O Rio Grande do Sul consolida-se como pioneiro na transição energética brasileira, alavancando R$ 38,7 milhões em projetos essenciais de hidrogênio verde envolvendo Âmbar, Be8, Rodoplast e Tramontina.
Conteúdo
- A Chamada Gaúcha: Investimento e Incentivo Pioneiro
- Be8: Do Biodiesel à Liderança na Descarbonização Logística
- Âmbar: O Gigante de Energia de Olho no Portfólio do H2V
- Tramontina: A Descarbonização na Indústria de Base
- Rodoplast: O Elo Perdido da Cadeia
- Rio Grande do Sul: O Laboratório da Transição Energética
- Visão Geral
O Rio Grande do Sul (RS) se consolida como um *hub* pioneiro da transição energética brasileira. Quatro grandes empresas—Âmbar, Be8, Rodoplast e Tramontina—venceram a Chamada Pública N° 01/2025 do Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva de Hidrogênio Verde (H2V) do estado. Com um investimento total estimado em R$ 38,7 milhões apenas nas iniciativas selecionadas, este movimento não é apenas um anúncio, mas o nascimento de uma infraestrutura de energia limpa em escala industrial, abrangendo produção, distribuição e consumo.
Para o profissional do setor elétrico, esta notícia sinaliza que o H2V está deixando o campo da teoria e entrando na fase de viabilidade técnica e econômica. As propostas escolhidas formam um ecossistema completo, unindo *players* de energia (Âmbar), bioenergia/combustíveis (Be8), logística (Rodoplast) e indústria (Tramontina). O Rio Grande do Sul se posiciona, assim, como um laboratório essencial para a descarbonização nacional.
A Chamada Gaúcha: Investimento e Incentivo Pioneiro
A iniciativa governamental do Rio Grande do Sul, com um orçamento total para o programa de aproximadamente R$ 100 milhões, visa catalisar os primeiros projetos de hidrogênio verde economicamente viáveis. O investimento de R$ 38,7 milhões nos projetos selecionados demonstra o compromisso do setor privado em desenvolver a energia limpa em um estado com forte tradição industrial e agrícola.
O financiamento público inicial é crucial para reduzir os riscos inerentes a novas tecnologias, como a instalação de eletrolisadores e o desenvolvimento de novas cadeias de suprimentos. Esse apoio governamental serve como um multiplicador, atraindo capital privado e acelerando a curva de aprendizado necessária para tornar o hidrogênio verde competitivo frente aos combustíveis fósseis. O RS adota uma política *smart* de fomento.
A seleção das quatro empresas não foi aleatória. Os projetos foram avaliados pela sua capacidade de cobrir diferentes elos da cadeia produtiva: desde a produção do H2V a partir de energia renovável até a aplicação final em processos industriais e no transporte pesado. Essa integração garante que o hidrogênio verde comece a circular imediatamente na economia do estado.
Be8: Do Biodiesel à Liderança na Descarbonização Logística
A Be8, empresa de Passo Fundo com forte *expertise* em bioenergia (biodiesel), é uma das grandes protagonistas desta chamada. Seu projeto se destaca por focar não apenas na produção de hidrogênio verde, mas também na criação de infraestrutura de abastecimento. A iniciativa da Be8 inclui a instalação de uma unidade de produção de H2V via eletrolisadores e, potencialmente, o primeiro posto de abastecimento do país voltado para o transporte de cargas pesadas com H2V.
Este projeto da Be8 é estratégico para a descarbonização da logística, um setor historicamente dependente do diesel. A utilização de hidrogênio verde em caminhões e frotas de transporte de cargas representa um salto em energia limpa e pode abrir caminho para o hidrogênio como vetor energético em modais de longa distância.
O investimento da Be8 no Rio Grande do Sul fortalece sua posição como líder em combustíveis avançados. A empresa, que já domina a conversão de *commodities* agrícolas em energia, agora incorpora o H2V ao seu portfólio, garantindo resiliência e inovação em um mercado global cada vez mais focado na sustentabilidade.
Âmbar: O Gigante de Energia de Olho no Portfólio do H2V
A Âmbar Energia, pertencente ao grupo J&F, traz consigo um vasto *know-how* em geração de energia e comercialização. A vitória da Âmbar na chamada de hidrogênio verde no Rio Grande do Sul indica que a empresa vê o H2V como um componente fundamental em seu portfólio de transição energética.
