A parceria entre Serena Energia e Nextstream garante suprimento de energia eólica para data centers, marcando um avanço na descarbonização da infraestrutura digital brasileira.
Conteúdo
- A Explosão de Demanda dos Data Centers
- O PPA como Instrumento de Descarbonização
- O Vento Robusto do Complexo Assuruá
- Logística de Suprimento e a Conexão com a Nextstream
- A Tendência de Colocation e Cloud Verde
- O Futuro do Lastro Verde no Setor Elétrico
- Visão Geral
O mercado de energia e tecnologia acaba de consolidar um novo marco em sustentabilidade e suprimento de longo prazo. A Serena Energia, uma das principais geradoras e comercializadoras de energia renovável do país, formalizou um acordo estratégico com a Nextstream, controlada pelo grupo britânico Actis, para fornecer energia eólica a seus data centers no Brasil. Este movimento não é apenas uma transação comercial; é a materialização da pressão ESG global chegando ao coração da infraestrutura digital brasileira.
A partir de 2026, a Nextstream passará a suprir suas instalações críticas com eletricidade proveniente do vento baiano, garantindo que o consumo massivo de seus data centers seja compensado por uma fonte 100% limpa. Essa parceria sublinha a crescente interdependência entre a expansão da Big Tech e a necessidade de descarbonizar a matriz, exigindo soluções complexas e robustas no Mercado Livre de Energia.
A Explosão de Demanda dos Data Centers
Para os profissionais do setor, o consumo dos data centers representa um desafio e uma oportunidade sem precedentes. Essas instalações digitais, responsáveis por processar e armazenar o volume crescente de dados do país, operam 24 horas por dia, 7 dias por semana, apresentando um perfil de carga extremamente estável e de alta demanda de potência.
A Nextstream opera em um segmento onde a confiabilidade energética é inegociável. Qualquer interrupção, mesmo que breve, pode resultar em perdas financeiras astronômicas. Por isso, a escolha da fonte de suprimento não é feita apenas por preço, mas por garantia de lastro e cumprimento das metas de sustentabilidade corporativa, um pilar fundamental da controladora Actis.
A procura por energia de fontes renováveis por gigantes da tecnologia cresceu exponencialmente. O Brasil, com seu ambiente de Mercado Livre de Energia e abundância de recursos eólicos e solares, tornou-se um hub global de atração para esse tipo de investimento, impulsionado por critérios ambientais, sociais e de governança (ESG).
O PPA como Instrumento de Descarbonização
O contrato assinado entre a Serena e a Nextstream é um PPA (Power Purchase Agreement), o instrumento preferencial para viabilizar projetos de energia renovável de grande escala. Trata-se de um acordo de compra e venda de energia de longo prazo, que proporciona segurança tanto para o gerador quanto para o consumidor.
Para a Serena, o PPA com a Nextstream representa a garantia de receita estável por vários anos, o que é crucial para amortizar os investimentos maciços em novos parques eólicos. Essa previsibilidade é o que permite à Serena continuar expandindo seu portfólio de energia eólica com mais confiança e eficiência de capital.
Para a Nextstream, o acordo funciona como uma proteção financeira e de imagem. Fixar um preço de energia por longo período (geralmente acima de 15 anos) blinda a companhia contra a volatilidade do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) e do mercado spot, ao mesmo tempo em que cumpre o compromisso de ter uma operação de baixa emissão de carbono.
O Vento Robusto do Complexo Assuruá
A fonte de suprimento dessa nova parceria é o Complexo Eólico Assuruá, localizado na Bahia. Esta região é mundialmente reconhecida pela excelência de seu recurso eólico, caracterizado por ventos constantes e de alta intensidade, que resultam em um dos melhores fatores de capacidade (FC) para a energia eólica globalmente.
Os projetos da Serena no Complexo Assuruá garantem que a energia fornecida à Nextstream tenha a maior disponibilidade possível. Um alto FC significa que as turbinas operam mais horas por ano, entregando um suprimento mais consistente, vital para a criticidade da carga dos data centers.
