A Engie destaca o impacto da geração distribuída e do curtailment sobre a geração centralizada tradicional no Brasil.
Conteúdo
- O crescimento exponencial da geração distribuída no Brasil
- O fenômeno do curtailment: o que é e por que preocupa
- A ameaça direta à geração centralizada
- A necessidade de reestruturação do modelo de negócio
- O papel crucial da regulamentação e da infraestrutura
- A convergência de tecnologias e o futuro da energia
- Conclusão: um chamado à transformação, não ao fim
O crescimento exponencial da geração distribuída no Brasil
O crescimento da geração distribuída no Brasil tem sido exponencial. Impulsionada principalmente pela energia solar fotovoltaica em telhados e pequenos terrenos, a GD permite que consumidores produzam sua própria energia, reduzindo custos e contribuindo para a sustentabilidade. Esse modelo descentralizado alivia a pressão sobre a infraestrutura de transmissão e distribuição, mas também diminui a demanda pelos grandes volumes de energia fornecidos pela geração centralizada, como hidrelétricas e térmicas, alterando profundamente a dinâmica do mercado.
O fenômeno do curtailment: o que é e por que preocupa
O curtailment refere-se à redução deliberada da produção de energia de usinas, muitas vezes renováveis, para evitar sobrecarga na rede ou quando a oferta excede a demanda. Em dias de forte irradiação solar e ventos intensos, a grande quantidade de energia injetada, somada à geração distribuída, pode gerar um excesso que a rede não consegue absorver ou despachar. Esse cenário força a interrupção da geração centralizada ou distribuída, resultando em perdas financeiras significativas para os geradores.
A ameaça direta à geração centralizada
Se as grandes usinas são obrigadas a reduzir sua produção frequentemente devido ao curtailment e à menor demanda resultante da GD, sua receita e rentabilidade são severamente comprometidas. Isso torna a recuperação de investimentos em projetos bilionários extremamente difícil e desincentiva novos empreendimentos de grande porte, essenciais para a segurança e estabilidade do sistema em momentos de menor geração renovável ou pico de demanda.
A necessidade de reestruturação do modelo de negócio da geração centralizada
Diante desse cenário, empresas de geração centralizada precisam migrar de um modelo focado apenas na produção e venda de grandes blocos de energia para um mais flexível e diversificado. Investimentos em sistemas de armazenamento de energia (baterias), soluções de resposta rápida e serviços de rede para estabilizar o sistema tornam-se essenciais. A própria Engie tem diversificado seus investimentos, apostando em hidrogênio verde, biocombustíveis e infraestrutura flexível.
O papel crucial da regulamentação e da infraestrutura energética
Órgãos reguladores, como a ANEEL, devem criar mecanismos que remunerem não apenas a energia produzida, mas também a flexibilidade e a capacidade de provisão de serviços ancilares, essenciais para a estabilidade da rede. Além disso, investimentos em smart grids e digitalização da infraestrutura são necessários para gerenciar o fluxo bidirecional de energia e integrar eficientemente a geração distribuída e a geração centralizada.
A convergência de tecnologias e o futuro da energia
A integração da geração distribuída, armazenamento de energia, veículos elétricos e gestão inteligente da demanda desenha um futuro energético mais complexo e descentralizado. A colaboração entre grandes geradores, distribuidores, consumidores-geradores e provedores de tecnologia será vital para garantir a segurança, confiabilidade e resiliência do sistema elétrico.
Conclusão: um chamado à transformação, não ao fim da geração centralizada
O alerta da Engie é um convite urgente à transformação do setor elétrico. A geração centralizada continuará essencial para garantir o suprimento de base e a segurança do sistema, mas precisará se reinventar e coexistir com a geração distribuída em um ecossistema mais dinâmico e flexível. O grande desafio é transformar as ameaças do curtailment e da expansão da GD em oportunidades para um futuro energético inteligente, eficiente e sustentável.