O certame, que inicialmente contava com três lotes, teve a exclusão do Lote II após decisão da Comissão Permanente de Leilões da ANEEL, a pedido do MME.
São Paulo, Setembro de 2025 – O Ministério de Minas e Energia (MME) e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) realizam, no dia 26 de setembro, o Leilão dos Sistemas Isolados 2025, destinado ao suprimento de energia para localidades no Amazonas e no Pará.
Com a retirada deste lote, o certame passa a contemplar 212 projetos cadastrados, somando 18,7 MW em potência requerida, distribuídos em dois lotes. Especialistas avaliam que a contratação de renováveis ficará próxima ao limite mínimo de 22% estabelecido nas diretrizes do edital. Esse percentual mínimo terá de ser comprovado por cada projeto vencedor e será aferido anualmente, com previsão de penalidades em caso de descumprimento.
O diesel continua a ser predominante nos sistemas isolados, principalmente nas localidades mais remotas da Amazônia (quase 70% hoje). Projetos a diesel são permitidos, mas precisam operar com mistura de biodiesel superior a 15%, enquanto usinas a biocombustíveis (biodiesel ou etanol) devem registrar o combustível renovável como principal. O governo, porém, busca reduzir essa dependência de combustíveis fósseis por meio dos incentivos obrigatórios de 22% de renováveis, percentual que especialistas consideram ainda insuficiente diante dos compromissos climáticos assumidos.
“Ainda que o governo tenha estabelecido diretrizes para incentivar o uso de renováveis, as regras de precificação acabam favorecendo combustíveis fósseis, como o diesel, que são altamente emissores de gases de efeito estufa e poluentes locais”, diz Rodrigo Dias, Diretor de Gás e Energia da GDE Energia, do Grupo Equador, tradicional player nos sistemas isolados.
“A mesma lógica também se aplica ao biodiesel e ao etanol. Embora emitam menos do que o diesel, os dois combustíveis líquidos ainda são tratados pelo mesmo critério de precificação — contrariando a promessa de descarbonização na Amazônia às vésperas da realização da COP-30, quando o correto seria incentivar soluções como a solar com baterias que além de mais limpas são mais baratas para o consumidor quando aplicadas nos sistemas isolados”
Rodrigo Dias explica que essa distorção ocorre porque um elemento da fórmula de preço do leilão leva em conta apenas o gasto de combustível das usinas a diesel, sem reconhecer a contribuição da energia solar nos projetos híbridos. Isso acaba distorcendo a competição: mantém os combustíveis líquidos como a opção mais barata no papel, mesmo sendo a mais poluente, e reduz as chances de avanço da energia solar no certame.
Em estudos recentes voltados para a Amazônia Legal, consultorias projetam que sistemas solares com baterias podem reduzir em cerca de 20% os custos de geração em comparação a geradores a diesel, especialmente em localidades remotas afetadas por logística custosa, transporte difícil do combustível e riscos ambientais, como vazamentos e contaminação em rios e florestas.
Estrutura dos lotes
- Lote 1 (Amazonas, 5 localidades): 8,8 MW
- Lote 3 (Pará, 1 localidade): G,G MW
No total, foram cadastradas 19 soluções de suprimento no Lote 1 e 32 no Lote 3.