Nos últimos anos, a geração distribuída (GD) deixou de ser um conceito distante para se tornar uma realidade concreta no setor elétrico brasileiro. E entre os públicos que mais podem se beneficiar dessa transformação estão os condomínios, tanto verticais quanto horizontais.
Por Rafael Zanatta, Diretor Comercial e de Operações da Bow-e
O motivo é simples: além de trazer economia e sustentabilidade, a GD se adapta a diferentes perfis de consumo, permitindo que cada empreendimento encontre o modelo mais adequado às suas necessidades.
De forma tradicional, a GD é implementada por meio da instalação de sistemas solares nos telhados ou áreas comuns do condomínio. Essa energia pode atender tanto o consumo coletivo, como iluminação, elevadores e portarias, quanto, em alguns casos, ser distribuída proporcionalmente entre os condôminos.
Esse modelo continua sendo válido, mas nem sempre é viável: prédios podem ter pouco espaço para painéis solares, e o investimento inicial costuma exigir um consenso em assembleia, além de planejamento de longo prazo.
É justamente nesse ponto que entra a geração distribuída por assinatura, uma modalidade que vem ganhando força no País. Em vez de instalar painéis solares no próprio condomínio, os moradores podem aderir a usinas solares já existentes, conectadas à rede de distribuição. O processo é simples: a Bow-e, por exemplo, conecta o condomínio a uma de suas usinas e gera créditos de energia que são abatidos diretamente na conta de luz. Sem necessidade de obras, sem investimento inicial e com contratos flexíveis, o modelo democratiza o acesso à energia limpa.
Os benefícios são múltiplos, com uma média de economia de 20% em relação ao mercado cativo. O condomínio se torna menos vulnerável aos aumentos nas tarifas de energia e às variações das bandeiras tarifárias. Além disso, trata-se também de uma solução ambientalmente responsável: ao assinar a GD, o condomínio passa a consumir energia de fonte renovável, contribuindo para reduzir a pegada de carbono e para diversificar a matriz elétrica brasileira.
Outro ponto de destaque é a facilidade de gestão. Diferente da instalação própria, que exige manutenção periódica e responsabilidade coletiva entre os condôminos, o modelo por assinatura transfere toda a operação e monitoramento da usina para a empresa parceira. Para o condomínio, isso significa usufruir da energia limpa sem se preocupar com questões técnicas ou jurídicas.
O marco legal da geração distribuída (Lei 14.300/2022) trouxe ainda mais segurança a essa modalidade, permitindo que condomínios façam parte de modelos compartilhados de geração. Com isso, abre-se um caminho para que empreendimentos de diferentes portes possam aderir à GD por assinatura de maneira simples, com garantias regulatórias e benefícios comprovados.
Um exemplo claro do avanço nesse setor está na região Norte e Nordeste do País, onde a adesão à geração distribuída tem crescido cada vez mais. Em 2024, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica, os estados que registraram os maiores crescimentos proporcionais de capacidade instalada de GD solar foram Roraima (95%), Amapá (73%), Acre (67%), Alagoas (63%) e Rondônia (57%). Esse movimento demonstra como a GD está se consolidando também em regiões historicamente menos atendidas, ampliando o acesso à energia renovável e reforçando seu papel estratégico para o desenvolvimento sustentável do Brasil.
Hoje, o Brasil já conta com mais de 10 GW de potência instalada em geração distribuída, sendo a energia solar responsável pela grande maioria desse total. A tendência é de crescimento acelerado, especialmente em modelos coletivos e de assinatura, que eliminam barreiras como custo inicial e falta de espaço físico.
Em um cenário de energia cada vez mais cara e em constante pressão por sustentabilidade, condomínios que optam pela geração distribuída por assinatura saem na frente. Eles reduzem custos, valorizam seus imóveis, atendem a demandas ambientais e ainda contribuem para um setor elétrico mais descentralizado e eficiente.