Análise Setorial: Fatores Determinantes para a Meta de 10,6 GW de Energia Solar em 2026

Análise Setorial: Fatores Determinantes para a Meta de 10,6 GW de Energia Solar em 2026
Análise Setorial: Fatores Determinantes para a Meta de 10,6 GW de Energia Solar em 2026 - Foto: Reprodução / Freepik
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Atingir 10,6 GW de solar em 2026 exige ajuste estratégico frente ao novo arcabouço regulatório e dinâmicas de mercado.

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Ajuste Projetivo e a Meta de 10,6 GW em 2026

Prezados colegas do setor elétrico, a energia solar fotovoltaica no Brasil atingiu um patamar de maturidade que exige uma reavaliação constante das projeções. A meta ousada de instalar 10,6 GW de solar em 2026 não é um mero desejo, mas sim uma métrica ajustada que reflete o novo ambiente regulatório e as dinâmicas de mercado. Analistas apontam para uma desaceleração em comparação aos anos anteriores, mas o volume projetado ainda representa um salto monumental para a matriz energética nacional.

A informação central, confirmada por projeções de associações como a ABSOLAR, indica que o Brasil deve adicionar 10,6 GW de capacidade instalada de energia solar em 2026. Embora seja um número robusto, ele representa uma queda percentual (cerca de 7%) em relação à expansão esperada para 2025. Entender como o país planeja atingir esse volume, mesmo com ventos contrários, é fundamental para nossos planejamentos de expansão de rede e suprimento.

O Papel da Geração Distribuída (GD) Sob a Lei 14.300

O principal motor da expansão solar no Brasil tem sido a Geração Distribuída (GD), aquela instalada em telhados e pequenos terrenos. O Marco Legal da GD (Lei 14.300) impôs mudanças cruciais que afetam diretamente a atratividade de novos projetos a partir de 2026.

O elemento chave dessa equação é a cobrança gradual do custo de uso da rede de distribuição, o famoso TUSD Fio B. Para os projetos que protocolarem a conexão em 2026, a tarifação sobre o Fio B já estará em patamares mais elevados. O objetivo do governo e da ANEEL é que o subsídio cruzado diminua, forçando os consumidores a remunerarem melhor o sistema elétrico.

A capacidade de instalar o volume de 10,6 GW em 2026, portanto, depende da resiliência do mercado de GD em absorver esse custo incremental, o que aponta para uma maior sofisticação dos projetos e uma busca por payback mais rápido em outras áreas.

Contribuição da Geração Centralizada (GC) para os 10,6 GW

Atingir a marca de 10,6 GW não é responsabilidade apenas dos painéis em residências e comércios. A Geração Centralizada (GC), ou seja, grandes usinas solares conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN), desempenha um papel vital para suprir esse volume.

Muitos dos projetos de GC que se conectaram em 2025 ou que têm previsão de entrada em 2026 são aqueles que participaram de leilões passados ou que estão migrando para o Mercado Livre de Energia (ACL). A atratividade desses grandes players é menos sensível a pequenos ajustes no Fio B, focando em contratos de longo prazo (PPAs) e na competitividade do custo nivelado de energia (LCOE).

A estratégia do Brasil para instalar essa capacidade se apoia, portanto, em um equilíbrio: a resiliência da GD (apesar dos novos encargos) e a solidez dos grandes projetos de GC financiados por contratos de energia firme.

Desafios e Fricções Regulatórias e Macroeconômicas

O cenário de 2026 não é isento de obstáculos. A projeção de queda de 7% na adição de capacidade sugere que o mercado já sente o peso de alguns fatores macroeconômicos e regulatórios.

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Primeiramente, o custo de capital. Taxas de juros elevadas historicamente encarecem o financiamento de projetos de infraestrutura intensiva, como grandes parques solares, afetando o cronograma de Financial Close e, consequentemente, a entrada em operação.

Em segundo lugar, a previsibilidade de geração e o risco de curtailment (restrição de geração). Com a alta penetração de solar, especialmente em regiões com infraestrutura de transmissão limitada, o risco de ter a energia injetada no sistema restringida aumenta, corroendo a rentabilidade dos projetos. O planejamento de expansão da transmissão deve acompanhar este ritmo para garantir que os 10,6 GW instalados sejam efetivamente utilizáveis.

A Pista de Decolagem: Foco em Sistemas Híbridos e Armazenamento (BESS)

Para que o setor solar brasileiro continue crescendo de forma sustentável após 2026, a resposta parece estar na diversificação tecnológica. Há uma expectativa crescente por regulamentações mais claras para os sistemas de armazenamento de energia (BESS) acoplados à solar.

Remunerar a energia armazenada e disponibilizada fora dos picos de irradiação diária é o próximo passo evolutivo. A capacidade de instalar e operar baterias junto aos painéis solares transformará a fonte intermitente em uma fonte mais despachável, elevando seu valor no PLD e mitigando problemas de congestionamento na rede.

O governo e as entidades setoriais veem no BESS a chave para manter o crescimento acelerado nos anos subsequentes, mesmo com as regras mais rígidas da GD. A meta de 10,6 GW para 2026 é, portanto, um marco de transição, testando a capacidade do mercado de absorver os custos regulatórios enquanto se prepara para a próxima onda de inovação com armazenamento.

O Impacto Estratégico da Nova Capacidade no Setor Elétrico Profissional

Para nós, o monitoramento de 10,6 GW significa:

  1. Planejamento de Transmissão: Urgência na expansão de linhas para escoar essa nova capacidade, principalmente no Nordeste e no Norte de Minas Gerais.
  2. Gestão de Risco: Maior complexidade na gestão da intermitência, exigindo modelos de previsão de off-peak mais apurados.
  3. BESS como Commodity: O mercado de baterias deve se aquecer intensamente como solução de ancillary services e otimização de rede.

A força da energia solar no Brasil é inegável. Chegar a 10,6 GW em 2026 sob um novo marco regulatório demonstra uma resiliência impressionante, confirmando que a fonte é o pilar central da descarbonização da nossa matriz. Contudo, o sucesso dessa meta dependerá de quão rápido conseguiremos integrar a inteligência de armazenamento à nossa capacidade recém-instalada.

Visão Geral

A projeção de instalar 10,6 GW de solar em 2026 marca uma fase de amadurecimento da energia solar no Brasil, onde a expansão enfrenta desafios regulatórios (TUSD Fio B na GD) e estruturais (transmissão para a GC). O alcance da meta depende da capacidade do mercado de integrar soluções tecnológicas futuras, como o BESS, garantindo que o crescimento da capacidade instalada se traduza em energia despachável e confiável para o Sistema Interligado Nacional.

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