O Brasil se prepara para sediar a COP30 em Belém em 2025, e o holofote global estará inexoravelmente voltado para a Amazônia e, crucialmente, para as escolhas energéticas do país. O debate sobre a exploração de petróleo na Foz do Amazonas tornou-se o epicentro de uma profunda contradição. É nesse contexto que a voz de Maria João Rolim, uma das maiores referências brasileiras em direito e política energética, ecoa com urgência: o Brasil deve apresentar alternativas à exploração fóssil para validar sua liderança climática.
- A Tese de Rolim: Da Contradição à Convergência
- O Menu de Alternativas Limpas que o Brasil Pode Entregar
- Biodiesel Biometano e o Gás Natural A Ponte em Questão
- O Risco da Foz do Amazonas e a Economia do Futuro
- Estratégia Integrada O Desafio de Belém 2025
- Visão Geral
Para um público que vive e respira o setor elétrico, essa não é apenas uma discussão ambiental. É um cálculo econômico, uma questão de segurança energética de longo prazo e, acima de tudo, um imperativo de market share na transição energética global. Rolim defende que o país tem uma chance de ouro de transformar a necessidade de descarbonização em uma vantagem competitiva, mas isso exige abandonar a mentalidade extrativista.
A Tese de Rolim Da Contradição à Convergência
Maria João Rolim, sócia do escritório Rolim, Gôvea, Cavalcanti e ex-diretora do Instituto E+ Transição Energética, compreende profundamente a intersecção entre o capital privado, a regulamentação e o clima. Sua defesa é clara: o Brasil não pode se dar ao luxo de sediar a COP30 enquanto seu plano de desenvolvimento ainda flerta com a dependência de combustíveis fósseis, especialmente em regiões sensíveis.
O mundo está procurando cases de sucesso que combinem crescimento econômico e redução de emissões. O Brasil já é um gigante da energia renovável, com mais de 85% de sua matriz elétrica limpa. No entanto, o peso da tentação do petróleo novo, como o da Foz do Amazonas, descredibiliza essa narrativa. É nesse vácuo que as alternativas à exploração fóssil precisam ser mostradas com agressividade e ambição.
A credibilidade internacional não é apenas política; ela se traduz em acesso a financiamento verde e em atração de investimentos para novos projetos de energia renovável. Se o Brasil se posicionar como um player puramente fóssil na COP30, estará perdendo o trem da história econômica.
O Menu de Alternativas Limpas que o Brasil Pode Entregar
Para competir com a promessa de petrodólares, o Brasil precisa colocar em evidência seus ativos de energia renovável de última geração. Rolim e outros especialistas apontam um “menu” robusto de alternativas à exploração fóssil que podem gerar riqueza e lastro para o sistema elétrico.
Em primeiro lugar, está o Hidrogênio Verde (H2V). O país possui condições únicas para produzir H2V a um dos custos mais baixos do mundo, graças à abundância de energia renovável eólica e solar. A COP30 seria a plataforma ideal para apresentar megaprojetos de H2V, mostrando que o Brasil pode ser um exportador global de moléculas verdes, e não apenas de petróleo cru. Isso representa uma revolução industrial e de infraestrutura.
Em segundo lugar, a Eólica Offshore. Com um potencial de mais de 700 GW, os parques eólicos marinhos podem fornecer a energia firme e de grande escala que o Nordeste e o Sudeste precisam, rivalizando em volume com a exploração fóssil. A aceleração do marco regulatório para a Eólica Offshore deve ser uma prioridade antes da COP30.
Biodiesel Biometano e o Gás Natural A Ponte em Questão
A bioenergia é outra alternativa à exploração fóssil onde o Brasil já lidera. O programa de biocombustíveis e o avanço do biometano — um gás renovável obtido de resíduos orgânicos — demonstram a capacidade de descarbonizar setores de difícil mitigação, como o transporte e a indústria pesada.
Contudo, a discussão sobre o gás natural é mais espinhosa. Ele é amplamente visto como um combustível de transição energética por ser menos poluente que o carvão e o óleo. O Brasil tem investido pesadamente em infraestrutura de GNL e em usinas termelétricas a gás natural para garantir o lastro necessário à intermitência das eólicas e solares.
A defesa de Maria João Rolim é que, na COP30, o país deve ser cauteloso. O gás natural não pode ser vendido como uma solução final, mas como uma ponte temporária. O foco deve ser em como substituir o próprio gás por alternativas à exploração fóssil puramente renováveis no médio prazo, como o já mencionado H2V. A narrativa precisa ser de “desfossilização”, e não de “troca de fósseis”.
O Risco da Foz do Amazonas e a Economia do Futuro
A Foz do Amazonas não é apenas uma questão ambiental; é um divisor de águas econômico. Se o Brasil decidir avançar com a exploração fóssil na região, ele envia um sinal claro aos investidores globais: o país prefere a receita de curto prazo do petróleo ao vasto potencial de crescimento da energia renovável.
A COP30 será o palco para a diplomacia do clima, onde países serão julgados por suas ações. Se o Brasil apresentar apenas planos para a exploração fóssil e promessas de conservação, a credibilidade será baixa. O preço de não mostrar alternativas à exploração fóssil é o fechamento de portas de capital de investimento sustentável e a perda de market share em tecnologias limpas.
Estratégia Integrada O Desafio de Belém 2025
Para atender à defesa de Maria João Rolim, o Brasil precisa de uma estratégia integrada entre o setor elétrico, o agronegócio e a indústria. Não basta apenas ter parques eólicos; é preciso ter políticas públicas que garantam a atratividade dos PPAs de longo prazo para novas fontes, garantindo a expansão da energia renovável com estabilidade regulatória.
A COP30 em Belém não será apenas uma vitrine de energia renovável; será um teste de coerência. A transição energética é uma corrida por quem produz a energia mais limpa e competitiva do futuro. O Brasil tem todos os recursos naturais para vencer essa corrida, mas precisa decidir se quer ser um exportador de soluções climáticas ou um exportador de problemas climáticos. A urgência de Maria João Rolim reside na percepção de que o tempo para fazer essa escolha está se esgotando, e a decisão será cobrada no palco global em 2025.
Visão Geral
O posicionamento brasileiro na COP30 será definido pela capacidade de substituir a exploração fóssil por um portfólio ambicioso de alternativas à exploração fóssil, como H2V e Eólica Offshore, fortalecendo a segurança energética através da matriz de energia renovável.