Pesquisadores brasileiros compartilham avanços cruciais sobre urânio em um evento internacional sediado no Uzbequistão, destacando o potencial geológico do país.
Os pesquisadores Hugo Polo e Raul Meloni, representando o Serviço Geológico do Brasil (SGB), estão presentes na Reunião Técnica sobre Avanços e Inovações na Exploração e Mineração de Depósitos de Urânio em Arenito, que ocorre no Uzbequistão. Este encontro é uma ocasião estratégica fundamental para a atualização técnica e científica dos profissionais envolvidos com o setor.
A reunião conta com a promoção do Ministério da Indústria de Mineração e Geologia da República do Uzbequistão e é conduzida por especialistas da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA). O foco principal está nos diálogos sobre os mais recentes métodos de exploração, técnicas de mineração e processamento, com uma atenção especial aos depósitos do tipo arenito. Além das sessões técnicas, a programação inclui uma visita de campo a operações de mineração que utilizam a tecnologia de recuperação *in situ* (ISR), reconhecida por seu menor impacto ambiental.
Na abertura do evento, o pesquisador Hugo Polo compartilhou os achados sobre as características geológicas e o potencial de recursos dos depósitos de urânio em arenito encontrados no Brasil. O estudo apresentado deu destaque a três locais específicos: o depósito Figueira, localizado no Paraná; o de Amorinópolis, em Goiás; e o Rio Cristalino, no Pará. É importante notar que esses depósitos representam, atualmente, apenas 4% do total de recursos de urânio confirmados no país. O Brasil detém um total de 154 mil toneladas de recursos confirmados e mais 95 mil toneladas de recursos estimados deste minério estratégico.
O estudo apresentado por Polo ressaltou a importância desses achados:
“Embora os depósitos de urânio em arenito constituam uma parcela relativamente pequena do estoque total de urânio do Brasil, e não haja mineração nesse tipo de depósito, eles representam uma importante fronteira de exploração com considerável potencial de recursos. Apoiado por uma estrutura geológica robusta e conjuntos de dados geofísicos em expansão, o Brasil está bem posicionado para revigorar suas iniciativas de exploração e avaliação de recursos de urânio”.
No dia seguinte, a apresentação de Raul Meloni focou especificamente no potencial do depósito do Rio Cristalino. Ele enfatizou a relevância deste local no cenário nacional e internacional:
“O depósito de Rio Cristalino se destaca como um recurso de urânio potencialmente de classe mundial dentro do contexto mais amplo de reservas de urânio subexploradas, porém significativas, do Brasil. Resultados iniciais sugerem a presença de mineralização de urânio de alto teor na região, possivelmente influenciada por múltiplos sistemas mineralizadores”, enfatizou Raul Meloni, destacando o potencial de exploração futuro.
Os pesquisadores do SGB aproveitaram o encontro para intensificar a troca de experiências com outras instituições de ponta. Houve reuniões produtivas com representantes da Navoiyuran, a empresa estatal do Uzbequistão responsável pela pesquisa e lavra de urânio no país, que é uma das coanfitriãs do evento ao lado da IAEA. Adicionalmente, foi realizada uma reunião com o professor Ziying Li, do Instituto de Pesquisa de Geologia de Urânio de Pequim (BRIUG). Essas interações são cruciais para o fortalecimento do diálogo técnico com instituições de referência mundial e para a ampliação da rede de cooperação científica do SGB em escala global.
A participação brasileira reforça o compromisso do SGB com a produção de conhecimento geocientífico de alta qualidade, mantendo-se alinhado às diretrizes internacionais estabelecidas pela IAEA, agência que inclusive custeou parte da viagem dos pesquisadores ao Uzbequistão, evidenciando o reconhecimento internacional do trabalho desenvolvido.