27% dos data centers podem sofrer danos climáticos até 2050

Demanda de energia para data centers no Brasil atinge 13,2 GW em solicitações
Demanda de energia para data centers no Brasil atinge 13,2 GW em solicitações - Foto: Reprodução / Freepik
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Análise inédita de quase 9 mil centros revela ameaça crescente à infraestrutura digital; Brasil e América Latina têm hubs entre os mais expostos, com expansão do setor prevista até 2029

Centros de dados — a infraestrutura crítica que sustenta sistemas bancários, armazenamento em nuvem, serviços de emergência, comunicações e logística — em operação ou em construção em diferentes partes do mundo, incluindo Brasil e América Latina, estão expostos a riscos físicos crescentes associados a eventos climáticos extremos, segundo o Relatório Global XDI 2025 sobre Risco Climático Físico e Adaptação em Centros de Dados, divulgado nesta quarta-feira pela Cross Dependency Initiative (XDI), especializada em análise de risco climático.

O “Relatório global XDI 2025 sobre risco climático físico e adaptação em centros de dados” oferece o panorama mais abrangente já produzido sobre como eventos climáticos extremos ameaçam a espinha dorsal da economia digital. O estudo analisou quase 9 mil centros de dados em operação ou planejados, classificando os principais polos globais de acordo com o nível de exposição a oito tipos de riscos, entre eles inundações, ciclones tropicais, incêndios florestais e alagamentos costeiros. A projeção vai até 2050, com diferentes cenários climáticos.

Na América Latina, o mercado de centros de dados deve passar de US$ 5–6 bilhões em 2023 para US$ 8–10 bilhões até 2029. Brasil, México e Chile concentram a maior parte do setor na região, enquanto Colômbia, Peru, Costa Rica e Panamá aparecem como mercados em expansão. As empresas mais presentes incluem Scala, Equinix, Cirion, Ascenty, Kio e Odata.

A XDI inclui no ranking global dois hubs latino-americanos:

  • Santiago, no Chile, na 15ª posição, com 49 centros de dados analisados. Do total, 16,33% estão projetados para estar em alto risco até 2050, principalmente por inundações fluviais.
  • São Paulo, no Brasil, na 23ª posição, com 73 centros de dados analisados. Segundo o relatório, 10,96% dos centros na capital paulista têm projeção de alto risco até 2050, também por inundações fluviais.

Buenos Aires, que não aparece no ranking global da XDI, tem 19% de seus centros de dados classificados como de alto risco. Rio de Janeiro, Querétaro (México) e Bogotá (Colômbia) reúnem entre 15 e 20 centros de dados cada, dos quais cerca de 15% estão projetados para estar em alto risco até 2050.

“Centros de dados são o motor silencioso da economia global. Mas à medida que eventos climáticos extremos se tornam mais frequentes e severos, as estruturas físicas que sustentam o nosso mundo digital estão cada vez mais vulneráveis,” afirma o Dr. Karl Mallon, fundador da XDI.

Segundo o relatório, a maioria dos centros de dados na América Latina está concentrada em grandes cidades, mas há tendência de interiorização dos investimentos. No México, por exemplo, a cidade de Querétaro concentra a maior parte dos projetos, em vez da Cidade do México. A expectativa é de surgimento de novos polos em regiões remotas, o que deve ampliar a demanda por infraestrutura de água e energia.

O relatório da XDI indica que polos de centros de dados em New Jersey, Hamburgo, Xangai, Tóquio, Hong Kong, Moscou, Bangkok e Hovestaden estão entre os 20 com maior risco climático até 2050, com projeção de que entre 20% e 64% dos centros nessas localidades estarão sob alto risco de danos físicos associados a riscos climáticos. A região Ásia-Pacífico é destacada como a de crescimento mais acelerado em centros de dados, mas também uma das mais expostas: mais de 1 em cada 10 centros já está em alto risco em 2025, passando para mais de 1 em cada 8 até 2050.

Impactos na economia, adaptação e descarbonização

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Os custos de seguro para centros de dados podem triplicar ou quadruplicar globalmente até 2050, caso não haja medidas de mitigação e adaptação, segundo o levantamento. A XDI calcula que investimentos direcionados em resiliência poderiam economizar bilhões de dólares em danos todos os anos.

“Sem investimentos ambiciosos e contínuos na redução de emissões para limitar a gravidade da mudança climática, nenhum nível de reforço estrutural protegerá plenamente esses ativos críticos”, afirma o texto.

A organização afirma que o risco climático varia muito de acordo com a localização, mesmo dentro de um mesmo país, o que exige análises detalhadas para orientar decisões de investimento em novos centros de dados ou na adaptação de instalações existentes.

Pela primeira vez, o relatório quantifica como adaptações estruturais específicas — mudanças no projeto e na construção física dos centros de dados — podem reduzir riscos e conter custos de seguro. A XDI reforça, no entanto, que a adaptação física precisa estar acompanhada de esforços de descarbonização para limitar o agravamento das mudanças climáticas e proteger a economia digital no longo prazo.

A adaptação é essencial, mas mesmo o centro de dados mais resiliente só será tão seguro quanto a infraestrutura da qual depende — estradas, abastecimento de água e redes de comunicação — que também estão vulneráveis a riscos climáticos.

“Quando tanta coisa depende dessa infraestrutura crítica — e com o setor crescendo exponencialmente — operadores, investidores e governos não podem se dar ao luxo de agir às cegas. Nossa análise ajuda a enxergar o panorama global, identificar onde os investimentos em resiliência são mais necessários e traçar caminhos para reduzir riscos,” disse Mallon.

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