Representantes do Inmetro, ABGD e de universidades destacaram a importância da colaboração e da normatização técnica para garantir a confiança e a sustentabilidade da geração distribuída no país.
São Paulo, julho de 2025 – A criação de normas técnicas mais rigorosas e a colaboração estratégica entre indústria, academia e governo são cruciais para garantir a segurança e a sustentabilidade do crescente mercado de energia solar no Brasil. Esse foi o consenso entre especialistas, pesquisadores e reguladores durante o evento O Futuro da Energia, promovido pela Huawei Digital Power em São Paulo no dia 1º de julho.
O encontro reuniu nomes como Hércules da Costa, chefe da Divisão de Regulamentação e Qualidade Regulatória (Direq) do Inmetro, José Marangon, conselheiro da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), e os professores Bruno Luis Soares de Lima (Universidade Presbiteriana Mackenzie) e Leandro Michels (Universidade Federal de Santa Maria – UFSM), que debateram o aprimoramento da segurança, desempenho e confiabilidade dos sistemas fotovoltaicos, especialmente no segmento residencial.
Colaboração com universidades fortalece inovação e segurança
A base para essa evolução, segundo os especialistas, está na pesquisa aplicada. A Huawei apresentou os resultados de duas parcerias estratégicas com universidades de ponta, que testaram equipamentos em condições reais de uso no Brasil.
O professor Bruno Lima compartilhou os avanços de testes comparativos realizados pela Escola de Engenharia Elétrica do Mackenzie com inversores e baterias, destacando a importância da adoção de tecnologias como o AFCI (“Arc-Fault Circuit Interrupter ou “Interruptor de Circuito por Falha de Arco” em português), o rapid shutdown (desligamento rápido) e testes de baterias, especialmente em instalações residenciais.

Nos testes, os equipamentos da Huawei se destacaram pelo alto desempenho em segurança, capacidade de operação off-grid e resposta a falhas na rede. “A colaboração entre universidade, indústria e órgãos públicos é fundamental para promover segurança e inovação no setor fotovoltaico”, descreveu Lima.
Já o professor Leandro Michels, da UFSM, apresentou uma metodologia inovadora para testar o desempenho real de inversores solares em condições climáticas brasileiras, que diferem das normas internacionais baseadas em países de clima temperado. Sua pesquisa avalia a energia efetivamente entregue ao longo do dia, considerando fatores como calor e sobrecarga fotovoltaica (overload), e demonstrou que os inversores da Huawei mantêm alta performance mesmo em temperaturas elevadas. O estudo também apontou ganhos de durabilidade em componentes internos, como capacitores, reforçando a importância de testes mais rigorosos e adaptados à realidade nacional.
“Nosso foco é garantir que os equipamentos funcionem bem onde realmente serão usados, com dados reais e não apenas eficiência de catálogo. Isso é fundamental para proteger o consumidor e sustentar a credibilidade da energia solar no Brasil”, afirmou Michels.
A importância dessas parcerias com instituições acadêmicas foi reforçada por Mariani Passos, gerente de Estratégia de Negócios e Compliance em Pesquisa & Desenvolvimento da Huawei. “Acreditamos que a colaboração com universidades como o Mackenzie e a UFSM é essencial para desenvolver soluções alinhadas à realidade brasileira e contribuir com a evolução do marco técnico e regulatório do país. É por meio da ciência aplicada que conseguimos construir um setor mais seguro, eficiente e sustentável”, destacou.
Regulação, confiança e mercado sustentável
Durante o painel “Soluções residenciais: como elevar os padrões de qualidade e performance com segurança”, o foco esteve na importância da regulação e da confiança do consumidor para consolidar o setor. Hércules da Costa, do Inmetro, esclareceu os avanços da Portaria 515, que tornou obrigatório o uso de dispositivos de proteção contra arcos elétricos e estabeleceu requisitos de desempenho alinhados às exigências da rede elétrica nacional.

“Nosso papel é fornecer regras mínimas de segurança e desempenho, criando um ambiente regulatório equilibrado e alinhado com outros órgãos, como a ANEEL”, destacou Hércules.

Para José Marangon, conselheiro da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), a expansão do armazenamento residencial é a chave para enfrentar os desafios do sistema elétrico. “A bateria distribuída pode ser uma aliada essencial no alívio da rede e na estabilização da tensão, inclusive em horários de pico. Precisamos de uma regulação que incentive esse mercado e transmita segurança ao consumidor”, afirmou, reforçando a necessidade do debate nas esferas federais.
O professor Michels complementou, alertando para os riscos que acidentes podem trazer ao setor como um todo. “Se houver um incêndio em uma escola com sistema fotovoltaico mal instalado, isso pode gerar uma reação exagerada e comprometer anos de avanço tecnológico”, disse.