Ferramentas tecnológicas ajudam a reduzir custos, preservar recursos e aumentar a competitividade.
O Brasil é uma potência agrícola, responsável por cerca de 24% do PIB nacional, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). No entanto, por ser um país tropical, também está entre os mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas. O aumento das temperaturas, a irregularidade das chuvas e a ocorrência de eventos extremos, como secas prolongadas e enchentes, afetam diretamente a produtividade no campo e impõem aos produtores o desafio de adotar soluções inovadoras para garantir competitividade e sustentabilidade.
Nesse contexto, a inteligência artificial (IA) surge como uma aliada estratégica para tornar o setor mais resiliente e sustentável. Ao integrar dados climáticos, informações de solo, imagens de satelite e histórico de safras, a tecnologia permite prever riscos, recomendar práticas de manejo mais eficientes e apoiar a tomada de decisão em tempo real. Isso significa que produtores podem se antecipar a mudanças no clima, planejar safras com mais segurança e reduzir impactos ambientais.
Com isso, a IA pode identificar padrões de variabilidade climática que influenciam diretamente o crescimento das lavouras e sugerir ajustes no uso de insumos, como irrigação e fertilizantes. Além de reduzir custos operacionais, essas soluções contribuem para a preservação de recursos naturais. Estudos da Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária apontam que tecnologias de monitoramento e análise inteligente podem diminuir o consumo de água e insumos agrícolas em até 30%, sem comprometer a produtividade.
Outro benefício é a capacidade da IA na mitigação de riscos financeiros. Ao projetar cenários de impacto climático na produção, a tecnologia pode apoiar cooperativas e distribuidores na negociação de contratos e seguros agrícolas. Além disso, a análise de dados integrada possibilita otimizar o uso de insumos, reduzindo desperdícios e minimizando a emissão de gases de efeito estufa, o que fortalece as práticas de sustentabilidade e competitividade do agro brasileiro.
Para Esteban Huerta, líder de arquitetura de soluções na BlueShift Brasil, o diferencial está em transformar dados em decisões rápidas e de impacto.
“Com a IA, o produtor não apenas reage às mudanças climáticas, mas se antecipa a elas. Isso garante mais estabilidade para a produção, maior competitividade para o agronegócio brasileiro e, principalmente, contribui para uma agricultura mais sustentável e adaptada ao futuro”, afirma.
Com a pressão crescente por práticas agrícolas que conciliam eficiência e preservação ambiental, a IA deixa de ser apenas um diferencial competitivo e se torna uma necessidade estratégica. Mais do que garantir produtividade, seu uso consciente é impulsionado por diretrizes de sustentabilidade e ESG, que orientam o setor para a redução de desperdícios, a preservação dos recursos naturais e a mitigação de impactos ambientais. Com as projeções do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) apontando para o aumento da frequência de eventos extremos nos próximos anos, a adoção de tecnologias preditivas será decisiva para manter o Brasil na liderança da produção de alimentos no cenário global.