Análise Estratégica: Comparativo entre Geração Distribuída (GD II) e Mercado Livre de Energia

Análise Estratégica: Comparativo entre Geração Distribuída (GD II) e Mercado Livre de Energia
Análise Estratégica: Comparativo entre Geração Distribuída (GD II) e Mercado Livre de Energia - Foto: Reprodução / Freepik
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A convergência regulatória do Setor Elétrico brasileiro exige uma reavaliação profunda entre os benefícios da GD II com a cobrança do Fio B e a migração para o dinâmico Mercado Livre de Energia (MLE).

Conteúdo

O Legado da GD II: Benefício com Data de Validade

A Geração Distribuída (GD) transformou o cenário energético nacional, democratizando a produção limpa. Contudo, a entrada em vigor da Lei 14.300 em 2023 marcou o fim da isenção completa dos custos de distribuição para novas unidades. O novo cenário, a GD II, estabeleceu a cobrança gradual sobre o Fio B (parte da Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição – TUSD).

Essa mudança afeta diretamente o retorno do investimento. O Fio B representa o custo da infraestrutura de rede que a energia usa para transitar da unidade geradora até a unidade consumidora. Para projetos novos ou que não se enquadraram na regra de transição, a cobrança reduz a atratividade do net metering tradicional, exigindo uma reestruturação dos modelos de negócio da GD.

Permanecer na GD II ainda é a opção de menor complexidade regulatória. Ideal para pequenos e médios empreendimentos, especialmente comerciais e residenciais, que buscam a autossuficiência. A previsibilidade regulatória, mesmo com a cobrança do Fio B, é superior à volatilidade do preço da energia no Mercado Livre.

A Atração Irresistível do Mercado Livre

Enquanto a GD se ajusta às novas regras, o Mercado Livre de Energia se expande. Desde janeiro de 2024, todos os consumidores de alta tensão (Grupo A) podem migrar para o Ambiente de Contratação Livre (ACL), independentemente de sua demanda contratada. Essa abertura aumenta drasticamente o universo de clientes aptos a negociar energia.

A principal vantagem do Mercado Livre é o custo. Ao negociar o preço da energia diretamente com o gerador ou comercializador, o consumidor pode obter descontos significativos em relação à tarifa regulada (cativa). Isso permite uma gestão mais ativa dos custos e a possibilidade de hedging contra flutuações do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD).

A migração para o MLE é recomendada para grandes consumidores ou empresas com alta demanda energética e gestão de risco sofisticada. A economia na compra da energia pode superar o benefício do autoconsumo da GD, mesmo considerando a isenção parcial da TUSD que a GD II ainda oferece em alguns componentes tarifários.

O Impacto Crítico do Fio B Versus Custo de Energia

O cerne da análise financeira reside na comparação entre o custo do Fio B (ou a TUSDg, a tarifa de uso e geração) e o custo da energia contratada no Mercado Livre. Em GD II, a economia se concentra na tarifa de energia evitada, menos o custo do uso da rede. No Mercado Livre, o custo da rede (TUSD) é pago integralmente, mas o preço da energia é substancialmente menor.

Para um consumidor com perfil de carga estável e alto consumo, o desconto obtido no Livre Mercado é, muitas vezes, mais significativo do que a otimização da tarifa de GD II. Modelagens financeiras complexas devem projetar a inflação energética e o aumento gradual da cobrança do Fio B, comparando-o com o custo médio do megawatt-hora (MWh) contratado no ACL a longo prazo.

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A segurança jurídica da contratação no Mercado Livre também é um ponto de atenção. Enquanto a GD é regida por uma lei federal (14.300) e regulamentos da ANEEL, o Livre Mercado exige expertise em contratos bilaterais de compra de energia (PPAs), gestão de garantias e compreensão de regras de comercialização.

Estratégias Híbridas e a Sustentabilidade

Uma terceira via surge para aqueles que possuem ativos de Geração Distribuída já instalados (e com isenção do Fio B garantida, a chamada “GD I”) mas que também têm grandes unidades consumidoras. Nesses casos, a estratégia híbrida é maximizar a injeção na GD I e migrar o consumo restante para o Livre Mercado.

Essa abordagem utiliza o melhor dos dois mundos, mas exige medição e contabilização rigorosa. Além disso, a sustentabilidade ganha um peso maior no Mercado Livre. Empresas que migram podem exigir contratos com lastro em fontes limpas e renováveis, como eólica e solar centralizada, cumprindo metas de ESG (Environmental, Social, and Governance) de forma mais clara do que na GD.

A migração para o ACL permite a compra de Certificados de Energia Renovável (I-RECs), facilitando a comprovação da origem da energia. Isso dá ao Mercado Livre uma vantagem estratégica sobre a GD II em termos de branding e compromisso ambiental para grandes corporações.

Visão Geral

A escolha entre a GD II e o Mercado Livre de Energia deve ser ditada pela capacidade de gestão de riscos do consumidor. Se a prioridade é simplicidade regulatória, baixo risco de volatilidade e investimentos de menor escala, a GD II ainda é robusta, apesar do Fio B.

Se, no entanto, a prioridade é a otimização máxima de custos, flexibilidade na contratação de energia (longo ou curto prazo) e cumprimento de metas de sustentabilidade corporativa, a migração para o Mercado Livre é o caminho a seguir. É fundamental a contratação de gestores energéticos ou comercializadoras especializadas para navegar na complexidade do ACL.

A conversão da Lei 14.300 e a abertura do Mercado Livre são sinais de um Setor Elétrico em plena maturidade. A decisão não é técnica, mas estratégica: ela define a arquitetura energética do seu negócio para a próxima década. O sucesso reside em modelar precisamente os custos futuros do Fio B na GD II versus os cenários de preço do Mercado Livre, garantindo a melhor segurança jurídica para o capital investido.

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