A reeleição de Mario William na ABNT consolida a normalização técnica como fator decisivo para a transição energética e o protagonismo do Brasil na agenda climática global.
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- Visão Geral da Reeleição e Foco Estratégico
- O Papel da Normalização no Avanço da Matriz Renovável
- Protagonismo do Brasil na Agenda Climática e a COP 30
- Desafios da Nova Gestão: Hidrogênio Verde e Eólica Offshore na Normalização
- A Conexão com o Setor Elétrico: Resiliência e Descentralização
- Sustentabilidade Além da Geração: A Ecoinovação e a ABNT
- O Compromisso Político-Institucional com a Transição Energética
Visão Geral da Reeleição e Foco Estratégico
A reeleição de Mario William Esper para a presidência da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) representa um marco estratégico para o setor elétrico nacional. Em um cenário global cada vez mais focado em descarbonização, a continuidade de sua gestão reforça o papel da normalização como espinha dorsal da transição energética brasileira. A engenharia e a padronização, pilares da ABNT, tornam-se instrumentos cruciais para pavimentar a liderança do Brasil rumo à COP 30, a ser realizada em Belém, em 2025.
A relevância deste mandato vai muito além da administração interna da entidade. Mario William tem sido um defensor incansável da interligação entre normas técnicas e políticas públicas de sustentabilidade. Sua visão é clara: sem padrões bem definidos para tecnologias emergentes, como hidrogênio verde, energia eólica offshore e armazenamento de energia (baterias), o avanço da energia limpa no país será lento e desorganizado. A ABNT, sob sua liderança, posiciona-se como um facilitador indispensável nesse processo.
O Papel da Normalização no Avanço da Matriz Renovável
O Brasil ostenta uma das matrizes elétricas mais limpas do mundo, com mais de 80% de sua geração proveniente de fontes renováveis. Contudo, a expansão acelerada de fontes intermitentes, como a solar fotovoltaica e a eólica, exige uma infraestrutura de normalização robusta. É aqui que a ABNT entra, garantindo a interoperabilidade, a segurança e a qualidade dos equipamentos e sistemas instalados, essenciais para a confiabilidade do sistema interligado nacional (SIN).
A reeleição de Mario William consolida a agenda de modernização da entidade. No novo ciclo, a prioridade é acelerar a tradução e a adaptação de normas internacionais, bem como a criação de padrões próprios que reflitam as especificidades geográficas e climáticas brasileiras. Esta é uma tarefa complexa, vital para que o crescimento do setor elétrico ocorra de forma segura e eficiente, atraindo investimentos de longo prazo.
Protagonismo do Brasil na Agenda Climática e a COP 30
A Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 30), a ser sediada no Brasil, projeta o país para o centro das discussões globais sobre clima e transição energética. O protagonismo do Brasil será avaliado não apenas por seus compromissos ambientais, mas pela capacidade de implementar soluções concretas. A normalização técnica é um desses pilares de implementação, transformando metas abstratas em realidades operacionais.
O presidente reeleito, Mario William Esper, enfatiza que a padronização é o elo entre a inovação tecnológica e a sua aplicação em escala industrial. A energia limpa, especialmente o potencial de hidrogênio verde do Nordeste e a bioenergia do agronegócio, dependem intrinsecamente de certificações e normas que atestem sua origem e sustentabilidade. A ABNT assume a responsabilidade de chancelar o “selo Brasil” de qualidade.
Desafios da Nova Gestão: Hidrogênio Verde e Eólica Offshore na Normalização
O maior desafio para a ABNT no novo mandato é acompanhar a velocidade das inovações. Projetos de grande escala, como a exploração de eólica offshore na costa brasileira, exigem normas de segurança, instalação e conexão à rede que ainda estão em desenvolvimento global. O Brasil precisa agir rapidamente para não se tornar dependente de padrões estrangeiros que podem não se adequar às condições marítimas e regulatórias locais.
Da mesma forma, o mercado de hidrogênio verde (H2V), onde o Brasil tem vantagem competitiva, necessita urgentemente de normas sobre produção, transporte (via dutos ou amônia) e armazenamento. A ausência de uma normalização clara inibe investimentos e a exportação. Mario William e sua equipe terão a missão de criar os Comitês Técnicos Nacionais que definirão os parâmetros para que o H2V brasileiro seja reconhecido internacionalmente.
A Conexão com o Setor Elétrico: Resiliência e Descentralização
Para os profissionais do setor elétrico, a gestão de Mario William Esper na ABNT significa maior resiliência e previsibilidade. Com a crescente descentralização da geração, impulsionada pela energia solar distribuída, as normas de conexão à rede, qualidade da energia e segurança das instalações residenciais e comerciais são fundamentais. A revisão e atualização da NBR 5410, por exemplo, é um tema constante e crucial para a segurança.
A transição energética também passa pela digitalização das redes (Smart Grids). A normalização de protocolos de comunicação, medição inteligente e cibersegurança é essencial para gerenciar a complexidade de milhões de geradores e consumidores ativos. A ABNT, sob a liderança reeleita, deve ser a ponte entre os desenvolvedores de tecnologia e a realidade operacional do sistema.
Sustentabilidade Além da Geração: A Ecoinovação e a ABNT
A sustentabilidade no contexto da ABNT não se limita à geração de energia limpa. Abrange também o ciclo de vida dos equipamentos. Normas de logística reversa e reciclagem de painéis solares e pás eólicas, por exemplo, são pautas urgentes. O volume de resíduos eletrônicos e industriais gerados pela expansão da matriz renovável impõe a criação de padrões de descarte ambientalmente responsáveis.
Este foco na ecoinovação, incentivado pela reeleição de Mario William, posiciona o Brasil não apenas como produtor de energia verde, mas como líder em economia circular no setor elétrico. Tal abordagem é vital para reforçar o protagonismo nacional perante a comunidade global, especialmente com o horizonte da COP 30.
O Compromisso Político-Institucional com a Transição Energética
A manutenção de Mario William no cargo assegura a continuidade de um diálogo institucional forte entre a ABNT, o governo, a indústria e a academia. Este é um pré-requisito para o sucesso da transição energética, que exige coordenação multissetorial. O Brasil não pode se dar ao luxo de ter um corpo de normas fragmentado ou obsoleto.
Em suma, a reeleição de Mario William Esper é mais do que um ato administrativo; é uma sinalização política e técnica. Reforça o compromisso do Brasil em utilizar a normalização como ferramenta estratégica para a transição energética. O caminho até a COP 30 em Belém passa inegavelmente pela capacidade de padronizar, certificar e garantir a qualidade da nossa energia limpa, consolidando o protagonismo de um país que tem a sustentabilidade em seu DNA. A ABNT é, agora, a bússola que orienta o setor elétrico nesta jornada de transformação.