Para produzir o hidrogênio verde, os eletrolisadores demandam um suprimento constante de energia limpa. A Âmbar pode alavancar seus ativos de geração renovável, como hidrelétricas e térmicas a gás que podem ser convertidas, para suprir a demanda da eletrólise. Essa verticalização do processo, da produção da energia limpa à fabricação do H2V, garante maior controle de custos e viabilidade do projeto.
O projeto da Âmbar no RS não visa apenas a produção, mas também a avaliação da viabilidade de distribuição e comercialização do H2V em escala. A entrada de um *player* do porte da Âmbar confere peso e credibilidade ao mercado incipiente de hidrogênio verde no Brasil.
Tramontina: A Descarbonização na Indústria de Base
A participação da Tramontina, uma marca gaúcha de renome mundial, é talvez a mais representativa do potencial industrial do hidrogênio verde. A Tramontina opera com processos que exigem altíssimas temperaturas, como a forjaria e a produção de aço, onde a descarbonização é historicamente desafiadora.
O projeto da Tramontina no Rio Grande do Sul provavelmente foca na substituição de combustíveis fósseis (como o gás natural ou o carvão) por hidrogênio verde em seus fornos industriais. Essa aplicação é vital, pois demonstra que o H2V pode atuar como um combustível de alta qualidade e energia limpa para processos de difícil mitigação de carbono.
O sucesso do piloto da Tramontina pode servir de modelo para toda a indústria metalmecânica e siderúrgica brasileira, mostrando que a transição energética não está restrita apenas à geração de eletricidade, mas avança para a descarbonização profunda da cadeia produtiva. É um passo ousado e estratégico para a marca.
Rodoplast: O Elo Perdido da Cadeia Produtiva
A Rodoplast, uma empresa especializada em componentes e logística, complementa o ecossistema. Seu projeto, embora menos detalhado publicamente, deve se concentrar em aspectos cruciais da cadeia: armazenamento, transporte e segurança na distribuição do hidrogênio verde.
O H2V, por ser um gás leve e explosivo, exige tanques e infraestrutura de transporte especializados. A Rodoplast pode estar desenvolvendo soluções logísticas inovadoras que permitam a distribuição eficiente do hidrogênio produzido pela Be8 e Âmbar até os pontos de consumo, como a fábrica da Tramontina e os postos de abastecimento.
O investimento em logística e segurança é fundamental para que o hidrogênio verde se torne um vetor energético de fato. A participação da Rodoplast assegura que o Rio Grande do Sul pense na cadeia de ponta a ponta, desde a energia limpa na produção até a entrega segura e eficiente ao usuário final.
Rio Grande do Sul: O Laboratório da Transição Energética
O anúncio das quatro vencedoras marca uma nova fase para o Rio Grande do Sul. O estado não está apenas *falando* sobre transição energética; está financiando projetos concretos de hidrogênio verde. A Chamada Pública N° 01/2025 atua como um desbravador de risco, atraindo empresas estabelecidas e de grande porte para um mercado novo.
Com um investimento combinado de R$ 38,7 milhões, o RS demonstra que a energia limpa é uma prioridade econômica. O êxito dos projetos da Âmbar, Be8, Rodoplast e Tramontina criará o *know-how* necessário, formando mão de obra especializada em eletrolisadores e descarbonização.
Esta iniciativa coloca o Rio Grande do Sul em destaque no mapa global do H2V, sinalizando aos investidores que o Brasil possui um ambiente de negócios que incentiva a inovação e a sustentabilidade. A união de diferentes setores em torno do hidrogênio verde comprova que a transição energética é uma meta transversal, envolvendo todo o tecido produtivo. O desafio agora é transformar os protótipos em soluções de escala e competitividade.
Visão Geral
O investimento de R$ 38,7 milhões direcionado por empresas como Be8, Âmbar, Rodoplast e Tramontina no Rio Grande do Sul consolida o estado como um epicentro da transição energética brasileira, focando na implementação prática do hidrogênio verde em toda a cadeia produtiva, desde a energia renovável até o consumo industrial e logístico, visando a descarbonização setorial.























