Iniciativa da Unica foca na quadruplicação de combustíveis sustentáveis até 2035, posicionando o Brasil como referência em descarbonização.
Conteúdo
- O Pilar da Proposta Brasileira: O Belém 4X
- A Perspectiva da UNICA e o Mercado Global
- O Impacto no Setor Elétrico: Geração e Flexibilidade
- Desafios de Escala e Financiamento Verde
- Lições e Próximos Passos: Inspirando Mudança
- Visão Geral
O Pilar da Proposta Brasileira: O Belém 4X
O cerne do Compromisso de Belém 4X é um pacto de cooperação entre nações que visa aumentar significativamente a participação dos combustíveis sustentáveis no *mix* energético global. A proposta brasileira se baseia em uma meta que, embora diferenciada por país conforme suas capacidades e matrizes, exige um esforço conjunto para multiplicar por quatro o volume atual de produção e consumo de *biofuels* e *gás sustentável*.
A Unica defende que o Brasil tem a expertise e a capacidade produtiva para liderar essa expansão. Graças ao etanol e ao biodiesel, o país já possui uma matriz de transportes significativamente mais limpa que a média global. O desafio agora é transferir essa lição para economias menos maduras no uso de biocombustíveis de larga escala.
O foco não se restringe ao etanol de primeira geração. A proposta brasileira abrange o Diesel Verde (HVO), o Combustível Sustentável de Aviação (SAF) e o biogás, que são cruciais para a descarbonização dos chamados “setores de difícil abatimento” (*hard-to-abate*), como aviação, transporte marítimo e indústrias de alta temperatura.
A Perspectiva da UNICA e o Mercado Global
Para a Unica, o sucesso da quadruplicação de combustíveis sustentáveis depende da harmonização regulatória e da criação de mercados previsíveis. Atualmente, o mercado global é fragmentado, e a falta de padrões internacionais de sustentabilidade dificulta o comércio e o investimento.
Evandro Gussi ressalta que o Brasil já possui o RenovaBio, um marco regulatório robusto que estabelece metas de descarbonização e valoriza os créditos de carbono dos biocombustíveis. A expectativa da Unica é que o Compromisso de Belém sirva como plataforma para disseminar modelos como o RenovaBio, garantindo segurança regulatória para o investimento.
A adesão inicial de 23 países, incluindo gigantes como Índia, Itália e Japão, confere peso diplomático à iniciativa. A Unica reconhece que, para países com menos biomassa disponível, o desafio é maior. No entanto, o Brasil se posiciona como um fornecedor confiável e um *case study* de sucesso na integração de energia limpa e biocombustíveis.
O Impacto no Setor Elétrico: Geração e Flexibilidade
Embora a quadruplicação de combustíveis sustentáveis seja primariamente uma questão de mobilidade, seu impacto no setor elétrico é inegável, especialmente para os profissionais da geração. A biomassa residual da produção de etanol e biodiesel é uma fonte de energia limpa de base, crítica para a estabilidade da rede.
As usinas de bioenergia operam com alta previsibilidade, fornecendo a tão necessária *baseload* que complementa a intermitência da energia solar e eólica. O aumento da produção de biocombustíveis gera mais bagaço, palha e biogás, insumos diretos para a geração térmica sustentável.
A proposta brasileira estimula o investimento em biorrefinarias avançadas, capazes de produzir eletricidade e biocombustíveis simultaneamente (cogeracão). Este modelo aumenta a resiliência do sistema elétrico e fortalece a segurança energética do país, utilizando recursos renováveis de forma otimizada.
Desafios de Escala e Financiamento Verde
A meta de quadruplicar combustíveis sustentáveis exige um influxo massivo de capital e tecnologia. A Unica estima que, para atingir esse patamar, serão necessários investimentos significativos em novas plantas, logística e modernização agrícola.
Um dos principais desafios é superar a percepção de que os biocombustíveis competem com a produção de alimentos. A proposta brasileira enfatiza a sustentabilidade e o uso de áreas já degradadas, ou a maximização da produtividade por meio de *yields* mais altos e tecnologia de agricultura de precisão.
O financiamento verde global deve ser direcionado para projetos de bioenergia. A Unica e o governo brasileiro estão trabalhando para que os compromissos climáticos internacionais, como os estabelecidos nas COPs, priorizem mecanismos de crédito e incentivos fiscais para nações que assumirem a meta da quadruplicação de combustíveis sustentáveis.
Lições e Próximos Passos: Inspirando Mudança
A Unica tem plena consciência de que a proposta brasileira é audaciosa e que sua concretização depende da coordenação internacional. A diplomacia climática do Brasil agora está focada em traduzir essa meta em planos de ação nacionais concretos para os países signatários.
O Brasil se apresenta como um laboratório global de energia limpa, mostrando que é possível ter segurança energética com baixas emissões, utilizando o etanol como substituto imediato e eficaz da gasolina. A quadruplicação de combustíveis sustentáveis até 2035 é uma bandeira que demonstra a liderança climática brasileira e a maturidade tecnológica do setor de biocombustíveis.
Para os investidores e *decision makers* do setor elétrico, a expansão dos combustíveis sustentáveis representa uma oportunidade de diversificação de ativos de energia limpa com alta previsibilidade. A esperança da Unica é que o sucesso brasileiro em integrar biocombustíveis e eletricidade inspire o mundo a abraçar essa solução climática de forma decisiva e urgente, reforçando o papel central do Brasil na transição energética global.
Visão Geral
A Unica impulsiona o “Compromisso de Belém 4X”, almejando a quadruplicação de combustíveis sustentáveis. Esta proposta brasileira visa estabelecer o Brasil como líder global na transição energética, promovendo energia limpa e fornecendo modelos regulatórios para o mundo.























