Dilma Rousseff acredita na viabilidade do armazenamento de energia eólica e solar e destaca: “Estava certa ao falar em estocar vento”

Dilma Rousseff acredita na viabilidade do armazenamento de energia eólica e solar e destaca a importância da estocagem de vento.
Dilma Rousseff acredita na viabilidade do armazenamento de energia eólica e solar e destaca a importância da estocagem de vento. - Foto: Reprodução / Freepik AI
Compartilhe:
Fim da Publicidade

A frase “estocar vento”, proferida pela então Presidente Dilma Rousseff em 2015, ecoou como um meme e motivo de escárnio nas redes sociais e em parte da imprensa brasileira.

“No passado, lembro que disse que tinha que armazenar vento e sol. Toda a imprensa brasileira achou que isso era uma ignorância. Pois muito bem. Saibam que essa é uma das áreas mais importantes para resolver problemas como o que ocorreu em Portugal e na Espanha”, afirmou a ex-presidente.

A frase “estocar vento”, proferida pela então Presidente Dilma Rousseff em 2015, ecoou como um meme e motivo de escárnio nas redes sociais e em parte da imprensa brasileira. Considerada, à época, um exemplo de desconhecimento técnico ou uma gafe, a declaração se torna, uma década depois, um símbolo da visão de futuro e da urgência no desenvolvimento de tecnologias de armazenamento de energia renovável.

Em evento recente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como Banco dos BRICS, Dilma não apenas defendeu sua afirmação, como a contextualizou como uma questão estratégica e imperativa diante da crise energética global e dos desafios da transição energética para uma matriz energética mais limpa.

1. Contexto Histórico da Declaração de Dilma (2015)

Em 2015, durante um discurso na Organização das Nações Unidas (ONU), a Presidente Dilma Rousseff abordou a intermitência das fontes de energia renovável, como a eólica e a solar. Sua fala, “O vento podia ser [uma solução], mas você não conseguiu ainda tecnologia para estocar vento“, foi rapidamente descontextualizada. Para muitos, a expressão parecia absurda, sugerindo uma incapacidade de compreensão técnica sobre o funcionamento da energia eólica. A imprensa e as redes sociais, em um período de forte polarização política, transformaram a frase em um símbolo de suposta inaptidão, gerando memes e críticas que desviavam o foco da discussão essencial sobre o desafio do armazenamento energético. O cerne da questão, no entanto, era a necessidade de desenvolver sistemas eficientes para guardar o excedente de energia gerado em momentos de pico de produção, garantindo a oferta em períodos de baixa ou ausência de vento e sol.

2. Reafirmação Recente de Dilma (2025)

Quase dez anos após a polêmica, a ex-presidente e atual presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), Dilma Rousseff, retornou ao tema em um evento no Rio de Janeiro. Com a autoridade de quem hoje lidera uma instituição financeira com foco em infraestrutura e desenvolvimento sustentável, Dilma reafirmou sua posição, declarando: “Eu estava certa ao falar em estocar vento”. Sua defesa veio acompanhada de exemplos concretos da atualidade, como os recentes apagões que afetaram a Península Ibérica (Portugal e Espanha) em 2025, os quais poderiam ter sido mitigados com sistemas de armazenamento de energia. Ela destacou que o armazenamento de energia, em especial de fontes intermitentes como eólica e solar, deixou de ser uma ideia distante para se tornar uma questão estratégica fundamental para a segurança e a estabilidade das redes elétricas globais. A realidade atual valida sua visão pioneira, mostrando que o que parecia uma abstração política é agora uma necessidade técnica e econômica.

3. Tecnologias de Armazenamento de Energia em Desenvolvimento

A boa notícia é que a tecnologia para “estocar vento” e energia solar tem avançado exponencialmente. Diversas soluções estão em fase de pesquisa, implementação e escala comercial, provando que a visão de Dilma não era uma fantasia, mas uma antecipação de um futuro inevitável para a energia limpa.

3.1. Baterias em Larga Escala (BESS)

Os Sistemas de Armazenamento de Energia em Baterias (Battery Energy Storage Systems – BESS) são a solução mais proeminente e escalável atualmente. Grandes bancos de baterias de íon-lítio, semelhantes às usadas em veículos elétricos, mas em escala de megawatt, são instalados junto a parques eólicos e solares ou em subestações elétricas. Eles armazenam o excesso de energia gerado quando há alta produção e injetam-no na rede quando a demanda é maior ou a geração renovável é baixa. No Brasil, já existem projetos pilotos e o governo planeja o primeiro leilão federal exclusivo para contratação de capacidade de armazenamento associada à geração eólica e solar em 2025, demonstrando a importância estratégica dessa tecnologia.

