Triplicar renováveis exige expansão anual de 1,1 GW

Conteúdo

• Redução da Lacuna: O Caminho para o Marco de Energia Renovável
• Crescimento Aquém do Necessário: Desafios na Expansão das Renováveis
• Eficiência Energética: O Pilar Complementar à Triplicação das Renováveis
• Visão Geral

Redução da Lacuna: O Caminho para o Marco de Energia Renovável

Um relatório recente da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena) sinaliza a necessidade premente de adicionar 1,1 GW anualmente em capacidade instalada, visando alcançar a meta de 11,2 TW de renováveis até 2030, conforme estabelecido na COP28. Isso implica sustentar uma taxa de crescimento anual de 16,6%, superior aos 16,1% inicialmente traçados.

Para pavimentar este caminho ambicioso, os investimentos em renováveis devem somar, no mínimo, US$ 1,4 trilhão por ano nos próximos cinco anos, um valor que excede em mais do que o dobro dos US$ 624 bilhões investidos no ano anterior. Em 2024, a expansão atingiu 581,9 GW, um avanço notável de 15,1%.

Francesco La Camera, Diretor-Geral da Irena, destacou um progresso promissor, indicando que, se as projeções se confirmarem, 2025 pode estabelecer um novo recorde, aproximando-se de 750 GW de capacidade instalada. Este cenário sugere uma redução da lacuna entre o estado atual e o objetivo final. Em 2023, o setor estava 1,5 TW distante da meta; agora, essa diferença encolheu para 0,9 TW.

Bem Backwell, presidente da Aliança Global de Renováveis, endossou esse otimismo, mencionando que investimentos privados robustos, estimados em US$ 800 bilhões apenas nos primeiros seis meses de 2025, impulsionam esse fechamento. Ele ressaltou a competitividade crescente, com 80% dos projetos elétricos sendo mais vantajosos que as alternativas fósseis, embora o desafio persista na distribuição equitativa de investimentos, especialmente na África e no Sudeste Asiático.

Crescimento Aquém do Necessário: Desafios na Expansão das Renováveis

Apesar do registro de expansão recorde em 2024, o ritmo atual de crescimento das renováveis ainda se mostra insuficiente para garantir o cumprimento da meta de triplicação até 2030. Se a trajetória de expansão se mantiver nos próximos cinco anos, a capacidade total projetada será de 10,3 TW, ficando 0,9 TW (7,7%) abaixo do alvo definido em Dubai.

Este déficit é maior do que a capacidade total instalada em 2024 em todo o continente americano e o Caribe. O relatório enfatiza a urgência: para compensar o crescimento insuficiente observado em 2023 e 2024, a capacidade das renováveis precisa acelerar para 16,6% anualmente nos seis anos restantes da década, necessitando de 6,7 TW adicionais.

A energia solar fotovoltaica demonstrou ser a grande impulsionadora, representando mais de três quartos das adições renováveis em 2024, com 452,1 GW instalados – um aumento de 27% em relação ao ano anterior, marcando o maior salto anual para qualquer tecnologia renovável. A energia eólica veio em segundo lugar, com 114,3 GW.

O estudo da Irena aponta que, das fontes analisadas, somente a solar tem mantido o nível de crescimento necessário para a meta de triplicação, exigindo que as fontes eólica e hídrica tripliquem sua taxa de avanço. É fundamental integrar estas metas nas contribuições nacionais para o clima (NDC 3.0) a serem apresentadas na COP30 em Belém, exigindo uma ambição dobrada das NDCs.

Eficiência Energética: O Pilar Complementar à Triplicação das Renováveis

O relatório da Irena destaca que a meta de dobrar a eficiência energética até o final da década é um componente essencial e complementar à expansão das energias renováveis. Para concretizar esse objetivo, é imperativo implementar mudanças estruturais e comportamentais, além de acelerar a adoção de tecnologias de eficiência em todas as atividades econômicas. Nos últimos dois anos, o progresso na eficiência cresceu apenas cerca de 1% anualmente, um desempenho muito distante dos 4% anuais necessários para cumprir a meta global de eficiência energética entre 2022 e 2030.

Consequentemente, a intensidade energética deve agora crescer pelo menos 5% ao ano no período entre 2025 e 2030 para compensar o atraso acumulado. Esse esforço requer a implementação coordenada de políticas transversais, envolvendo diversos agentes públicos e privados. Isso inclui a padronização através de políticas, estabelecimento de padrões mínimos e rotulagem clara, além da garantia de financiamento adequado para as iniciativas de otimização do uso de energia em todos os setores da economia global.

Visão Geral

Atingir a meta de 11,2 TW de energia renovável até 2030 exige um salto significativo nos investimentos e na taxa de crescimento anual, apesar dos avanços notáveis impulsionados principalmente pela energia solar fotovoltaica. A lacuna entre a trajetória atual e o objetivo está diminuindo, mas exige maior ambição nas NDCs e um foco equilibrado para levar o desenvolvimento a regiões menos atendidas. Simultaneamente, a aceleração da eficiência energética é um fator crítico para reduzir a demanda geral e viabilizar a transição energética, necessitando de políticas públicas rigorosas e compromisso do setor privado.