Análise da Pressão Associativa para Inclusão da Geração Distribuída no Rateio de Custos por Congestionamento de Rede

Análise da Pressão Associativa para Inclusão da Geração Distribuída no Rateio de Custos por Congestionamento de Rede
Análise da Pressão Associativa para Inclusão da Geração Distribuída no Rateio de Custos por Congestionamento de Rede - Foto: Reprodução / Freepik
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Associações pressionam o Congresso para que a Geração Distribuída (GD) participe do rateio dos custos de curtailment, alegando desequilíbrio na infraestrutura de rede.

Conteúdo

Visão Geral

O Setor Elétrico brasileiro enfrenta um impasse regulatório significativo. Associações que representam a geração centralizada protocolaram um documento no Congresso Nacional exigindo que a Geração Distribuída (GD) passe a dividir a conta dos custos gerados pelo curtailment (corte de geração). Este movimento visa reequilibrar os encargos sistêmicos, argumentando que o crescimento da GD contribui para a instabilidade da Rede de Distribuição, sobrecarregando o sistema com injeções não coordenadas de energia.

Entendendo a Raiz do Curtailment

O termo curtailment designa a redução forçada da produção de energia elétrica imposta pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) com o intuito de garantir a segurança e estabilidade da rede. Este evento é cada vez mais recorrente em regiões com alta inserção de fontes renováveis intermitentes, como a Geração Eólica e solar, especialmente onde a infraestrutura de escoamento está saturada. Atualmente, os geradores de grande porte impactados recebem compensação por essa perda. As associações signatárias argumentam que a GD, injetando em múltiplos pontos da Rede de Distribuição sem controle centralizado equivalente, agrava a congestão local e deve, portanto, compartilhar o ônus financeiro.

A Tese da Geração Centralizada: Por que a GD deve Pagar

Os agentes da geração centralizada, incluindo grandes associações setoriais, defendem que a Geração Distribuída não pode operar como uma ilha regulatória. Eles apontam que a rápida saturação das Redes de Distribuição durante picos de irradiação solar resulta em problemas de qualidade de energia. O argumento central é a equidade: se a GD utiliza a infraestrutura da rede sem arcar com todos os encargos de transmissão, ela deveria, no mínimo, participar dos custos operacionais decorrentes de sua expansão. A pressão sobre o Congresso busca alterar o Marco Legal da GD (Lei 14.300) para incluir a modalidade nos mecanismos de controle e compensação, visando a modernização do Setor Elétrico.

A Resposta da Geração Distribuída: Penalização Indevida

Em contraponto, entidades representativas da GD rejeitam veementemente a proposta, classificando-a como uma “penalização indevida”. A principal defesa é que o problema da congestão advém da crônica insuficiência de investimento na modernização da Rede de Distribuição por parte das concessionárias. A GD, operando predominantemente em baixa e média tensão para autoconsumo, possui um impacto de injeção menor no sistema central se comparada às grandes usinas de Geração Eólica ou Solar Centralizada. A ABGD sustenta que o ônus da ineficiência do curtailment recai sobre a má gestão do planejamento da rede, e que penalizar os pequenos geradores seria um retrocesso à democratização da energia renovável.

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O Dilema do Congresso: Equilíbrio entre Consumo e Geração

A manifestação das associações coloca o Congresso em uma posição delicada, necessitando equilibrar a estabilidade operacional do Setor Elétrico com a manutenção do ímpeto da Geração Distribuída, essencial para a Transição Energética. A decisão impactará diretamente as tarifas. Se a GD for forçada a dividir a conta do curtailment, o *payback* dos projetos solares pode ser alongado. Se permanecer isenta, os custos de congestão continuarão sendo repassados aos consumidores gerais. O desafio legislativo é definir se a saturação é causada pelo crescimento acelerado da GD ou pela modernização insuficiente da Rede de Distribuição.

Impactos no Planejamento e na Economia da GD

A inclusão da GD no regime de curtailment cria uma incerteza regulatória que ameaça o financiamento de novos empreendimentos. Se aprovada, a Aneel precisará definir critérios técnicos rigorosos para a aplicação de cortes e o cálculo de compensação. Espera-se que, diferentemente da geração centralizada, os pequenos geradores solares tenham seus equipamentos desligados em momentos de sobrecarga sem qualquer compensação pela energia não entregue, impactando drasticamente a atratividade econômica e aumentando a divisão de custos indireta. O Setor Elétrico aguarda a definição do Congresso, idealmente por um modelo híbrido que incentive soluções tecnológicas, como armazenamento, em vez de apenas repassar custos.

O Futuro da Geração Distribuída e a Transição Energética

A disputa em torno do curtailment ilustra a dificuldade da Transição Energética em um sistema tradicionalmente centralizado. O rápido avanço da GD expôs falhas no planejamento da infraestrutura. Para manter o Brasil como líder em energia renovável, a solução apontada por especialistas é a modernização acelerada da Rede de Distribuição, e não o freio à expansão descentralizada. A forma como o Congresso tratará a divisão de custos determinará se a Geração Distribuída será um agente de transformação ou um segmento sufocado por encargos de uma infraestrutura defasada.

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