No setor elétrico, em especial, o impacto já é profundo e deve se intensificar nos próximos anos.
Por Alan Henn, Engenheiro Eletricista e CEO da Voltera Energia
Nos últimos anos, a Inteligência Artificial (IA) deixou de ser apenas uma promessa futurista para se tornar uma força concreta de transformação em diversos setores.
O sistema elétrico sempre foi, por natureza, complexo, pois envolve muitos fatores, como geração, transmissão, distribuição e consumo em uma rede que precisa funcionar de forma estável, segura e ininterrupta.
Tradicionalmente, esse equilíbrio era mantido com base em modelos estatísticos e projeções históricas. Agora, algoritmos de IA são capazes de prever com muito mais precisão tanto a oferta de energia, especialmente renovável sujeita a variações climáticas, quanto a demanda, que oscila ao longo do dia.
Com isso, as usinas podem operar de maneira mais eficiente, reduzindo desperdícios e custos. A previsão de ventos, radiação solar ou até mesmo de picos de consumo em datas específicas não é mais feita apenas por especialistas humanos, mas por sistemas que analisam milhões de dados em tempo real.
Outro avanço está na manutenção preditiva. Sensores instalados em linhas de transmissão, subestações e parques de geração enviam dados continuamente para plataformas de IA, que identificam anomalias antes mesmo de uma falha ocorrer. Isso reduz drasticamente o risco de apagões e aumenta a confiabilidade do sistema.
Do lado do consumidor, a IA também já está presente e traz benefícios. Aplicativos de gestão energética conseguem indicar o melhor horário para utilizar equipamentos, otimizar contratos no mercado livre de energia e até recomendar a migração para fontes renováveis. Essa personalização transforma o consumidor em protagonista de sua própria jornada energética.
No Brasil, onde o mercado livre de energia está em expansão e cada vez mais empresas podem escolher seu fornecedor, os algoritmos serão decisivos para democratizar esse acesso. Pequenas e médias empresas poderão adotar o mesmo nível de sofisticação de gestão que antes só estava ao alcance das grandes indústrias.
O futuro do setor elétrico será inevitavelmente digital. A IA não substitui o engenheiro ou o gestor, mas amplia sua capacidade de decisão. Mas o profissional do setor passa a ter um copiloto inteligente, que ajuda a tornar o sistema mais sustentável, eficiente e acessível.
Se a energia é a base do desenvolvimento econômico, a inteligência artificial é o motor que está redesenhando como essa energia será produzida, distribuída e consumida. Estamos diante de uma revolução silenciosa, mas decisiva, e que já começou.