3.2. Hidrogênio Verde

O hidrogênio verde, produzido pela eletrólise da água usando eletricidade de fontes renováveis, emerge como uma promissora forma de estocar vento e sol em larga escala. Em momentos de excedente de energia eólica ou solar, essa eletricidade pode ser usada para produzir hidrogênio, que pode ser armazenado em tanques e, posteriormente, convertido em eletricidade em células a combustível ou turbinas, ou utilizado como combustível para transporte e indústria. O Reino Unido, por exemplo, já possui projetos de armazenamento de hidrogênio verde para equilíbrio da rede, e o Brasil, com seu vasto potencial eólico e solar, tem se posicionado como um futuro hub global para a produção de hidrogênio verde.

3.3. Armazenamento Gravitacional

Uma tecnologia inovadora que remete à ideia de “estocar” algo físico é o armazenamento gravitacional. Empresas como a Energy Vault desenvolveram sistemas que utilizam blocos de concreto pesados, que são elevados a alturas consideráveis por guindastes em momentos de excedente de energia. Quando a energia é necessária, os blocos são baixados, e a energia potencial é convertida em eletricidade por meio de geradores. O Rio Grande do Norte, maior produtor de energia eólica do Brasil, já tem um projeto pioneiro nesse sentido com a EV Brasil, que visa a instalação de um sistema com blocos de 35 toneladas elevados a 120 metros de altura. Essa solução é ambientalmente amigável, com vida útil longa e sem resíduos químicos. É, literalmente, uma forma de “estocar” a força do vento e do sol.

3.4. Armazenamento Criogênico (Ar Líquido)

FIM PUBLICIDADE

Outra alternativa é o armazenamento criogênico, que envolve o resfriamento do ar até que ele se torne líquido (-196°C) e possa ser armazenado em tanques isolados. Quando a energia é necessária, o ar líquido é aquecido e expande-se rapidamente, acionando uma turbina para gerar eletricidade. Essa tecnologia é particularmente interessante para grandes volumes de armazenamento e possui um ciclo de vida longo, sem a degradação de baterias químicas.

4. Avanços no Brasil: Projetos e Políticas Públicas

O Brasil, com sua vasta capacidade de geração de energia renovável, especialmente eólica e solar, está no limiar de uma revolução no armazenamento. A crescente participação dessas fontes na matriz energética nacional – que já conta com mais de 31,6 milhões de MW de capacidade instalada e um avanço notável na microgeração solar distribuída – torna o armazenamento um imperativo. O já mencionado leilão federal de 2025 para sistemas de armazenamento em baterias representa um marco. Além disso, iniciativas estaduais, como o projeto no Rio Grande do Norte com armazenamento gravitacional, demonstram a vanguarda do país na busca por soluções inovadoras para “estocar vento”. No entanto, os desafios regulatórios e operacionais persistem, como evidenciado pelas ações judiciais de usinas eólicas e solares que sofreram cortes de geração, resultando em bilhões de reais em prejuízos. Esse cenário reforça a necessidade urgente de uma infraestrutura de transmissão e armazenamento robusta e políticas públicas que incentivem a integração dessas tecnologias.

5. Importância Estratégica para a Matriz Energética

A importância estratégica do armazenamento para a matriz energética brasileira e global é inegável. A intermitência das fontes eólica (que gera mais à noite) e solar (que gera mais durante o dia) contrasta com o pico de demanda elétrica, que geralmente ocorre no fim da tarde e início da noite (entre 18h e 21h). Essa defasagem gera a necessidade de despachar termelétricas mais caras ou de realizar cortes na geração renovável, o que é ineficiente e prejudicial. O armazenamento resolve esse problema, permitindo que a energia gerada em excesso seja guardada e utilizada nos momentos de maior necessidade, otimizando o uso dos recursos renováveis e garantindo a estabilidade da rede. Incidentes como o apagão de agosto de 2023, que afetou grande parte do Brasil, expõem a vulnerabilidade do sistema e a urgência de soluções de balanceamento, onde o armazenamento desempenha um papel crucial.

