A Aneel acaba de dar sinal verde para o hidrogênio verde no setor elétrico! Quatro projetos estratégicos de P&D receberam aprovação inicial, mobilizando R$ 196,2 milhões.
Conteúdo
- Os Quatro Gigantes do Hidrogênio Estratégico
- Projetos Aprovados e a Estratégia das Grandes Empresas
- Propostas Retiradas: O Que Ficou de Fora da Chamada
- Sinergia Regulatória: Aneel e ANP Unem Forças
- Visão Geral
Os Quatro Gigantes do Hidrogênio Estratégico
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) confirmou a aprovação da avaliação inicial da Chamada do Projeto de Pesquisa e Desenvolvimento Estratégico focado na implantação do hidrogênio no contexto do setor elétrico brasileiro. Embora 24 propostas tivessem sido originalmente apresentadas, apenas quatro receberam o aval para iniciar sua execução, refletindo um rigoroso processo de seleção. Um ponto notável foi a drástica redução do custo total aprovado: o montante final é de R$ 196,2 milhões, representando uma queda significativa em relação aos quase R$ 1,2 bilhão pleiteados inicialmente pelas empresas. Este resultado demonstra a cautela da agência reguladora e a importância de projetos com viabilidade técnica e financeira sólida para o avanço da transição energética no país, garantindo o melhor uso dos recursos de P&D.
Projetos Aprovados e a Estratégia das Grandes Empresas
Liderando a lista dos projetos aprovados em termos de investimento está a Eletronorte, com uma planta piloto de H2 Renovável destinada à aplicação no setor industrial, exigindo um aporte robusto de R$ 109,3 milhões. A Petrobras, por sua vez, manteve sua proposta estratégica: a produção de hidrogênio de baixa emissão de carbono utilizando a eletrólise da água, integrada diretamente a uma refinaria de petróleo já existente. Embora o projeto da estatal tenha sido mantido, o valor sofreu um corte massivo, passando de R$ 238 milhões para apenas R$ 8 milhões, uma redução impressionante de 96,6%. Esse ajuste evidencia a busca por otimização de recursos dentro dos programas de Pesquisa e Desenvolvimento, priorizando a eficácia e o foco nas metas de descarbonização.
A Parnaiba II Geração de Energia, pertencente à Eneva, também foi habilitada para desenvolver uma planta piloto focada na produção de hidrogênio renovável. Este projeto tem como meta principal promover a transição energética e a descarbonização específica na indústria de alimentos, com um custo estimado em cerca de R$ 19 milhões. Paralelamente, a Rio Paraná Energia, parte do grupo CTG Brasil, investirá R$ 60 milhões em uma iniciativa dupla. O foco é o desenvolvimento de uma planta de H2 e a criação de uma metodologia rigorosa de rastreio e certificação, aplicada diretamente aos ciclos produtivos da crucial indústria de papel e celulose. Este valor inclui, ainda, o projeto piloto de Produção de Hidrogênio Verde no modelo Merchant, reforçando o potencial comercial da iniciativa no mercado de energia limpa.
Propostas Retiradas: O Que Ficou de Fora da Chamada
Diversas propostas importantes foram formalmente retiradas da chamada de P&D Estratégico da Aneel. A Cemig, por exemplo, retirou seu projeto focado na descarbonização da cadeia de distribuição de gás natural em Minas Gerais e de processos siderúrgicos visando a produção de aço verde, que tinha um valor revisado de R$ 52,3 milhões. De acordo com a agência reguladora, a saída ocorreu por decisão da própria empresa, mas a execução do projeto permanece possível fora dos trâmites desse processo específico. Da mesma forma, a Furnas retirou sua planta piloto de Descarbonização da Mobilidade e Substituição da Energia Elétrica no Porto do Açu, no Rio de Janeiro (valor de R$ 53,2 milhões), que também poderá ser implementada externamente ao escopo da chamada do PDI estratégico, mantendo o interesse no avanço da mobilidade limpa.
Outras empresas também tiveram seus projetos excluídos desta etapa, mas com portas abertas para futuras execuções. A Itapebi Geração de Energia, pertencente à Neoenergia, teve quatro propostas retiradas. Contudo, a companhia mantém a opção de executá-las por conta própria, enquadrando-as em um projeto de PDI normal, ou então reapresentá-las na próxima chamada pública de projetos. A Parnaiba II Geração de Energia (Eneva) também retirou um segundo projeto, que previa 2MW para produção e comercialização de hidrogênio renovável em São Paulo (R$ 37,8 milhões). Por fim, a Rio Paraná Energia (CTG Brasil) retirou seu estudo sobre soluções inovadoras para o armazenamento de hidrogênio verde em carreadores químicos, avaliando aspectos técnicos e científicos para o cenário industrial brasileiro (R$ 8 milhões), indicando que a pesquisa segue em outras frentes.
Sinergia Regulatória: Aneel e ANP Unem Forças
A significativa redução no uso dos recursos de PDI, resultado da avaliação inicial, foi recebida positivamente pela diretoria da Aneel. Em um movimento estratégico para otimizar os investimentos e promover a transição energética, a autarquia está em diálogo avançado com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para a aprovação de uma portaria conjunta. O objetivo central é estabelecer o repasse de recursos dos programas de PDI de ambas as agências, garantindo que os projetos de hidrogênio aprovados criem uma sinergia efetiva entre o setor elétrico e o de combustíveis.
Visão Geral
A criação de um comitê conjunto para avaliar e fiscalizar estes projetos é a principal ideia em discussão, conforme revelado por Paulo Luciano de Carvalho, secretário de Inovação e Transição Energética da Aneel. O grupo responsável pela elaboração da portaria se reuniu recentemente pela quinta vez, demonstrando o avanço na finalização da minuta inicial do documento. Carvalho expressou otimismo de que, em um futuro próximo, será possível apresentar uma proposta fechada e consolidada da norma regulatória. Esta cooperação entre a Aneel e a ANP é crucial para pavimentar o caminho do hidrogênio verde como vetor energético principal no Brasil, garantindo que o investimento em P&D seja o mais eficiente e abrangente possível.