Expansão desordenada de renováveis no Brasil gera alerta técnico sobre sobrecarga e riscos de prejuízos bilionários ao sistema elétrico.
### Conteúdo
- O Paradoxo e o Alerta Técnico da FEI sobre a Transição Energética
- O Efeito Montanha-Russa: Intermitência e Rampa de Carga no Sistema Elétrico
- O Incontrolável Crescimento da Geração Distribuída (GD) e o Excesso de Energia Solar
- Prejuízos Bilionários e a Distorção do Preço da Energia no Brasil
- Armazenamento de Energia: A Única Saída Técnica para a Confiabilidade
- O Chamado à ANEEL e ao Planejamento para a Modernização da Transmissão
- Visão Geral
O Paradoxo e o Alerta Técnico da FEI sobre a Transição Energética
O Setor Elétrico brasileiro vive um paradoxo que une a transição energética à instabilidade financeira: o excesso de energia solar e eólica está sobrecarregando o sistema elétrico e gerando riscos de prejuízos bilionários. O alerta vem de uma voz técnica respeitada: a especialista Bárbara Rubim, da Faculdade de Engenharia Industrial (FEI). Segundo a engenheira, a rápida e, por vezes, desordenada expansão das fontes intermitentes está expondo vulnerabilidades operacionais e financeiras que demandam ação imediata.
Para profissionais do setor, que celebram a matriz energética limpa do Brasil, o aviso é crucial. A energia limpa, que deveria ser a solução, está se tornando um problema de confiabilidade e custo. A falha não está na energia solar e eólica em si, mas na falta de infraestrutura e tecnologia de suporte para gerenciar picos de geração que não coincidem com os picos de consumo.
A especialista da FEI aponta que, sem o Armazenamento de Energia em grande escala e sem uma modernização profunda na transmissão e distribuição, o sistema elétrico continuará a sofrer. A consequência direta é o desperdício de energia gerada e a transferência de custos de ineficiência para todos os consumidores, um fardo que já soma perdas na casa dos prejuízos bilionários desde 2021.
O Efeito Montanha-Russa: Intermitência e Rampa de Carga no Sistema Elétrico
A pressão sobre o sistema elétrico é essencialmente técnica. Fontes como a energia solar e eólica são intermitentes, ou seja, produzem conforme a disponibilidade de sol e vento. O problema crítico ocorre nos períodos de transição, conhecido como “rampa de carga” (rampa net de carga).
O pico de geração solar, geralmente ao meio-dia, é acompanhado pelo mínimo de consumo das grandes hidrelétricas. O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) é forçado a reduzir a geração firme de outras usinas (hidrelétricas e térmicas) para absorver o excesso de energia solar e eólica sem desestabilizar a frequência da rede.
Ao final da tarde, a solar desaparece rapidamente, e o sistema elétrico exige que as hidrelétricas e térmicas voltem a injetar energia em tempo recorde para atender o pico de consumo noturno. Essa manobra é complexa e exige reservas de Geração Despachável caras, que são custeadas por encargos setoriais.
O Incontrolável Crescimento da Geração Distribuída (GD) e o Excesso de Energia Solar
Um dos maiores catalisadores do problema do excesso de energia solar e eólica é o crescimento exponencial e descentralizado da Geração Distribuída (GD). A GD, majoritariamente solar em telhados, injeta energia na baixa tensão, fora do alcance do monitoramento e controle direto do ONS.
Durante o pico solar, o ONS não consegue “enxergar” e comandar a redução da geração da GD. O resultado é um excesso de energia solar que, somado à geração centralizada, força o ONS a aplicar o curtailment (corte) em usinas de grande porte (eólicas e solares) conectadas à alta transmissão, que são mais facilmente controláveis.
O curtailment já se tornou rotina no Setor Elétrico. A especialista da FEI destaca que em algumas regiões, como o Nordeste, mais de 40% da energia renovável de grandes usinas está sendo desperdiçada em certos períodos, configurando prejuízos bilionários pela não monetização de ativos.
