Mercado avança com alta de 50% em 2023, mas infraestrutura e custo ainda são obstáculos
Belo Horizonte, novembro de 2024 – O constante aumento no valor da gasolina e a crescente conscientização ambiental têm impulsionado o mercado de carros elétricos no Brasil, que vem crescendo de forma significativa nos últimos anos. Segundo a ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), o ano de 2023 foi o melhor para o setor de eletromobilidade no país, com crescimento superior a 50% em todas as regiões, comparado ao ano anterior.
Apesar do grande crescimento de veículos elétricos no Brasil, sua presença ainda representa uma pequena fração da frota nacional, que ultrapassa 50 milhões de automóveis. Esse cenário se deve à dúvida da população sobre se o Brasil está preparado para atender essa demanda, levantando as vantagens e desvantagens de possuir um carro que não seja a combustão. Sabendo disso, Wellington Dutra, coordenador do curso de Engenharia Elétrica do Centro Universitário Newton Paiva, compartilhou algumas informações importantes para ajudar a escolher a melhor opção para cada perfil.
Sustentabilidade
Diferente dos veículos a combustão, os carros elétricos não emitem gases poluentes durante o uso, contribuindo para a redução da poluição atmosférica nas grandes cidades. No entanto, a produção e o descarte de baterias de lítio têm um impacto ambiental significativo. A mineração de lítio, um dos principais componentes dessas baterias, pode causar danos ao meio ambiente e às comunidades locais.
Manutenção
A ausência de itens como escapamento e motor a combustão torna a manutenção mais simples e barata, o que pode gerar economia a longo prazo para os proprietários. “Em termos de manutenção, os veículos elétricos possuem grande vantagem sobre os de combustão, uma vez que têm menos peças mecânicas que precisariam ser trocadas ao longo do tempo”, destaca Wellington.
Economia
Apesar de ainda serem mais caros na aquisição inicial, o custo por quilômetro rodado de um carro elétrico é significativamente menor do que o de um carro a combustão, principalmente em estados que possuem políticas de incentivo à energia renovável. A possibilidade de recarregar o veículo em casa, utilizando tarifas de energia mais baratas durante a madrugada, também pode ser um atrativo para os consumidores que buscam reduzir suas despesas com transporte.
Autonomia das baterias
Apesar dos avanços, muitos modelos disponíveis no mercado brasileiro ainda possuem uma autonomia limitada, geralmente entre 200 e 500 quilômetros por carga, dependendo do modelo e das condições de uso. Para quem utiliza o carro em trajetos curtos no dia a dia, isso pode ser suficiente, mas viagens mais longas exigem um planejamento detalhado das paradas para recarga, o que pode ser um obstáculo.
Infraestrutura de recarga
Esse aspecto pode ser um empecilho para consumidores que necessitam de um veículo versátil para diferentes tipos de deslocamento. “Embora as redes de pontos de recarga estejam em expansão, elas se concentram principalmente em grandes cidades e regiões mais desenvolvidas, dificultando o uso de veículos elétricos em viagens longas ou em áreas mais distantes”, explica o especialista.
Custo de aquisição
Os carros elétricos, em sua maioria, ainda são mais caros do que os modelos tradicionais a combustão, devido à tecnologia das baterias e aos componentes especializados. “O preço de um veículo elétrico zero quilômetro ainda é mais alto do que o de um veículo a combustão, e a desvalorização na revenda também é maior”, afirma Wellington. Mesmo com incentivos fiscais em alguns estados, como a isenção do IPVA para veículos elétricos, a diferença de preço pode ser um fator limitante para muitas pessoas.