A percepção positiva sobre mobilidade elétrica no Brasil cria um cenário estratégico para o futuro automotivo.
A percepção do consumidor brasileiro sobre o carro elétrico transformou-se, abrindo uma janela estratégica de oportunidade para montadoras e empresas de mobilidade que buscam se posicionar na economia verde. Uma pesquisa nacional realizada pela YouGov revelou que impressionantes 61% dos brasileiros acreditam que os veículos elétricos representam o futuro da indústria automotiva. No entanto, este desejo ainda não se traduziu em adoção maciça, já que apenas 3% da população possui um modelo elétrico.
Este dado evidencia que o mercado está em plena formação, com a intenção de compra superando a penetração atual. A maioria dos proprietários de veículos no país ainda opta por modelos flex a etanol (28%) ou movidos a diesel (10%), indicando uma transição gradual em direção a tecnologias mais limpas, mas ainda dependente de fatores econômicos imediatos.
Um fator crucial que ainda influencia fortemente as decisões de compra no Brasil é o custo operacional. Conforme o levantamento, 64% dos entrevistados afirmam que o consumo de combustível é o critério mais relevante ao adquirir um carro novo. Isso aponta claramente que a acessibilidade e a percepção clara de economia serão pilares determinantes para o avanço efetivo do segmento de veículos elétricos no mercado nacional. A tecnologia precisa demonstrar viabilidade econômica diária para conquistar a maioria dos consumidores, que estão ansiosos pelo futuro, mas presos à realidade do orçamento mensal.
David Eastman, diretor-geral da YouGov no Brasil, comenta sobre essa dualidade:
“O brasileiro já acredita na mobilidade elétrica, mas ainda precisa sentir que essa transformação cabe no bolso e no cotidiano”. Ele reforça que as marcas que conseguirem entender essa necessidade e comunicarem o valor de maneira inteligente sairão na frente. Eastman ainda observa um fator temporal de grande relevância: “Com a COP30 acontecendo no país, há um simbolismo adicional: é o momento ideal para que a indústria mostre que inovação e sustentabilidade podem andar lado a lado.” Este contexto político e ambiental incentiva a indústria a acelerar a oferta de soluções que unam propósito e praticidade.
O estudo sugere que a mudança cultural em relação à mobilidade elétrica já está em curso. A visão majoritariamente positiva sobre os carros elétricos, combinada com uma crescente consciência ambiental entre a população e o aumento gradual da oferta desses veículos no país, configura um ambiente propício para investimentos robustos. Tais investimentos devem focar em infraestrutura de recarga, implementação de incentivos fiscais e a criação de programas acessíveis como test drive ou assinatura. Essas ações são essenciais para reduzir a barreira percebida entre o desejo e a compra efetiva.
A conclusão de Eastman resume o desafio central para o setor:
“As empresas do setor automotivo que estiverem atentas a esse comportamento, o desafio é transformar convicção em consumo, e o otimismo em um novo mercado”. Transformar a crença generalizada no futuro sustentável em transações reais exige mais do que apenas tecnologia avançada; requer estratégias de mercado que enderecem diretamente as preocupações com o custo e a praticidade da recarga no dia a dia do consumidor brasileiro.
A ferramenta utilizada para a coleta desses dados, YouGov Profiles, é alimentada por pesquisas contínuas, garantindo que os resultados sejam baseados em uma amostra robusta de mais de 70 mil brasileiros. Os dados referentes ao Brasil são representativos nacionalmente e cuidadosamente ponderados por fatores como idade, gênero e região, o que assegura uma alta precisão e relevância para as análises do mercado. Essa metodologia robusta sustenta a visão sobre a aceitação da tecnologia elétrica, apesar das barreiras econômicas atuais.