Prejuízos Bilionários e a Distorção do Preço da Energia no Brasil
Os prejuízos bilionários não são apenas teóricos. Eles se materializam de duas formas principais. Primeiro, no custo de ter que pagar por contratos de geração que o ONS manda desligar. Segundo, na distorção do preço no Mercado Livre de Energia.
O excesso de energia solar e eólica faz com que, em picos de geração, o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) caia para valores próximos de zero, e em alguns submercados, atinja preços negativos, o que já foi chamado pelo mercado de “energia lunar”. Isso significa que o valor da energia intermitente se torna irrisório em certos horários, desvalorizando os investimentos realizados.
Além disso, os subsídios concedidos à Geração Distribuída (GD), que incentivaram esse excesso de energia solar, elevam os encargos setoriais para todos os demais consumidores. Eles pagam não apenas pelo back-up caro da intermitência, mas também pelos custos de transmissão e distribuição que a GD usa de forma sub-remunerada, amplificando os prejuízos bilionários para a economia.
Armazenamento de Energia: A Única Saída Técnica para a Confiabilidade
O consenso técnico, defendido pela especialista da FEI, é que o sistema elétrico só encontrará equilíbrio com Armazenamento de Energia em larga escala. As baterias de grande porte, integradas à transmissão e geração, são a solução para o excesso de energia solar e eólica.
Em vez de desperdiçar o excesso de energia solar no meio-dia via curtailment, a rede poderia armazená-lo em baterias. Essa energia armazenada seria injetada na rede no final da tarde, durante a crítica rampa de carga, substituindo as caras e poluentes térmicas a gás e garantindo a segurança energética.
A tecnologia de Armazenamento de Energia é o elo que falta para a plena transição energética. Os investimentos em baterias devem ser a prioridade regulatória para absorver o excesso de energia solar e eólica, restaurando a confiabilidade e a rentabilidade dos ativos renováveis.
O Chamado à ANEEL e ao Planejamento para a Modernização da Transmissão
O alerta da FEI é um chamado urgente para a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) e para o MME (Ministério de Minas e Energia) revisarem o planejamento do Setor Elétrico. O foco não pode ser apenas em instalar mais energia renovável, mas em modernizar a rede para lidar com o que já existe.
São necessários novos modelos de contratação de capacidade que remunerem a flexibilidade e o Armazenamento de Energia, e não apenas a geração pura. É imperativo que os encargos setoriais da Geração Distribuída (GD) reflitam o custo real que ela impõe ao sistema elétrico, para evitar o crescimento desordenado que leva ao curtailment e aos prejuízos bilionários.
O Brasil tem um compromisso com a sustentabilidade, mas ele precisa ser economicamente viável. O excesso de energia solar e eólica é um sinal de que a transição energética exige mais inteligência regulatória e investimento em tecnologia do que em subsídios. Sem uma gestão proativa, a revolução verde do Setor Elétrico continuará a sangrar o caixa da infraestrutura nacional.
A modernização da transmissão, a instalação massiva de Armazenamento de Energia e um novo framework regulatório para a GD são as únicas formas de transformar o problema do excesso de energia solar e eólica em uma verdadeira vantagem competitiva. A hora de agir é agora, antes que os prejuízos bilionários se tornem permanentes.
Visão Geral
A expansão acelerada das fontes solar e eólica no Brasil, embora vital para a transição energética, criou um desequilíbrio operacional no sistema elétrico. A intermitência dessas fontes, somada à Geração Distribuída (GD) não totalmente controlável, força o ONS a desperdiçar energia gerada (via curtailment) e exige dispendiosos back-up, resultando em prejuízos bilionários e impacto na confiabilidade do suprimento. A FEI enfatiza que a solução passa urgentemente pela modernização da transmissão e pelo investimento massivo em Armazenamento de Energia para garantir a segurança energética e a rentabilidade dos ativos renováveis.
























