Pesquisadores unem forças para explorar o armazenamento de CO2 em rochas basálticas no Brasil, visando a descarbonização do setor de bioenergia.
A Equinor, com mais de duas décadas de atuação no Brasil, e o Centro de Pesquisa e Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI) da Universidade de São Paulo (USP) anunciaram uma colaboração de grande impacto. O projeto denominado CABRA (CArbon Storage in BRAzilian Basalts) recebeu um investimento de aproximadamente R$ 10 milhões para investigar a viabilidade de utilizar formações basálticas como locais de armazenamento seguro para o CO2 emitido por usinas de bioetanol.
O foco principal do projeto está nas formações rochosas da Bacia Sedimentar do Paraná, uma área com alta concentração de unidades produtoras de bioetanol na Região Sudeste. Essas rochas ígneas têm a capacidade notável de reagir quimicamente com o dióxido de carbono injetado, promovendo sua transformação em minerais sólidos. Além da análise detalhada da geologia local, serão conduzidos estudos de engenharia cruciais para viabilizar um futuro projeto piloto. O objetivo é quantificar a capacidade de injeção, o volume total de armazenamento possível e a velocidade com que o CO2 se mineraliza nessas estruturas geológicas.
Andrea Achôa, gerente de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Equinor Brasil, expressou entusiasmo com a parceria:
“Poder contar com a experiência de uma instituição de excelência como a USP para desenvolvermos um projeto como o CABRA nos enche de orgulho. A Equinor é uma das empresas líderes em captura e armazenamento de carbono internacionalmente e esse é um primeiro passo para avaliarmos as possibilidades de projetos como esse no Brasil. A iniciativa faz parte da ambição da Equinor em contribuir para um futuro de baixo carbono, agregado ao desenvolvimento da sociedade, essa parceria é um exemplo concreto disto”.
Julio Meneghini, diretor científico do RCGI, reforçou a importância da união entre academia e indústria. Ele destacou que “O projeto CABRA reforça o compromisso do RCGI em desenvolver soluções científicas que contribuam para a descarbonização da matriz energética brasileira. Trata-se de uma iniciativa que alia excelência acadêmica à experiência de uma empresa global de energia, com potencial de gerar conhecimento e tecnologias de alto impacto para o país”.
O Brasil se destaca mundialmente como o maior produtor de etanol a partir da cana-de-açúcar, uma fonte de bioenergia importante. Contudo, o processo de produção ainda gera emissões de CO2. A integração das tecnologias de captura e armazenamento geológico de carbono (CCS) com a produção de bioetanol pode reverter esse balanço de emissões, tornando a cadeia produtiva ainda mais sustentável e alinhada com metas climáticas globais.
Experiências Adicionais em CCS
A Equinor traz consigo uma vasta experiência, acumulada por quase três décadas de operações bem-sucedidas de armazenamento de CO2 no subsolo marinho da Noruega, consolidando-a como uma das principais operadoras de CCS no cenário mundial. Paralelamente, o RCGI-USP possui um histórico robusto em tecnologias de captura e armazenamento de carbono. A liderança da equipe de pesquisa cabe ao professor Colombo Celso Gaeta Tassinari, do Instituto de Energia e Ambiente (IEE-USP), reconhecido como uma referência nacional em geociências e coordenador de estudos focados no potencial dos basaltos brasileiros para o armazenamento geológico de CO2.
Investimento em Pesquisa e Desenvolvimento no Brasil
No cenário brasileiro, a Equinor tem construído um portfólio diversificado em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P,D&I). Até o momento, a empresa já se comprometeu com investimentos que somam cerca de R$ 740 milhões destinados a parceiros externos para o avanço de projetos de P&D no país. Atualmente, a companhia mantém aproximadamente 40 projetos ativos, abrangendo tanto tecnologias de petróleo e gás quanto soluções voltadas para a transição energética e baixo carbono.
