A escolha da Bahia reforça a importância estratégica do Nordeste como o motor da transição energética brasileira. É de lá que a maior parte da energia eólica e solar provém, consolidando o Nordeste não apenas como produtor, mas como exportador de energia renovável para o restante do SIN.
Logística de Suprimento e a Conexão com a Nextstream
O suprimento de energia eólica terá como foco inicial as unidades de data centers da Nextstream na Bahia e em Tamboré, na região metropolitana de São Paulo. A logística de entrega de energia de um parque eólico no Nordeste para um centro de dados no Sudeste exige uma complexa operação de gestão da rede.
Embora a eletricidade física seja injetada na rede do SIN na Bahia, a Nextstream receberá créditos de energia garantidos pela Serena via contratos bilaterais. A Serena deve gerenciar o risco de intermitência da fonte eólica, combinando a produção com estratégias de trading e garantias de firm power para manter o fluxo constante exigido pelos data centers.
Este arranjo de suprimento por PPA é um exemplo sofisticado de como o Mercado Livre de Energia permite a rastreabilidade e a certificação da origem renovável da eletricidade. O uso de certificados I-RECs (International Renewable Energy Certificates) será fundamental para comprovar o atributo verde do suprimento, atendendo aos rigorosos padrões internacionais da Nextstream.
A Tendência de Colocation e Cloud Verde
A Nextstream atua no fornecimento de serviços de colocation e cloud (nuvem), áreas que estão sob intensa fiscalização regulatória e pública quanto ao seu impacto ambiental. O consumo de energia de um grande data center pode ser equivalente ao de uma cidade de médio porte.
Ao optar por energia eólica da Serena, a Nextstream se posiciona na vanguarda da sustentabilidade no setor de T.I. no Brasil. Isso oferece uma vantagem competitiva direta, atraindo clientes globais que possuem suas próprias metas de descarbonização e que buscam provedores de serviços com credenciais ambientais impecáveis.
O acordo sinaliza que a energia renovável não é mais apenas uma alternativa de custo, mas um diferencial de mercado. Investir em PPAs e fontes limpas tornou-se um requisito para o crescimento sustentável e a mitigação do risco reputacional no mundo corporativo de alta tecnologia.
O Futuro do Lastro Verde no Setor Elétrico
O volume de energia envolvido e a longevidade do acordo demonstram a maturidade da Serena como player e a seriedade do compromisso da Nextstream com a transição energética. Este modelo de negócio, onde o gerador financia a expansão com base em contratos de longo prazo com grandes consumidores, é o pilar da evolução do setor elétrico.
A Serena e a Nextstream mostram que a expansão digital do Brasil pode e deve ser alimentada por fontes limpas. A parceria serve como um blueprint para outras empresas de tecnologia, provando que é economicamente viável e estrategicamente imperativo descarbonizar o consumo de energia dos data centers, garantindo um crescimento digital alinhado com as metas de sustentabilidade do país e do planeta.
Para os investidores e reguladores, este PPA reforça a necessidade de modernizar a infraestrutura de transmissão e distribuição para garantir que o vento abundante do Nordeste possa continuar a alimentar a crescente demanda de potência dos centros tecnológicos localizados no Sudeste. É o setor elétrico se adaptando à era da informação, turbinado pela energia eólica.
Visão Geral
Este acordo de longo prazo entre Serena Energia e Nextstream, focado no fornecimento de energia eólica do Complexo Assuruá, solidifica a agenda ESG no setor de infraestrutura digital brasileira. Mediante um PPA, a Nextstream garante lastro e baixa emissão de carbono para seus data centers, enquanto a Serena assegura o financiamento para expansão de energia renovável, impulsionando o Mercado Livre de Energia e a transição energética nacional, atendendo à crescente demanda de potência tecnológica.























