A Embrapii está investindo R$ 60 milhões no credenciamento de um Centro de Competência focado em Hidrogênio de baixa emissão de carbono, visando impulsionar a tecnologia e a sustentabilidade no Brasil.
A Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) anunciou a abertura de chamada para o credenciamento de um novo Centro de Competência, com foco estratégico no Hidrogênio de baixa emissão de carbono. Este projeto representa um investimento significativo de R$ 60 milhões, provenientes do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).
O objetivo primordial é consolidar a capacidade brasileira na produção limpa e no uso seguro e eficiente de fontes renováveis, pavimentando o caminho para um futuro de baixo carbono e garantindo energia sustentável para a indústria e a sociedade. A condução desta chamada pública ocorre em colaboração com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), através da Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Setec). O anúncio oficial foi feito durante a abertura do 4º Congresso Brasileiro do Hidrogênio, em Brasília.
Na ocasião do anúncio, o presidente da Embrapii, Alvaro Prata, enfatizou a força da rede de inovação da empresa na procura por soluções alinhadas à sustentabilidade industrial. Ele destacou o papel da organização no fortalecimento da economia sustentável, contando com 17.800 colaboradores em suas unidades espalhadas pelo país.
“Temos hoje 17.800 colaboradores nas nossas unidades nas cinco regiões do Brasil, desempenhando o papel da Embrapii no fortalecimento da economia que gera sustentabilidade, com a preocupação de mitigar o impacto do setor industrial no meio ambiente, promovendo soluções”
O cronograma para a seleção do Centro de Competência estabelece o prazo final para a participação na chamada até 24 de novembro de 2025. Podem se candidatar grupos de pesquisa vinculados a Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs), sejam elas públicas ou privadas, desde que não tenham fins lucrativos e possuam a infraestrutura física adequada. É crucial que os grupos candidatos demonstrem uma ligação robusta com o setor industrial e apresentem um histórico de projetos bem-sucedidos na área. Para oferecer suporte aos interessados, um webinar para esclarecimento de dúvidas será conduzido em 30 de outubro. A divulgação do resultado do credenciamento está programada para maio de 2026, marcando a próxima fase do fomento à tecnologia no setor.
Rafael Dubeux, secretário-executivo-adjunto do Ministério da Fazenda, salientou que a transformação ecológica transcende a simples descarbonização, englobando também a promoção da produtividade e da inovação tecnológica. Ele afirmou que a chamada para o centro dedicado ao hidrogênio de baixo carbono concretiza esses objetivos, fortalecendo uma indústria com vasto potencial para o Brasil.
“Essa chamada para um centro de competência de hidrogênio de baixo carbono materializa esses objetivos, impulsionando uma indústria com grande potencial para o Brasil e habilitando o país a ser desenvolvedor de novas tecnologias, e não apenas usuário. Esse centro, além disso, possibilitará parcerias internacionais com instituições de ponta, das quais o Brasil participará com o propósito de avançar na fronteira tecnológica”
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, sublinhou a importância deste anúncio no contexto da preparação do Brasil para sediar a COP 30, posicionando o país como um polo central nas discussões climáticas globais. Ela reforçou o compromisso do governo com o investimento público em ciência como ferramenta essencial contra a crise climática.
“Essa ação ganha ainda mais relevância num momento em que o Brasil se prepara para sediar a COP30 com a missão de ser o centro das discussões globais sobre o clima. O MCTI está presente em todo o país com projetos que enfrentam diretamente os desafios das mudanças climáticas. Esse investimento reafirma um compromisso que é do nosso ministério e de todo o governo: não há como enfrentar a crise climática sem ciência e sem investimento público. É isso o que estamos fazendo, colocando em prática soluções concretas que fazem a diferença na vida das pessoas”
As áreas de pesquisa prioritárias para o futuro Centro de Competência em Hidrogênio abrangem todo o ciclo da cadeia de valor. Isso inclui a produção de hidrogênio de baixa emissão a partir de fontes sustentáveis, bem como os desafios relacionados ao armazenamento, transporte e segurança deste composto. Além disso, serão exploradas diversas aplicações setoriais cruciais para a descarbonização da economia, como os setores siderúrgico, cimenteiro, de transportes, de fertilizantes, de combustíveis, de processos químicos/industriais e o de geração de energia elétrica, consolidando a versatilidade do hidrogênio verde.
Os Centros de Competência Embrapii são concebidos com o propósito de fomentar pesquisas de alto impacto e formar a próxima geração de líderes para a indústria. Esta rede agrega instituições de reconhecida excelência técnica e científica, contando com capital humano altamente qualificado e infraestrutura de ponta, atuando na vanguarda do conhecimento em áreas estratégicas que exigem intensa pesquisa para o desenvolvimento industrial nacional.
Adicionalmente, esses Centros funcionam como catalisadores para o surgimento de startups deep tech, acelerando novos modelos de negócio e facilitando a transição de soluções inovadoras da pesquisa acadêmica para a aplicação prática no mercado. Este é um ecossistema singular que conecta ciência, tecnologia e indústria, transformando desafios complexos em oportunidades estratégicas para o Brasil. Atualmente, a Embrapii já mantém nove Centros de Competência credenciados em áreas como Terapias Avançadas, Tecnologias Quânticas, Segurança Cibernética, Conectividade 5G e 6G, Plataformas de Hardwares Inteligentes, Agricultura Digital, Smart Grid e Mobilidade Elétrica, Open RAN e Tecnologias Imersivas.
A Embrapii é uma organização social que estabelece cooperação com Instituições de Ciência e Tecnologia, sejam elas públicas ou privadas, com o intuito de atender às demandas do setor empresarial e promover a inovação industrial. Seu modelo operacional consiste em conectar centros de pesquisa e empresas, promovendo a divisão dos custos de inovação através do aporte de recursos não reembolsáveis em projetos focados na introdução de novos produtos e processos no mercado. Para participar deste modelo, a empresa interessada deve apresentar seu desafio tecnológico à Unidade Embrapii que possua a competência técnica mais alinhada às necessidades do projeto.
A organização mantém um contrato de gestão com o Governo Federal, estabelecendo parcerias com os Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação, da Educação, da Saúde e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Além disso, a Embrapii conta com colaborações estratégicas firmadas com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ampliando seu alcance e impacto no fomento à inovação nacional.