Banco Central veta: Negócio de R$ 2 bilhões do BRB cai por terra
O Banco Central (BC) vetou a compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB), um negócio estimado em R$ 2 bilhões. A decisão foi confirmada em um comunicado oficial ao mercado pelo banco estatal, pondo fim a um processo que já havia obtido a aprovação da Câmara Legislativa e do Conselho Administrativo de Defesa Econômico (Cade). Tanto o governador Ibaneis Rocha (MDB) quanto a diretoria do BRB, através de seu presidente Paulo Henrique, ainda não se manifestaram oficialmente sobre a negativa.
A Resposta do BRB
A negativa do Banco Central foi anunciada pelo BRB por meio de um “fato relevante” – um comunicado oficial destinado ao mercado para informar sobre decisões ou eventos importantes. O banco estatal informou que o contrato entre as partes será rescindido conforme seus termos e condições. No entanto, o BRB não pretende aceitar a decisão sem questionar. A instituição solicitou acesso à íntegra da decisão do BC para “avaliar seus fundamentos e examinar as alternativas cabíveis”, sugerindo uma possível insistência no negócio, conforme reportagens da imprensa. Uma fonte próxima ao BRB indicou que o banco avaliará os próximos passos e buscará mitigar quaisquer riscos identificados pelo regulador.
Entenda o Negócio e Seus Desafios
O acordo para a aquisição do Banco Master foi anunciado em março, prevendo que o BRB compraria 49% das ações ordinárias e 100% das preferenciais, totalizando 58% do capital social do Banco Master e garantindo direito a voto em seu conselho. Apesar das aprovações iniciais da Câmara Legislativa e do Cade (que aprovou sem restrições em junho), a transação enfrentou diversos questionamentos. O negócio foi contestado duas vezes na justiça e gerou protestos no Senado Federal, indicando a controvérsia em torno da operação. Curiosamente, um dia após a aprovação do Cade, o próprio Banco Central havia autorizado um aumento de R$ 1 bilhão no capital do Banco Master, elevando-o para R$ 3,76 bilhões, o que parecia ser um avanço para a concretização da compra.
As Preocupações do Banco Central
A principal questão que o Banco Central vinha avaliando era a capacidade do BRB, que é controlado pelo governo do Distrito Federal, de suportar a nova estrutura de capital decorrente da aquisição. Em julho, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, havia esclarecido que a análise do BC focava na “viabilidade da operação”, e não na “conveniência da aquisição” dos ativos pelo BRB. Isso significa que o regulador estava preocupado com a solidez financeira e a governança que o BRB teria para absorver e gerenciar o Banco Master sem comprometer sua própria estabilidade.
O Ofício de Indeferimento
O Banco Central formalizou sua decisão em um ofício que detalha o indeferimento. O documento, datado de 3 de setembro de 2025, informa que a Diretoria Colegiada do BC negou o pedido de autorização do BRB para participar no capital do Banco Master S.A. e, de forma indireta, de outras empresas do grupo, como Banco Master Múltiplo S.A., Will Financeira S.A. Crédito, Financiamento e Investimento, Will Holding Financeira S.A., Will Produtos Ltda. e Maximainvest Securitizadora de Créditos Financeiros S.A. A justificativa para a negativa foi o “indeferimento do pedido de autorização para alteração do controle societário do Banco Master S.A.”, comunicada diretamente à instituição envolvida.
Visão Geral
A decisão do Banco Central representa um revés significativo para o BRB e para o Governo do Distrito Federal, que apostavam na expansão por meio da aquisição do Banco Master. Com o contrato de compra e venda a ser rescindido, o BRB agora enfrenta o desafio de entender os fundamentos da negativa do BC e decidir seus próximos passos. A possibilidade de insistir na transação, buscando atender às exigências do regulador, permanece aberta, mas o caminho adiante se mostra mais complexo e incerto para o negócio de R$ 2 bilhões.
Créditos: Misto Brasil