O objetivo do projeto é o desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Gestão de Aproveitamento Energético, que busca aprimorar a regulação de frequência do Sistema Interligado Nacional (SIN) de forma mais eficiente, aliando inovação tecnológica, sustentabilidade e operação segura.
O setor elétrico brasileiro assiste a uma revolução silenciosa, mas estrutural. A Usina Hidrelétrica (UHE) de Belo Monte, uma das maiores do mundo, está reescrevendo o manual de operação ao integrar Armazenamento Solar para executar a crítica Regulação de Frequência do Sistema Interligado Nacional (SIN). Este movimento não é apenas uma atualização tecnológica; é um divisor de águas que eleva o conceito de usina híbrida ao patamar de solução estratégica para a estabilidade e a flexibilidade da matriz energética.
A Norte Energia investirá R$ 11 milhões em um projeto-piloto de regulação de frequência no complexo hidrelétrico Belo Monte (11,2 GW), localizado na bacia do Rio Xingu, próximo ao município de Altamira, no norte do estado Pará.
A Urgência da Regulação de Frequência no Setor Elétrico
A Regulação de Frequência é o serviço essencial que garante a saúde do SIN. Ela consiste em manter a frequência da rede em torno dos 60 Hz. Qualquer desvio significativo – seja por um pico inesperado de demanda ou pela saída abrupta de uma grande geradora – pode levar a blecautes. Historicamente, essa tarefa ficava a cargo das grandes hidrelétricas ou das usinas termelétricas, que precisavam alterar rapidamente sua potência.
No entanto, as grandes usinas hidrelétricas, como Belo Monte, apesar de potentes, enfrentam limitações físicas. Mudar o fluxo de água para ajustar a frequência exige tempo, e a inércia dos grandes rotores não é instantânea. As termelétricas, por sua vez, são caras, poluentes e lentas no despacho. O crescimento da energia solar e eólica, fontes que injetam potência de forma variável, exige uma resposta muito mais rápida e precisa.
Tecnologia e Economia: O Triunfo das Baterias para Estabilidade Rede
Do ponto de vista econômico, o projeto sinaliza uma nova fonte de receita para a UHE Belo Monte. A Regulação de Frequência é um serviço valorizado pelo ONS. Ao fornecer estabilidade com uma tecnologia mais eficiente, a usina se posiciona de forma estratégica no mercado de serviços ancilares, que está em franca expansão no Brasil.
O custo da bateria está caindo globalmente, tornando a solução híbrida economicamente viável até mesmo em projetos de grande porte como este. O investimento em Armazenamento Solar para estabilidade é, na verdade, um seguro de longo prazo para a resiliência do SIN frente à intermitência.
O Legado para o Sistema Interligado Nacional (SIN)
A decisão da UHE Belo Monte de se tornar uma usina híbrida tem implicações profundas para a segurança do SIN. Ao transferir a responsabilidade de ajustes finos para as baterias, o sistema ganha maior margem de manobra para a integração massiva de outras fontes de energia limpa.
O ONS ganha um parceiro de estabilidade com flexibilidade inédita. Isso pode, no futuro, reduzir a necessidade de manter usinas térmicas caras e poluentes ligadas apenas para fornecer serviços de Regulação de Frequência e inércia. É um passo significativo em direção à descarbonização total dos serviços ancilares do país.
Visão Geral
O projeto não altera o manual de operação da Usina Hidrelétrica Belo Monte, não modifica o fluxo de água para controle de frequência e não tem o objetivo de gerar nova fonte de receita para a concessionária. A planta solar prevista é de 1 MW, e será utilizada apenas para abastecimento de fontes auxiliares dentro do escopo da pesquisa.