Conteúdo
- O Gigantismo dos 126 GW e o Domínio do Gás Natural
- Rio de Janeiro: O Novo Hub da Potência Firme
- A Estratégia por Trás do LRCap: Lastro e Flexibilidade
- A Controvérsia Climática e a Realidade do Gás
- Próximos Passos e a Habilitação Técnica
- Visão Geral
O Gigantismo dos 126 GW e o Domínio do Gás Natural
Para entender a dimensão, a capacidade total cadastrada de 126 GW é equivalente a cerca de 70% de toda a capacidade instalada atualmente no Brasil. Isso demonstra o apetite do mercado e a urgência percebida pelos investidores em atender à sinalização do governo por mais potência firme e flexível.
A grande estrela do cadastro foi, sem dúvida, o gás natural. Dos 368 projetos inscritos, 311 são termelétricas a gás, totalizando 112,9 GW. Esse volume expressivo confirma a rota traçada pela política energética, que vê o gás como o principal combustível de transição e o lastro térmico ideal para a estabilidade da rede.
Ainda que o foco principal seja o gás, a EPE também recebeu propostas de outras tecnologias importantes. Foram cadastrados projetos de ampliação de hidrelétricas, além de três usinas a carvão mineral, que somam 1,4 GW. O mix mostra a prioridade em soluções que ofereçam um alto fator de capacidade e disponibilidade imediata.
Rio de Janeiro: O Novo Hub da Potência Firme
A atração de projetos de 126 GW para o Rio de Janeiro não é aleatória; é uma consequência direta da geopolítica do gás no país. O estado é o principal produtor de petróleo e gás natural do pré-sal, e a infraestrutura logística tem evoluído rapidamente para monetizar esse recurso.
A concentração no RJ se deve, em grande parte, à existência de grandes polos de processamento de gás, como o GNL (gás natural liquefeito) e os terminais de regaseificação. A proximidade com o gás do pré-sal reduz custos logísticos e elimina a dependência de gasodutos longos, oferecendo uma vantagem competitiva crucial para as térmicas.
Projetos como os de grandes complexos industriais e portuários na Baixada Fluminense e na região de Macaé ganham relevância. Eles buscam aproveitar a farta oferta de gás natural e a capacidade de conexão ao SIN, tornando o Rio de Janeiro um ponto estratégico não só de produção, mas de conversão energética.
A Estratégia por Trás do LRCap: Lastro e Flexibilidade
O LRCap é um instrumento vital de política energética, concebido para endereçar a intermitência crescente na matriz brasileira. O sucesso das fontes renováveis, como eólica e solar, exige um contraponto: usinas que possam ser acionadas rapidamente quando o vento cessa ou o sol se põe, garantindo a segurança sistêmica.
A Reserva de Capacidade não contrata apenas energia (MWh), mas sim potência (MW) firme, que fica de prontidão. É como um seguro para o sistema. O custo dessa prontidão é rateado, mas é considerado um preço justo pela garantia de que não haverá apagões devido à volatilidade das fontes limpas.
Com o mercado livre se expandindo e a demanda por energia crescendo, o leilão de Reserva de Capacidade de 2026 é visto como a espinha dorsal para o planejamento de longo prazo. O montante de 126 GW cadastrado sinaliza que a indústria está alinhada com essa visão de garantir a Reserva de Capacidade futura.
A Controvérsia Climática e a Realidade do Gás
Embora o foco seja na segurança e flexibilidade, a dependência do gás natural e a inclusão de projetos a carvão no cadastro para o LRCap geram debates acalorados entre os especialistas em sustentabilidade. O setor de energia limpa questiona se essa é a melhor rota para uma transição energética verde.
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e o Ministério de Minas e Energia (MME) argumentam que o gás é a ponte necessária, sendo menos poluente que outros fósseis e indispensável para a estabilidade da rede, especialmente em um país de dimensões continentais como o Brasil. A capacidade de resposta rápida do gás é imbatível no curto prazo.
Além disso, a localização massiva no Rio de Janeiro também impulsiona o “Novo Mercado de Gás” no país. Ao criar um hub de consumo, o LRCap incentiva a concorrência e o desenvolvimento de infraestrutura de transporte e distribuição, o que é fundamental para a desverticalização do setor de gás.
Próximos Passos e a Habilitação Técnica
O processo de cadastramento pela EPE é apenas o primeiro filtro. Agora, os projetos de 126 GW passarão pela fase de habilitação técnica. É neste estágio que a EPE e o Operador Nacional do Sistema (ONS) analisarão a viabilidade, a conexão e a aderência das propostas aos critérios rigorosos do LRCap.
A expectativa é que nem todos os projetos cadastrados sejam habilitados ou cheguem à etapa final do leilão em março de 2026. No entanto, o volume recorde de 368 projetos e 126 GW já serve como um termômetro poderoso da confiança dos investidores no mercado brasileiro de Reserva de Capacidade.
Para os profissionais do setor, o cenário é de otimismo cauteloso. A enorme injeção de potência firme, concentrada no Rio de Janeiro e baseada em gás natural, promete não só reforçar a Reserva de Capacidade do SIN, mas também consolidar o Sudeste como o principal vetor logístico e energético do Brasil na próxima década.
Visão Geral
A EPE finalizou o cadastro do LRCap 2026 com 126 GW. O Rio de Janeiro é o foco principal dos projetos, majoritariamente a gás natural, essenciais para a Reserva de Capacidade e estabilidade do SIN.























