Conteúdo
- A Urgência do Roteiro para Combustíveis Fósseis
- A Estrutura Vital do Roteiro para o Setor Elétrico
- O Desafio da Transição Justa e Diferenciada no Mapa para o Fim dos Fósseis
- A Expansão Exponencial da Geração Limpa
- Finanças, Regulação e Ativos Encalhados
- O Papel do Brasil: De Mediador a Líder
- Visão Geral
A Urgência do Roteiro para Combustíveis Fósseis
A pressão internacional por uma transição energética concreta atingiu um novo patamar de urgência. O “Mutirão” de países, liderado pelo Brasil na recente COP, não está apenas apelando por metas vagas de redução; o coro é uníssono na exigência por um mapa para o fim dos fósseis. Para o setor elétrico, essa demanda diplomática é mais do que manchete: é um pré-requisito vital para a estabilidade regulatória e para o planejamento de investimento em geração limpa nas próximas décadas.
A proposta de um roteiro para os combustíveis fósseis, inicialmente sugerida pelo presidente brasileiro, rapidamente ganhou o apoio de mais de 60 nações. Esse movimento reflete uma insatisfação global com as promessas climáticas abstratas. O mercado de energia precisa de datas, volumes e marcos de controle claros para desengatilhar os trilhões de dólares necessários à descarbonização.
A Estrutura Vital do Roteiro para o Setor Elétrico
O que o setor elétrico global realmente busca nesse “mapa” não é apenas a eliminação da concorrência dos fósseis. O foco está na minimização do risco de ativos encalhados (stranded assets) e na garantia de que o capital investido em energias renováveis terá um horizonte de retorno previsível. Um cronograma globalmente acordado proporciona essa segurança energética e financeira.
A ausência de um mapa para o fim dos fósseis claro e vinculante mantém uma névoa regulatória sobre todos os grandes projetos. Quem investe hoje em geração limpa precisa saber o quão rápido o pipeline de gás natural, carvão e óleo será reduzido. Sem essa clareza, o custo de capital para a transição energética permanece artificialmente alto, freando a sustentabilidade.
O apelo do mutirão é um reconhecimento de que a diplomacia climática deve se transformar em política industrial e energia. A simples menção à eliminação gradual (ou phasedown) dos combustíveis fósseis é insuficiente. É preciso definir o como, o quando e o quem para que as empresas do setor elétrico possam alinhar seus balanços e projetos.
O Desafio da Transição Justa e Diferenciada no Mapa para o Fim dos Fósseis
O mapa para o fim dos fósseis não pode ser uma camisa de força única. Um dos pontos mais críticos da negociação, e de maior interesse para a economia da energia, é a diferenciação entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. A transição energética deve ser “justa”.
Isso significa que nações com alta dependência de fósseis e menor capacidade financeira de investimento, como muitos países africanos e asiáticos, precisam de mais tempo e, crucialmente, de apoio financeiro maciço. O setor elétrico global, incluindo o brasileiro, precisa entender essa dinâmica de Just Transition para estruturar a exportação de tecnologia e serviços.
No caso do Brasil, o roteiro para os combustíveis fósseis é complexo, pois o país é um grande produtor de petróleo e, ao mesmo tempo, um gigante em energia renovável. A coexistência desses dois pilares exige um planejamento energético nacional altamente sofisticado, capaz de acelerar a geração limpa sem colapsar as economias regionais dependentes do petróleo.
A Expansão Exponencial da Geração Limpa
O cerne de qualquer mapa para o fim dos fósseis é a geração limpa. Para cada megawatt (MW) de capacidade fóssil desativada, será preciso instalar uma capacidade renovável maior para garantir a segurança energética. A matriz de energia do futuro será massivamente eletrificada, e isso coloca o setor elétrico no centro da solução climática.
O roteiro para os combustíveis fósseis impulsionará um crescimento sem precedentes nas fontes eólica, solar e de biomassa. Mas o desafio não é apenas instalar mais energias renováveis; é integrá-las de forma confiável. Isso exige investimentos urgentes em sistemas de armazenamento, como baterias de grande escala, e na digitalização das redes.
Além disso, o hidrogênio verde (H2V) ganha destaque crucial nesse mapa. Ele será o principal vetor de descarbonização em setores difíceis de eletrificar, como transporte pesado e indústria. O Brasil, com sua abundância em energia renovável, está posicionado de forma estratégica para liderar a produção de H2V e suprir a demanda global criada pelo fim dos fósseis.
Finanças, Regulação e Ativos Encalhados
Para o mercado financeiro, um mapa para o fim dos fósseis é uma bússola. Bancos, fundos de investimento e seguradoras já estão limitando o crédito a projetos de energia a carvão e, crescentemente, a gás. O roteiro oficializa essa mudança, permitindo que o capital migre de forma mais agressiva para a geração limpa.
A regulação brasileira, em particular, precisará de ajustes rápidos. É fundamental reavaliar a política de contratação de geração térmica e os leilões de capacidade. Se o país apoia um mapa para o fim dos fósseis global, essa coerência precisa se refletir na matriz energética interna, priorizando a expansão da transmissão e o fortalecimento do sistema interligado.
O planejamento de longo prazo da EPE (Empresa de Pesquisa Energética) e do ONS (Operador Nacional do Sistema) deverá incorporar cenários de aceleração da retirada de termelétricas antigas. Isso não pode ser feito de forma abrupta para não comprometer a segurança energética, mas o roteiro exige uma estratégia de substituição clara.
O Papel do Brasil: De Mediador a Líder
O Brasil, ao propor o mapa para o fim dos fósseis, assumiu uma posição de mediador global, mas com responsabilidade própria. A força do país nas energias renováveis (hídrica, eólica, solar) lhe dá credibilidade para liderar o debate sobre descarbonização. No entanto, é imperativo que o país demonstre internamente o compromisso com a redução do consumo e produção de fósseis.
O setor elétrico nacional já opera com uma das matrizes mais limpas do mundo, mas há espaço para acelerar. O roteiro internacional deve ser espelhado por uma política nacional robusta que incentive a inovação em smart grids, sistemas de armazenamento e a integração de novas tecnologias.
A sustentabilidade da nossa energia depende de ações, não apenas de apelos. O mutirão diplomático na COP sinalizou a meta. Agora, cabe aos engenheiros, economistas e reguladores do setor elétrico traduzir esse desejo global em um plano de ação detalhado, megawatts e quilômetros de linhas de transmissão. O mapa para o fim dos fósseis é o contrato de trabalho do setor elétrico para o século XXI.
Visão Geral
A consolidação de um mapa para o fim dos fósseis pela COP representa um divisor de águas para a transição energética global. Para o setor elétrico, isso significa a criação de um ambiente regulatório estável, essencial para destravar investimentos maciços em geração limpa, como solar, eólica e H2V. O desafio reside na implementação de um roteiro para os combustíveis fósseis que seja diferenciado e justo, garantindo a segurança energética enquanto se avança na descarbonização da economia mundial.























