A consolidação da taxação progressiva e o salto da taxa solar para 45% marcam a transição regulatória do setor fotovoltaico brasileiro em 2025.
Conteúdo
- O Salto Tarifário do Fio B para 45%: O Fim da Compensação Plena
- A Viabilidade Econômica e a Pressão por Otimização na Energia Solar
- A Ascensão Inevitável do Armazenamento de Energia (BESS)
- Mais Segurança e Padronização: A NBR 17193/2025
- Visão Geral
O ano de 2025 marca um ponto de inflexão decisivo para o mercado de energia solar no Brasil. Longe de ser apenas um ano calendário, ele representa a transição da Geração Distribuída (GD) de uma fase de incentivo máximo para um cenário de maturidade regulatória e exigências técnicas mais elevadas. Para o profissional do setor elétrico, entender as quatro principais mudanças que chegam é crucial para recalibrar a estratégia de investimento e de payback de novos projetos.
A grande estrela dessa transformação é a consolidação da taxação progressiva sobre a energia injetada na rede elétrica. Essa medida, prevista no Marco Legal (Lei 14.300/2022), aumenta o percentual de cobrança sobre o uso da infraestrutura, forçando o mercado a inovar e a buscar maior eficiência.
O ambiente de energia solar em 2025 será um teste de resiliência e adaptação. Quem souber antecipar as novas regras e integrar as tecnologias emergentes não apenas sobreviverá, mas liderará a próxima onda de expansão do setor.
1. O Salto Tarifário do Fio B para 45%: O Fim da Compensação Plena
A mudança mais significativa em 2025 é o aumento da taxa cobrada sobre o componente Fio B da Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD). Conforme o cronograma da Lei 14.300, a cobrança que era de 30% em 2024 salta para 45% em 2025.
Este percentual de 45% é aplicado apenas sobre o custo do Fio B, que é a parcela da tarifa destinada a remunerar a distribuidora pelo uso e manutenção da rede elétrica local. É fundamental entender que essa taxa incide unicamente sobre a energia excedente que o sistema de energia solar injeta na rede e que posteriormente é utilizada como crédito. O autoconsumo imediato da energia solar gerada no local de consumo continua 100% isento de qualquer taxação.
Essa nova alíquota aplica-se aos projetos de Geração Distribuída (micro e minigeração) que protocolaram o pedido de conexão após 7 de janeiro de 2023. Para esses novos sistemas, o crédito gerado na fatura terá seu valor reduzido pelo desconto de 45% do Fio B.
O aumento da taxação visa equilibrar as contas do setor elétrico, endereçando o argumento das distribuidoras de que os geradores utilizam a rede como um “banco de energia” sem arcar com todos os custos de manutenção. Essa escalada progressiva está prevista para chegar a 100% do Fio B em 2029, consolidando um novo paradigma de custeio.
Para os profissionais que gerenciam grandes plantas, o Fio B de 45% em 2025 exige um reposicionamento estratégico. A otimização do autoconsumo é a palavra-chave. O design do sistema deve ser pensado para minimizar a injeção na rede elétrica nos horários de maior valorização da TUSD.
2. A Viabilidade Econômica e a Pressão por Otimização na Energia Solar
Apesar do aumento da taxa, a energia solar em 2025 mantém-se economicamente vantajosa. O cálculo de payback (tempo de retorno do investimento) sofre uma leve extensão, mas é neutralizado por dois fatores macroeconômicos poderosos.
Primeiro, a queda contínua do preço dos equipamentos fotovoltaicos, impulsionada pela alta concorrência global e pela eficiência logística. Segundo, o aumento constante das tarifas de energia elétrica convencional no Brasil, inflacionadas por encargos setoriais e custos de transmissão.
Em um cenário onde a tarifa convencional sobe, o valor da economia proporcionada pela energia solar também aumenta. O impacto do Fio B de 45% torna-se menor se comparado ao custo total de importar energia da concessionária. O setor elétrico deve capitalizar essa vantagem de custo evitado para continuar atraindo investimentos.
Os novos projetos de Geração Distribuída em 2025 serão mais eficientes e focados no consumo. O dimensionamento passará a ser mais preciso, evitando superdimensionamento que gere créditos excessivos e, consequentemente, sujeitos à taxação mais alta. O foco migra de “gerar o máximo” para “gerar o ideal para o perfil de consumo”.
3. A Ascensão Inevitável do Armazenamento de Energia (BESS)
A principal resposta tecnológica do mercado ao Fio B de 45% em 2025 é o armazenamento de energia (BESS – Battery Energy Storage Systems). As baterias se tornam a defesa mais eficaz contra a taxa.
Sistemas de armazenamento de energia permitem que a eletricidade gerada pelos painéis durante o dia, que antes seria injetada na rede e taxada, seja guardada para uso noturno. Isso maximiza o autoconsumo e reduz drasticamente a dependência do sistema de compensação da concessionária.
A Sungrow e outras gigantes de inversores já estão direcionando suas estratégias para soluções híbridas, onde a integração de baterias é nativa. Essa tendência transformará a energia solar em 2025 em uma solução mais completa e autônoma, ideal para o segmento comercial e industrial (C&I).
Para o setor elétrico como um todo, a popularização do armazenamento de energia é positiva. Os sistemas BESS aliviam a pressão sobre a rede elétrica nos horários de pico, melhoram a qualidade da energia (fator de potência) e preparam o sistema para a futura integração de veículos elétricos (V2G – Vehicle-to-Grid).
4. Mais Segurança e Padronização: A NBR 17193/2025
Além das mudanças regulatórias e econômicas, 2025 traz novidades técnicas cruciais para a segurança. A nova norma ABNT NBR 17193, focada em sistemas fotovoltaicos em edificações, entra em vigor, elevando o padrão de segurança e instalação.
Essa norma aborda aspectos como medidas de combate a incêndio e proteção contra choques elétricos, elementos que ganham relevância com a massificação dos sistemas de energia solar. Para instaladores e engenheiros do setor elétrico, o cumprimento da NBR 17193/2025 não é opcional; é uma exigência para a homologação de novos projetos nas distribuidoras e para a garantia da segurança pública.
A padronização técnica é um sinal de maturidade. Ela garante que, à medida que a energia solar cresce (com projeções de adicionar mais de 13,2 GW de capacidade instalada no país em 2025), a qualidade e a segurança da Geração Distribuída acompanhem o ritmo da expansão.
Visão Geral
O mercado de energia solar em 2025 não está em declínio; está em evolução. A Lei 14.300 e o Fio B de 45% criam o incentivo econômico para que o setor se desloque da mera compensação de créditos para a eficiência e o armazenamento de energia. A energia solar continua sendo o melhor investimento de longo prazo contra a inflação energética, mas exige projetos mais inteligentes, estratégicos e, acima de tudo, em conformidade com as novas regras de taxação e padrões técnicos. É o momento de adaptar, inovar e investir na próxima geração de soluções solares.






















