Previsão de excedente de painéis solares e baterias até 2027

Ranking mundial de fabricantes de módulos solares fotovoltaicos
Foto: Reproduçao / Arquivo / Freepik
Compartilhe:
Fim da Publicidade

Estudo revela que a produção de painéis solares e baterias deve superar a demanda nos próximos anos, impulsionando a sustentabilidade e o uso de energia renovável.

O mundo está enfrentando um excesso de oferta de painéis solares e baterias, o que pode parecer contraditório diante do crescimento acelerado da energia solar e a expansão dos veículos elétricos. No entanto, segundo a Bloomberg New Energy Finance (BNEF), a resposta está no desequilíbrio entre produção e demanda. A China lidera essa corrida, com investimentos agressivos que criaram uma capacidade de produção muito superior ao que o mercado global consegue absorver. Como resultado, os painéis solares e baterias continuam se acumulando em estoque, pressionando preços e reduzindo margens de lucro em escala global.

Superprodução global em ritmo chinês

A China responde por mais de 70% da capacidade produtiva mundial de painéis solares e baterias. Apenas em 2024, as cinco maiores fabricantes chinesas viram suas margens de lucro caírem de 12,4% para 4,7%. Isso mostra que, apesar do domínio industrial, a lucratividade está em queda. O motivo principal é claro: há muito mais produtos fabricados do que consumidores dispostos ou capazes de comprá-los. Além disso, o governo chinês segue incentivando novas fábricas, com 76% do investimento global em tecnologias como placas solares e acumuladores de energia concentrado no país. Isso alimenta ainda mais a sobreoferta.

Queda de preços e margens espremidas

Com a oferta muito superior à demanda, os preços de painéis solares e baterias estão em queda constante. Isso até beneficia consumidores e instaladores, mas tem consequências graves para a indústria. Empresas fora da China, com custos de produção mais altos, não conseguem competir. Muitas reduzem suas operações ou encerram as atividades. Isso aconteceu, por exemplo, com grandes fabricantes na Europa que não suportaram a pressão do mercado. Além disso, a queda de preços nem sempre compensa o aumento de custos logísticos, tarifas e insumos. A lucratividade, portanto, segue cada vez mais comprimida.

Estados Unidos tentam reagir com incentivos

Os EUA estão tentando reverter esse cenário com uma política industrial agressiva. O país aprovou subsídios que podem chegar a US$ 169 bilhões até 2032 para fomentar sua própria cadeia produtiva. Todavia, essa tentativa de reindustrialização enfrenta barreiras. As tarifas impostas a produtos chineses por governos anteriores ainda geram impacto direto na cadeia de suprimentos. Além disso, a dependência da China em matérias-primas e equipamentos continua significativa. Apesar do esforço americano, a China segue dominando os preços e volumes de produção de painéis solares e baterias.

União Europeia perde fôlego na corrida

A Europa, embora ambiciosa em suas metas climáticas, está ficando para trás na disputa industrial. Seus subsídios somam apenas US$ 32,5 bilhões, muito abaixo do pacote norte-americano. Recentemente, várias empresas europeias reduziram a escala de suas fábricas ou encerraram completamente suas operações. Isso mostra a dificuldade de competir com os preços chineses, mesmo com tarifas e incentivos locais. Enquanto isso, o mercado europeu passa a importar mais de países asiáticos, contribuindo para a continuidade do excedente global.

Países emergentes absorvem o excedente

Com as barreiras tarifárias nos EUA e Europa, os produtos chineses buscam novos mercados. Assim, países em desenvolvimento passaram a receber mais de 43% das exportações de tecnologias limpas da China — em 2022, esse número era de 24%. Esses países, incluindo o Brasil, se beneficiam com preços baixos. No entanto, tornam-se ainda mais dependentes de uma cadeia externa, o que pode gerar riscos em momentos de instabilidade geopolítica ou variações cambiais.

FIM PUBLICIDADE

O que esperar até 2027?

A BNEF projeta que o cenário de excesso produtivo vai se manter até pelo menos 2027. Isso porque novos investimentos continuam sendo feitos, principalmente na China. Além disso, a expansão da demanda global — embora em crescimento — ainda não é suficiente para equilibrar a oferta. Isso é particularmente verdadeiro no caso das baterias, que dependem não só da eletrificação da frota, mas também da adoção em larga escala de sistemas de armazenamento residencial e comercial.

Impactos para o setor no Brasil

O Brasil, como país importador, se beneficia do excesso global de painéis solares e baterias. Os preços acessíveis facilitaram a popularização dos kits fotovoltaicos e reduziram os custos de projetos off-grid. Contudo, essa vantagem vem acompanhada de um risco estrutural: a ausência de uma cadeia produtiva nacional robusta. Em caso de barreiras comerciais, o país pode sofrer com escassez de componentes e alta dos preços. Portanto, seria estratégico criar uma política de incentivo à produção local, aproveitando o momento de preço baixo para estruturar capacidades internas.

Excesso de oferta e inovação tecnológica

Curiosamente, o excesso de painéis solares e baterias também impulsiona a inovação. Com margens apertadas, fabricantes precisam desenvolver produtos mais eficientes, duráveis e baratos para sobreviver. Como resultado, surgem painéis bifaciais, baterias com maior densidade energética e sistemas híbridos mais acessíveis. Isso acelera o avanço da tecnologia solar, beneficiando consumidores e o meio ambiente. Todavia, a velocidade da inovação aumenta o risco de obsolescência, criando um ciclo em que novos produtos substituem os antigos antes mesmo de esgotarem sua vida útil econômica.

Caminhos para reequilibrar o setor

Para que o mercado global se estabilize, será necessário reduzir a velocidade de novos investimentos em produção, aumentar a demanda real por sistemas solares e armazenamento, estimular a diversificação de fornecedores e mercados, e estabelecer políticas industriais mais equilibradas e sustentáveis. Além disso, seria interessante ver maior cooperação internacional em vez de guerras comerciais, visando um crescimento coordenado do setor.

Conclusão

A superprodução de painéis solares e baterias representa uma das maiores contradições da transição energética. De um lado, o mundo precisa acelerar o uso de tecnologias limpas. Do outro, o excesso de capacidade pressiona empresas, gera desperdício e cria tensões comerciais. Até 2027, esse desequilíbrio deve persistir. Portanto, fabricantes, governos e consumidores precisam se adaptar a uma realidade de preços baixos, competição feroz e incerteza regulatória. Seja você um instalador, investidor ou entusiasta da energia solar, compreender esse cenário é fundamental para tomar decisões estratégicas nos próximos anos.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE
Facebook
X
LinkedIn
WhatsApp

Área de comentários

Seus comentários são moderados para serem aprovados ou não!
Alguns termos não são aceitos: Palavras de baixo calão, ofensas de qualquer natureza e proselitismo político.

Os comentários e atividades são vistos por MILHÕES DE PESSOAS, então aproveite esta janela de oportunidades e faça sua contribuição de forma construtiva.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

ASSINE NOSSO INFORMATIVO

Inscreva-se para receber conteúdo exclusivo em seu e-mail, todas as semanas.

Não fazemos spam! Leia nossa política de privacidade para mais informações.

ASSINE NOSSO INFORMATIVO

Inscreva-se para receber conteúdo exclusivo em seu e-mail, todas as semanas.

Não fazemos spam! Leia nossa política de privacidade para mais informações.

Comunidade Energia Limpa Whatsapp.

Participe da nossa comunidade sustentável de energia limpa. E receba na palma da mão as notícias do mercado solar e também nossas soluções energéticas para economizar na conta de luz. ⚡☀

Siga a gente

plugins premium WordPress