A Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen) defende a inclusão de térmicas a biomassa.
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LRCAP 2026A Voz da CogenO Potencial EscondidoDesafios e o Caminho para a Inclusão no LRCAP 2026O Olhar EstratégicoVisão Geral
O Brasil, com sua vasta extensão territorial e sua rica matriz energética, encontra-se em uma encruzilhada crucial na jornada da transição energética. Enquanto o mundo debate intensamente o futuro da energia limpa e a redução das emissões de carbono, o país se prepara para o Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP) de 2026, um certame que definirá parte do nosso horizonte elétrico. É nesse palco que a Associação da Indústria de Cogeneração de Energia (Cogen) entra em cena, defendendo com veemência a inclusão de térmicas a biomassa como uma alternativa firme e sustentável para fortalecer o sistema. Para nós, profissionais do setor elétrico, essa discussão não é apenas técnica; é um convite a repensar a estratégia, a segurança energética e o papel do Brasil na vanguarda da sustentabilidade global.
A proposta da Cogen não é apenas um pleito setorial; é um argumento estratégico. Em um contexto onde a intermitência das fontes solar e eólica exige complementos robustos, a biomassa se apresenta como uma solução de potência despachável, capaz de fornecer energia elétrica quando e onde for necessária, mitigando os riscos de desequilíbrio e garantindo a resiliência do sistema. Este é o momento de iluminar as qualidades intrínsecas da bioenergia e assegurar que ela tenha o reconhecimento e o espaço que merece no planejamento energético nacional.
LRCAP 2026: O Goleiro da Segurança Energética Nacional
Para entender a importância da defesa da Cogen, é fundamental compreender o papel do LRCAP 2026. O Leilão de Reserva de Capacidade é uma ferramenta vital do setor elétrico brasileiro, projetado para contratar potência firme, ou seja, uma capacidade de geração que pode ser acionada a qualquer momento para garantir a segurança energética do país. Em outras palavras, ele funciona como um “goleiro” do sistema, assegurando que tenhamos sempre uma reserva estratégica para momentos de maior demanda ou de menor geração por outras fontes.
Em um país com uma matriz predominantemente hidrelétrica, a necessidade de potência firme se torna ainda mais evidente em períodos de escassez hídrica. A crescente participação de fontes renováveis intermitentes, como a energia solar e a eólica, embora essencial para a sustentabilidade, adiciona uma camada de complexidade, exigindo fontes de base ou despacháveis que possam compensar as variações naturais dessas gerações. É nesse vácuo que a biomassa se posiciona como um jogador valioso.
A Voz da Cogen: Por Que a Biomassa é Firme e Sustentável?
A Cogen defende a inclusão de térmicas a biomassa no LRCAP 2026 com argumentos sólidos que combinam aspectos técnicos, ambientais e econômicos. O presidente executivo da entidade ressalta que as térmicas a biomassa são, por natureza, despacháveis. Isso significa que, ao contrário do sol e do vento, que dependem das condições climáticas, as usinas de biomassa podem ser ligadas e desligadas conforme a necessidade do sistema, fornecendo potência firme com previsibilidade. Essa característica é crucial para a segurança energética, pois confere flexibilidade e resiliência à rede.
Além da firmeza, a sustentabilidade é o grande trunfo da biomassa. Utilizando resíduos orgânicos, como bagaço de cana-de-açúcar, resíduos florestais, casca de arroz e outros subprodutos agrícolas, a geração a biomassa é considerada neutra em carbono no ciclo de vida, pois o CO2 emitido na queima é o mesmo que foi absorvido pela planta em seu crescimento. Em um ano em que a COP-30 será sediada em Belém, dar um sinal claro de valorização da bioenergia no planejamento elétrico brasileiro seria um endosso poderoso aos compromissos de sustentabilidade do país no cenário internacional.
O Potencial Escondido: Vantagens Além da Tomada
A inclusão das térmicas a biomassa no LRCAP 2026 traria uma série de benefícios que vão além da simples geração de energia. Para o setor elétrico, a biomassa representa uma diversificação inteligente da matriz, diminuindo a dependência de uma única fonte e aumentando a segurança energética. Em regiões com forte presença da agroindústria, a geração a biomassa pode ser localizada, reduzindo perdas na transmissão e distribuição e fortalecendo as redes locais.
Do ponto de vista socioeconômico, o fomento à biomassa agrega valor a resíduos que, de outra forma, seriam descartados ou queimados de forma ineficiente. Isso gera empregos no campo e na indústria, impulsiona a economia regional e estimula a pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias. A interligação entre o setor sucroenergético, por exemplo, e a geração de energia é um modelo de economia circular que o Brasil domina e que merece ser plenamente explorado.
Desafios e o Caminho para a Inclusão no LRCAP 2026
Apesar de suas inegáveis qualidades, a biomassa tem enfrentado desafios para consolidar seu espaço nos leilões de energia. Historicamente, fatores econômicos externos e dificuldades de financiamento têm sido apontados como obstáculos para a expansão dessa fonte. A Cogen argumenta que o modelo de leilão precisa ser ajustado para reconhecer e remunerar adequadamente os atributos de firmeza e sustentabilidade da biomassa, permitindo que ela compita em igualdade de condições com outras fontes.
As consultas públicas do Ministério de Minas e Energia (MME) para o LRCAP 2026 são o momento crucial para que esses argumentos sejam ouvidos e incorporados. O setor de bioenergia busca uma sinalização clara do governo de que a biomassa é vista como parte integrante da solução para os desafios energéticos do país, e não apenas como uma alternativa marginal. A valorização de fontes limpas e despacháveis é um imperativo para a segurança energética e para a construção de um futuro mais sustentável.
O Olhar Estratégico: Firmesa e Transição Energética
A inclusão de térmicas a biomassa no LRCAP 2026 não é apenas sobre a biomassa em si; é sobre a construção de uma transição energética inteligente. O Brasil possui um vasto potencial em recursos renováveis, mas a orquestração dessas fontes exige um planejamento que valorize seus diferentes atributos. A biomassa, com sua capacidade de fornecer potência firme, atua como uma ponte essencial entre a intermitência de outras renováveis e a necessidade de estabilidade da rede.
Ao reconhecer a biomassa como uma alternativa firme e sustentável, o Brasil envia uma mensagem poderosa ao mercado e à comunidade internacional. É um sinal de que o país está comprometido em diversificar sua matriz, reduzir a dependência de combustíveis fósseis e usar sua vasta riqueza natural de forma inteligente e responsável. A oportunidade de utilizar “máquinas de ciclo Otto para queima direta de etanol”, como mencionado por especialistas, demonstra o potencial de inovação e otimização dentro do próprio segmento da biomassa.
Visão Geral
A Cogen defende a inclusão de térmicas a biomassa no LRCAP 2026 com uma visão que une pragmatismo e idealismo. Em um cenário onde a segurança energética e a sustentabilidade são as duas faces da mesma moeda, a biomassa emerge como uma solução robusta, renovável e despachável. É um convite para que o Brasil capitalize seu potencial único em bioenergia, transformando resíduos em riqueza e potência firme.
Para nós, profissionais do setor elétrico, o desafio é garantir que as políticas energéticas reflitam essa visão. Que o LRCAP 2026 seja mais do que um leilão de capacidade; que seja um marco na valorização de todas as fontes que contribuem para uma matriz verdadeiramente firme, sustentável e resiliente. O Brasil tem a chance de liderar pelo exemplo, mostrando ao mundo que a energia limpa pode, e deve, ser a base para um futuro seguro e próspero. A hora de acender o gigante verde da energia é agora.
