O Pix e seu impacto internacional
O Pix foi colocado na lista de supostas práticas “desleais” que vêm sendo analisadas pelo Escritório do Representante Comercial dos EUA. Por Misto Brasil – DF
O sistema de pagamentos instantâneos da Índia, o Unified Payments Interface (UPI), é anterior ao Pix brasileiro, maior, tem mais funcionalidades e também foi desenvolvido a partir de uma iniciativa do governo. Ele tem ficado, entretanto, fora do escrutínio dos Estados Unidos na força-tarefa montada em torno do tarifaço de Donald Trump, enquanto o Pix é alvo de uma investigação comercial aberta pelo governo americano em 15 de julho e ainda em andamento.
O Pix foi colocado na lista de supostas práticas “desleais” que vêm sendo analisadas pelo Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês), que se refere a ele indiretamente no documento em que detalha a investigação como “serviço de pagamento eletrônico desenvolvido pelo governo”. A medida ensejou comentários de figuras como o economista Paul Krugman, ganhador do prêmio Nobel, que elogiou o sistema brasileiro de pagamentos, e manifestações frequentes do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e do presidente Lula da Silva (PT) em defesa da plataforma.
Origem do UPI
O Unified Payments Interface (UPI) surgiu em 2016, quatro anos antes do Pix existir no Brasil, com características parecidas: um sistema de pagamentos instantâneo, usado tanto para transferir recursos de pessoa para pessoa quanto para realizar compras, que funcionava 24 horas por dia, de forma gratuita e sem a necessidade do uso de dados bancários como número da conta e agência. Ele foi parte de uma iniciativa em larga escala do governo indiano para promover a digitalização no país.
Características do UPI
O UPI foi desenvolvido por um consórcio de entidades financeiras (National Payments Corporation of India, NPCI) reunido por iniciativa do Banco Central da Índia. Juntos, eles montaram a infraestrutura por trás da plataforma, que se tornou o principal meio de pagamento no país, respondendo hoje por 83% das transações digitais. Hoje cerca de 500 milhões de indianos usam o serviço, conforme os números divulgados em julho pelo governo, e o sistema processa mais de 18 bilhões de transações por mês.
Expansão Internacional
O UPI avançou primeiro foi na expansão internacional. Hoje, a plataforma pode ser acessada em locais como Butão, Nepal, Cingapura, Emirados Árabes Unidos, Sri Lanka e França, resultado de acordos diretos da Índia com cada um desses países. A próxima fronteira de crescimento, segundo um relatório recente do Ministério das Finanças da Índia, seriam os países dos Brics, para os quais o primeiro-ministro Narendra Modi tem divulgado o UPI.
Comparação entre Pix e UPI
Em um artigo recente, a pesquisadora Polina Kempinsky listou o histórico e as características do Pix e do UPI e fez uma comparação dos dois sistemas. No Brasil, a forma como o Pix foi estruturado beneficiou empresas nacionais, especialmente bancos digitais e fintechs. “Alavancando o modelo do Pix”, elas desenvolveram inovação e cresceram, expandindo-se inclusive para outros mercados. Isso acabou fazendo do país uma referência internacional.
Visão Geral
O Brasil é bem conhecido hoje por seus ‘neobancos’ (bancos digitais) e pelo seu ecossistema doméstico de inovação financeira. O Nobel Paul Krugman elogiou o Pix por ser quase instantâneo e por ter custos de transação baixos e sugeriu que o Brasil pode ter inventado o futuro do dinheiro com esse sistema. “Outras nações podem aprender com o sucesso do Brasil no desenvolvimento de um sistema de pagamento digital”, escreveu Krugman.
Créditos: Misto Brasil