio global esconde importantes dinâmicas regionais. Enquanto os empregos seguem em baixa nas economias avançadas, países emergentes e em desenvolvimento seguem ganhando participação de mercado.
Atualmente, os maiores produtores de automóveis são a China, Europa, outros países da Ásia-Pacífico e América do Norte.
Nova realidade
O rápido crescimento nas vendas de veículos elétricos está transformado a força de trabalho da indústria automotiva. Os eletrificados representaram quase 15% das vendas globais de carros em 2022, cerca do dobro de apenas dois anos atrás. Excluindo a produção de baterias, os trabalhadores do setor de carros elétricos correspondem a 8% da força de trabalho total da indústria automotiva. Em 2019, esse percentual era de 2019.
A relação de operários para vendas de carros elétricos é relativamente alta, conforme o setor constrói a força de trabalho necessária para projetar e fabricar os veículos que serão vendidos nos próximos anos.
A transição para carros elétricos traz grandes implicações para os fabricantes de componentes automotivos, que estão incluídos nesses números totais de empregos. Os eletrificados têm menos peças mecânicas que carros a combustão, mas necessitam de baterias e outros sistemas relacionados.
Novas fábricas de baterias estão sendo desenvolvidas em todo o mundo, com a capacidade produtiva avançando 50% em 2022 e os empregos crescendo em quase 20%. Enquanto a China segue dominando a cadeia de fornecimento de baterias, investimentos de mais de US$ 73 bilhões nessa indústria estavam em andamento em 2022, impulsionados pelo Inflaction Reduction Act (IRA).
Impactos na cadeia de fornecimento
Até o momento, o crescimento na força de trabalho na fabricação de baterias tem compensado o declínio em outros segmentos da cadeia automotiva. Mas as empresas que fabricam componentes para veículos a combustão não são as mesmas que fazem baterias.
Por essa razão, algumas regiões com uma grande base de mão de obra voltada para a produção de componentes de carros tradicionais deverão registrar perda de empregos, a não ser que sejam feitos investimentos em larga escala na cadeia de fornecimento de veículos elétricos.
Novas fabricantes de baterias europeias estão enfrentando problemas para contratar operários qualificados localmente, muitas vezes recrutando trabalhadores de países asiáticos. Players bem estabelecidos na indústria também têm dificuldades para encontrar mão de obra para novas plantas.
Muitas vezes, grandes companhias estão recorrendo a transferência de trabalhadores existentes para fábricas recém-inauguradas para ajudar a treinar e qualificar recrutas. Cerca de 30% do pessoal de novas instalações tem origem em plantas já existentes.
Levando em conta as políticas já existentes, a IEA projeta que o número de empregos na indústria automotiva global seguirá crescendo, atingindo 12,7 milhões em 2030. A participação de trabalhadores dedicados a fabricação de veículos elétricos e componentes avançará para cerca de um terço do total do setor.
Fonte: https://www.portalsolar.com.br/noticias/tecnologia/mobilidade-eletrica/carro-eletrico-esta-transformado-a-forca-de-trabalho-da-industria-automotiva