Concluir Angra 3 é financeiramente mais viável que arcar com os custos bilionários de paralisação e desativação, segundo estudo apresentado ao CNPE.
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* O Veredito Financeiro: Concluir ou Enterrar R$ 26 Bilhões
* Energia Nuclear: Geração Firme no Contexto da Transição Limpa
* O Cronograma da Retomada: Desafios e 2028 no Horizonte
* A Decisão Final Volta ao CNPE e a Urgência Política
* Visão Geral
O Veredito Financeiro: Concluir ou Enterrar R$ 26 Bilhões
O ponto de virada do estudo é a comparação entre o capital necessário para finalizar a usina e o custo de abandono da obra. A conclusão é que o cenário de concluir Angra 3 é vantajoso porque evita uma perda de capital já investido, minimizando o impacto nos cofres da União e da Eletronuclear/ENBPar.
O estudo indica que o custo do abandono é estimado entre R$ 21,9 bilhões e R$ 25,97 bilhões. Este valor inclui a preservação estrutural dos equipamentos já comprados, o desmantelamento seguro do canteiro e os encargos contratuais de rescisão. Trata-se de um custo morto, sem qualquer contrapartida em termos de suprimento energético.
Em contraste, o investimento adicional para a conclusão da usina, que trará 1.405 MW ao Sistema Interligado Nacional (SIN), configura um passivo que se transforma em ativo. O estudo do BNDES detalha a necessidade de um novo modelo financeiro que garanta a injeção de capital, possivelmente via capitalização da Eletronuclear ou atração de parceiros privados.
Energia Nuclear: Geração Firme no Contexto da Transição Limpa
Para o setor elétrico, o dilema de Angra 3 transcende o balanço financeiro da Eletronuclear. A discussão central é a necessidade de geração firme e constante para dar suporte à crescente penetração das fontes renováveis intermitentes (eólica e solar).
A energia nuclear é classificada como energia limpa e de base (despacho contínuo), um atributo estratégico para o SIN. A usina operaria 24 horas por dia, 7 dias por semana, sem depender das condições climáticas. Essa estabilidade é crucial para a segurança energética do sistema e para evitar o acionamento de termelétricas mais poluentes e caras.
A inclusão de Angra 3 na matriz energética reduz a dependência de fontes hídricas em períodos de seca, oferecendo uma blindagem contra a volatilidade do PLD (Preço de Liquidação das Diferenças). A decisão de concluir Angra 3 é vantajoso não apenas por economia, mas por estratégica energética.
O Cronograma da Retomada: Desafios e 2028 no Horizonte
Com a conclusão do estudo de viabilidade, a Eletronuclear trabalha com o cronograma de entrada em operação para 2028. Este prazo exige não apenas a obtenção de recursos bilionários, mas também a superação de complexos desafios de engenharia, fornecimento e licenciamento.
O projeto de Angra 3 tem um histórico de paralisações, sendo a última motivada por investigações da Operação Lava Jato e disputas por compensações ambientais. A retomada exige um novo contrato de engineering, procurement, and construction (EPC), que deve ser estruturado com rigor para garantir a integridade e o cumprimento do cronograma.
A estruturação do project finance é a próxima etapa. O governo busca um modelo que alivie o Tesouro Nacional, possivelmente através da securitização de receitas futuras ou da venda de uma fatia minoritária da Eletronuclear. A tarifa de referência para a energia gerada pela usina nuclear é o calcanhar de Aquiles do projeto.
A Decisão Final Volta ao CNPE e a Urgência Política
A bola agora está com o CNPE. Como órgão consultivo do Presidente da República e responsável por formular a política energética nacional, o CNPE detém a palavra final sobre a continuidade ou o encerramento do empreendimento.
O CNPE deverá deliberar sobre as condições financeiras, técnicas e jurídicas apresentadas no estudo, avaliando o impacto da usina nuclear de 1.405 MW na segurança energética do país. A pressão do setor elétrico é alta por uma resolução rápida, pois a indefinição eleva os custos de manutenção e adia a solução para a geração firme necessária.
O ministro de Minas e Energia tem sinalizado o desejo de uma decisão definitiva até o final do ano. A clareza regulatória é vital. Se Angra 3 for aprovada, o país enviará um sinal claro ao mercado de que a energia nuclear é parte integrante da matriz futura, abrindo caminho para o planejamento de novas centrais nucleares.
O debate sobre Angra 3 é o espelho da política energética brasileira: um embate entre o custo do passado (obras paradas, corrupção) e a necessidade do futuro (segurança de suprimento e energia limpa). O estudo afirma que o caminho mais econômico e estratégico é o de concluir Angra 3, resta ao CNPE carimbar o veredito e dar o sinal verde para o término de uma das obras mais longas da história do país.
Visão Geral
O estudo técnico-econômico aponta que finalizar Angra 3 é financeiramente superior ao abandono, cuja perda patrimonial ultrapassa R$ 25 bilhões. O futuro da usina nuclear agora depende da decisão do CNPE, que analisará a contribuição da energia nuclear para a geração firme e segurança energética do Brasil.
























