Produtores do Norte e Nordeste devem se preparar para os desafios climáticos impostos pela La Niña.
A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) e a Organização Meteorológica Mundial (OMM) confirmam a formação da La Niña para 2025, com alta probabilidade de persistência até fevereiro de 2026. Mesmo sendo classificado como fraco, este fenômeno climático deve acentuar o volume de chuvas nas regiões Norte e Nordeste do Brasil durante a safra 2025/26. Embora a maior disponibilidade hídrica pareça benéfica, o excesso de umidade exige que os agricultores antecipem o planejamento para evitar perdas significativas na colheita e problemas fitossanitários decorrentes da saturação do solo.
Frederico Dellano, Consultor de Desenvolvimento de Produtos da TMG – Tropical Melhoramento & Genética, enfatiza que os impactos do aumento da umidade não podem ser subestimados. Ele alerta que o produtor precisa se antecipar e planejar o manejo adequado para enfrentar condições de maior umidade. Esse cenário pode potencializar a incidência de nematoides, favorecer o desenvolvimento de doenças fúngicas e, consequentemente, comprometer a qualidade dos grãos no momento da colheita. É crucial que as estratégias agrícolas sejam ajustadas preventivamente.
Escolha de Cultivares e Preparo da Estrutura
Dentre as medidas primordiais, destaca-se a seleção criteriosa de cultivares e a organização da estrutura de plantio. Dellano recomenda a escolha de materiais genéticos adaptados às condições locais e com comprovada resistência às doenças mais frequentes nessas áreas. Adicionalmente, o agricultor deve organizar a logística de insumos e garantir a manutenção e regulagem de suas máquinas com antecedência. Isso permite que o produtor aproveite os breves intervalos secos entre as chuvas para executar o plantio, prevenindo perdas importantes de janela de plantio devido ao solo encharcado.
O especialista também direciona a atenção para as condições do solo. É fundamental evitar a semeadura quando o solo estiver excessivamente encharcado, pois essa prática eleva o risco de compactação, prejudicando seriamente o desenvolvimento inicial da lavoura. Sempre que possível, a adoção de cultivares com maior tolerância ao acamamento é aconselhável, visto que o excesso contínuo de chuva pode predispor as plantas a tombarem, resultando em perdas.
Atenção Crítica Durante a Colheita
Um fator de risco elevado mencionado é o momento da colheita. O aumento da umidade pode levar à germinação dos grãos enquanto ainda estão nas vagens, o que deteriora a qualidade do produto final e pode facilitar o surgimento de doenças de final de ciclo. Buscar cultivares que apresentem melhor tolerância a essas condições adversas é uma tática eficaz para mitigar os impactos negativos esperados durante este período sensível da produção.
Perspectivas e Planejamento
Apesar dos desafios inerentes ao excesso hídrico, o consultor da TMG aponta que os anos de La Niña podem ser mais vantajosos para a região Norte se comparados aos períodos de El Niño, nos quais o volume de chuvas tende a ser escasso. Ele conclui que, embora a água em demasia exija cuidados extras no planejamento e na seleção de cultivares adaptadas, é totalmente possível alcançar bons resultados produtivos. Este episódio de La Niña, mesmo classificado como fraco, exige atenção redobrada durante as fases mais críticas do desenvolvimento da cultura.























