Conteúdo
- O Custo Inesperado por Wp e o Top 3 da Solfácil
- O Que Explica a Baixa de Preços em Acre, Rondônia e Alagoas
- ICMS e a Atração de Investimento
- Implicações para o Investimento em Geração Distribuída (GD)
- O Desafio da Infraestrutura e a Segurança Jurídica
- Transição Energética e o Novo Eixo de Crescimento
- Visão Geral
O mercado de Energia Renovável no Brasil foi surpreendido por uma quebra de paradigma geográfico. Um levantamento recente da Solfácil, fintech líder em energia solar, apontou que Acre, Rondônia e Alagoas lideram ranking dos estados mais acessíveis para instalar energia solar. Este resultado desafia a hegemonia de regiões historicamente mais desenvolvidas no setor, como o Sudeste e o Centro-Oeste, e reconfigura o mapa de investimento da Geração Distribuída (GD).
Para players do Setor Elétrico, a notícia é um sinal de preço claro: a Transição Energética está se interiorizando, e o custo de entrada para novos projetos fotovoltaicos está caindo em mercados que, até então, eram considerados de alta complexidade logística. A queda no preço por watt-pico (Wp) nestes estados é o fator decisivo para a atratividade do investimento.
O Custo Inesperado por Wp e o Top 3 da Solfácil
A métrica chave para avaliar a viabilidade de um sistema fotovoltaico é o custo/Wp (Watt-pico), que representa o preço do sistema dividido pela sua capacidade máxima de geração. A Solfácil revelou que, em média, o custo/Wp nacional está em R$ 2,49. No entanto, o ranking mostra valores significativamente menores nos líderes:
- Acre: Liderança no ranking com o menor custo/Wp registrado (em torno de R$ 2,14, dependendo do período de coleta do estudo).
- Rondônia: Segue de perto, com preços que demonstram alta competitividade.
- Alagoas: Completa o pódio, consolidando o Nordeste como um pólo de baixo custo de instalação de energia solar.
Esta diferença de cerca de R$ 0,35 por Wp em relação à média nacional representa uma economia de milhares de reais em um sistema residencial de 5 kWp, impactando diretamente o payback do investimento.
O Que Explica a Baixa de Preços em Acre, Rondônia e Alagoas
A principal questão para os analistas do Setor Elétrico é entender por que estados com desafios logísticos conhecidos superaram praças com maior volume de mercado, como São Paulo ou Minas Gerais, na instalação de energia solar.
Um dos fatores é a dinâmica competitiva local. Mercados menos saturados podem atrair integradores regionais que operam com custos fixos e margens mais enxutas que as grandes redes nacionais. O custo de mão de obra e serviços auxiliares também tende a ser mais baixo nesses estados do Norte e Nordeste.
Outro ponto crucial é a eficiência logística recentemente adquirida. Embora o transporte de equipamentos até o Acre e Rondônia (via BR-364 ou rios) seja complexo, a repetição de rotas e o aumento de volume têm otimizado a cadeia de suprimentos, reduzindo o custo final dos painéis e inversores.
ICMS e a Atração de Investimento
A estrutura tributária estadual, especialmente o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), sempre foi um divisor de águas na Geração Distribuída. Embora a Lei 14.300 tenha padronizado o acesso à rede, as políticas estaduais sobre o ICMS na compra de equipamentos fotovoltaicos continuam influenciando o preço final do investimento.
Alagoas, por exemplo, tem demonstrado agressividade em políticas de incentivo. Programas de isenção ou redução de impostos para a aquisição de energia solar tornam o custo inicial de instalação mais baixo para o consumidor e para o integrador, acelerando o retorno do capital.
O fato de Acre, Rondônia e Alagoas lideram ranking de preço indica que a combinação de incentivos fiscais e a estrutura de custo operacional local estão, no momento, superando a desvantagem logística que seria esperada.
Implicações para o Investimento em Geração Distribuída (GD)
A informação da Solfácil é ouro para os gestores de investimento. Um menor custo/Wp significa que o Payback Time (tempo de retorno do capital investido) diminui, elevando o Retorno sobre o Investimento (ROI).
Em estados onde a tarifa de energia é relativamente alta (como é o caso de Rondônia e Acre, devido à infraestrutura isolada ou de alto custo de Distribuição de Energia), o investimento em energia solar se torna ainda mais atraente. A economia na conta de luz é maximizada pelo baixo custo inicial.
Essa competitividade impulsiona o segmento de Geração Distribuída em áreas menos exploradas, diversificando o mercado e aliviando a pressão sobre as redes de Distribuição de Energia dos grandes centros. É um passo significativo na democratização do acesso à Energia Renovável.
O Desafio da Infraestrutura e a Segurança Jurídica
Apesar do entusiasmo com o baixo custo de instalação de energia solar, o Setor Elétrico precisa monitorar a capacidade das Distribuidoras de Energia locais em acompanhar essa demanda crescente.
Em estados como Acre e Rondônia, as concessionárias enfrentam desafios históricos na infraestrutura de transmissão e distribuição. A ANEEL deve garantir que a agilidade na instalação de sistemas de GD não seja frustrada pela lentidão na vistoria e na conexão à rede, mantendo a segurança jurídica para os investimentos.
O risco de curtailment ou de lentidão nas ligações com obras (problemas que têm gerado multas em outras regiões, como na Bahia) precisa ser evitado em Acre, Rondônia e Alagoas. O sucesso da Geração Distribuída depende da infraestrutura de suporte.
Transição Energética e o Novo Eixo de Crescimento
A pesquisa da Solfácil sublinha uma tendência que será central na próxima década: a Transição Energética não será concentrada. Ao ver Acre, Rondônia e Alagoas lideram ranking de preço, o Setor Elétrico entende que há um vasto potencial inexplorado em regiões que historicamente dependiam mais de fontes termelétricas ou da geração isolada.
O baixo custo/Wp é a prova de que a tecnologia fotovoltaica atingiu um patamar de maturidade que permite sua capilaridade em todo o território nacional. O investimento em energia solar nestes estados não é apenas financeiramente vantajoso; é estratégico para a segurança energética e a descarbonização do país.
A consolidação de Acre, Rondônia e Alagoas no topo do ranking da Solfácil atesta que as condições de mercado, combinadas com a alta irradiação solar (naturalmente presente no Brasil), criam um ambiente imbatível para o crescimento da Energia Renovável. O futuro da Geração Distribuída no Brasil está se tornando mais diversificado e mais acessível, de norte a nordeste.
Visão Geral
O estudo da Solfácil sinaliza uma mudança no panorama da instalação de energia solar, com Acre, Rondônia e Alagoas oferecendo o menor custo/Wp. Fatores como dinâmica competitiva local, incentivos fiscais no ICMS e otimização logística estão impulsionando a Geração Distribuída nestas regiões. Isso torna o investimento nesses estados altamente rentável, embora desafios de infraestrutura e segurança jurídica nas conexões com a rede precisem ser monitorados para garantir o sucesso da Transição Energética nacional.