6. Contexto Internacional e o Papel do BRICS

A pauta do armazenamento de energia transcendeu as fronteiras nacionais e se tornou uma prioridade global, especialmente em um cenário de crises energéticas e a crescente urgência climática. Os apagões na Europa, citados por Dilma, servem como um alerta para a necessidade de resiliência e flexibilidade nas redes elétricas. O Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), sob a presidência de Dilma Rousseff, tem um papel fundamental nesse contexto. Com US$ 40 bilhões aprovados em 122 projetos, a instituição prioriza investimentos em infraestrutura e, cada vez mais, em transição energética. A defesa do armazenamento de energia por Dilma no BRICS não é apenas uma revisão de sua fala de 2015, mas um posicionamento estratégico que alinha o banco e seus membros com as soluções mais avançadas para a segurança energética e a sustentabilidade global.

7. Repercussão Midiática e Revisão Narrativa

A trajetória da frase “estocar vento” na mídia brasileira é um fascinante estudo de caso sobre a evolução da percepção pública e a adaptação do jornalismo a novos conhecimentos técnicos. Se em 2015 a maioria da imprensa optou pela ridicularização, anos depois, com a consolidação das tecnologias de armazenamento, a narrativa mudou. Publicações como Ecoa (UOL), eCycle, e Gazeta do Povo passaram a abordar o tema de forma séria e técnica, explicando as possibilidades de “estocar” energia do vento e do sol. A própria Dilma, em suas recentes aparições, não hesita em provocar a imprensa, lembrando-os da antiga ironia e destacando que o que antes era motivo de piada, hoje é uma “pauta estratégica global”. Essa revisão narrativa demonstra a importância da educação e do tempo para que a verdade técnica prevaleça sobre a desinformação.

8. Conclusão: Validação Técnica e Futuro

A defesa de Dilma Rousseff sobre o armazenamento de energia eólica e solar, e sua afirmação de que “Eu estava certa ao falar em estocar vento”, é muito mais do que uma revanche política. É a validação de uma visão técnica que antecipou um dos maiores desafios da transição energética: como garantir a estabilidade do sistema elétrico quando as fontes predominantes são intermitentes.

Energia Renovável com Economia, Praticidade e Sustentabilidade: O futuro da energia limpa no Brasil e no mundo passa inegavelmente pelo armazenamento. A capacidade de estocar vento e sol não apenas otimiza o uso de recursos renováveis, evitando o desperdício e a necessidade de despachar termelétricas, mas também confere ao sistema elétrico uma resiliência sem precedentes. Economicamente, o armazenamento reduz os custos operacionais da rede, diminui a necessidade de investimentos em novas linhas de transmissão para lidar com picos e vale de geração, e impulsiona a inovação tecnológica, gerando empregos e valor para a economia. A praticidade reside na flexibilidade que ele oferece, permitindo que a energia seja consumida onde e quando for mais necessária, tornando as redes mais inteligentes e adaptáveis. Do ponto de vista da sustentabilidade, o armazenamento é um pilar fundamental. Ao maximizar o uso de fontes limpas, reduz a pegada de carbono, combate as mudanças climáticas e contribui para um futuro energético mais verde e seguro para as próximas gerações.

O Brasil, com seu imenso potencial eólico e solar, tem a oportunidade de se tornar um líder global não apenas na geração, mas também no armazenamento de energias renováveis. Projetos inovadores, políticas públicas assertivas e a contínua evolução tecnológica são os pilares para que a visão de “estocar vento” se consolide plenamente como uma realidade que impulsiona a economia, oferece praticidade e garante a sustentabilidade do nosso planeta. A história, e a tecnologia, deram razão àquela que, no passado, foi criticada por sua ousada (e agora precisa) declaração.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE
Facebook
X
LinkedIn
WhatsApp

Área de comentários

Seus comentários são moderados para serem aprovados ou não!
Alguns termos não são aceitos: Palavras de baixo calão, ofensas de qualquer natureza e proselitismo político.

Os comentários e atividades são vistos por MILHÕES DE PESSOAS, então aproveite esta janela de oportunidades e faça sua contribuição de forma construtiva.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

ASSINE NOSSO INFORMATIVO

Inscreva-se para receber conteúdo exclusivo em seu e-mail, todas as semanas.

Não fazemos spam! Leia nossa política de privacidade para mais informações.

ASSINE NOSSO INFORMATIVO

Inscreva-se para receber conteúdo exclusivo em seu e-mail, todas as semanas.

Não fazemos spam! Leia nossa política de privacidade para mais informações.

Comunidade Energia Limpa Whatsapp.

Participe da nossa comunidade sustentável de energia limpa. E receba na palma da mão as notícias do mercado solar e também nossas soluções energéticas para economizar na conta de luz. ⚡☀

Siga a gente

plugins premium WordPress