A urgência de se adaptar às alterações do clima no setor agrícola para garantir a sustentabilidade financeira e produtiva no campo.
Ao iniciar o plantio de uma nova safra, é fundamental incorporar o planejamento das mudanças climáticas. Flutuações de temperatura e chuvas irregulares representam riscos significativos que podem impactar negativamente o calendário agrícola e a rentabilidade. Nesse contexto, o uso estratégico do crédito estruturado torna-se tão vital quanto as práticas de produção em si, oferecendo suporte financeiro necessário para navegar por essas incertezas. Os produtores que se antecipam a esses desafios ambientais demonstram maior capacidade de proteger seus resultados financeiros, utilizando ferramentas adequadas para manter a continuidade das operações mesmo diante de adversidades climáticas.
A Importância do Planejamento e do Crédito Estruturado
Victor Lemos Cardoso, Head Comercial da Agree, destaca que a proatividade frente aos desafios impostos pelo clima aumenta as chances de preservação dos resultados financeiros. Ele enfatiza que o crédito estruturado oferece o fôlego necessário para manter o fluxo de caixa estável durante períodos de instabilidade climática, ao passo que o seguro agrícola atua como uma rede de segurança contra perdas que são inevitáveis. Essas ferramentas são cruciais para que o produtor consiga atravessar momentos adversos sem que isso comprometa a sustentabilidade de sua produção a longo prazo.
Estudos científicos comprovam a necessidade urgente de ações no setor rural. Uma pesquisa realizada pela USP, divulgada na revista Nature Communications, correlaciona o desmatamento da Amazônia com a redução nas chuvas e o aumento da temperatura durante a seca. Esse cenário climático adverso se traduz em impactos financeiros diretos. Como explica Cardoso, a irregularidade hídrica frequentemente exige o replantio, o que, por sua vez, eleva os custos com insumos e causa atrasos no ciclo produtivo. É exatamente nesses momentos críticos que o planejamento financeiro bem estruturado e o acesso ao crédito estruturado demonstram seu valor real, mitigando os prejuízos.
Impactos em Culturas Diversas e Projeções Futuras
Outro levantamento, conduzido pela Embrapa, alerta que até culturas consideradas mais resistentes podem se tornar inviáveis em ambientes de campo aberto nas próximas décadas. Culturas como o alface, por exemplo, dependem de temperaturas ideais para germinação (abaixo de 22°C), e as projeções climáticas mais pessimistas indicam um aumento de temperatura de até 4,3°C até o final do século. Cardoso observa que esses dados indicam que os efeitos do clima já são uma realidade sentida diariamente no campo. Isso significa que o impacto não se restringe apenas às grandes commodities, afetando também os alimentos básicos consumidos diariamente. O produtor precisa integrar esses cenários ao organizar seu caixa e definir suas estratégias operacionais.
O Risco Climático como Fator Econômico Global
A preocupação com as consequências ambientais transcende a esfera produtiva e se instala no âmbito econômico global. Um estudo colaborativo entre o Boston Consulting Group (BCG) e a Universidade de Cambridge projeta que o Brasil poderá sofrer uma perda de até 18% do seu PIB até 2050 caso a inação climática persista. Para toda a América Latina, a retração estimada é de 14%. Cardoso conclui que essas projeções demonstram claramente que o desafio climático não é apenas ambiental, mas também um significativo risco econômico. Este risco tem o potencial de afetar diretamente a produtividade, a competitividade do setor e, consequentemente, a renda de todo o setor agropecuário.
























